Olhar Digital: Inovação é a pauta principal na abertura do SAP Forum:
Presidente da Alpargatas e da SAP abordam as formas de criar o futuro
13 de Março de 2012
Começou nesta terça-feira (13/03) a 16ª edição do SAPForum, um dos maiores encontros de negócios e tecnologia da informação da América Latina. Entre os dias 13 e 15 de março, os 45 parceiros da companhia de aplicações de software empresarial estarão reunidos no WTC Hotel, em São Paulo, para debates sobre tendências e inovações relacionadas à gestão corporativa.
Durante a palestra de abertura do forum, Luís César Vérdi, presidente da SAPBrasil, realizou um painel de discussão com clientes da companhia. No palco principal do evento, os executivos discutiram questões sobre inovação e o futuro das empresas brasileiras, além de contarem com insights do professor titular da Insper e colunista do Valor Econômico, Dr. Naércio Menezes Filho.
Segundo o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, o Brasil está prosperando, porém, o país ainda precisa desenvolver muita infraestrutura. Para ele, a inovação das companhias é a chave do sucesso, mas as empresas precisam parar de achar que um desempenho bom é o suficiente, pois a falta de inovação é uma fonte de ineficiência. "A inércia e a incapacidade de caminhar com as próprias pernas talvez seja um dos grandes entraves locais", comenta.
Saindo da zona de conforto
O executivo lembrou que a origem da palavra desenvolvimento, em quase qualquer idioma, significa sair do envolvimento, ou seja, des-envolver. Portanto, o grande desafio das companhias é olhar de fora, observando o que se passa lá dentro quando você não está envolvido. Dessa forma, é possível criar condições para que a empresa progrida e evolua acima da média do mercado. "Se o mercado crescer, nosso desafio é crescer mais que o mercado. Quem está na média pode não estar em um bom lugar, pois pode ter muita gente acima de você", ressalta Utsch.
Para ele, a inquietação é que faz com que a cabeça funcione. A mente aberta, segundo o executivo, traz não só as inovações, mas um filtro para aquilo que é indesejado. "Às vezes as inovações podem ser ruins e às vezes boas, cabe a todos saber identificar quais criações vão ser positivas e valer a pena. Muitas vezes acabamos perdendo o filtro e colocando tudo o que é novo pra dentro, mas não necessariamente tudo o que é novo é bom. Então, este filtro tem que estar ligado para que a gente tenha atenção a esses movimentos de mercado e não torne a empresa um empecilho a ela mesma", afirma.
Além disso, Utsch diz que é preciso uma equipe brilhante para que a companhia consiga fazer seu próprio futuro. De acordo com o executivo, se a companhia tem pessoas que pensam de maniera mediocre, existem muitas chances da companhia ser medíocre. "Na nossa empresa temos essa cultura de que ninguém pode ser mais ou menos. Todos têm que pensar no que pode acontecer", diz.
As dificuldades no Brasil
Complemetando a discussão, o professor Naércio Menezes Filho exibiu alguns números que ressaltam a importância da inovação no país. De acordo com ele, existem diversos empecilhos como a educação, burocracia e os problemas com as leis de incentivo à inovação. Os dados mostram que os profissionais brasileiros não são tão produtivos quanto os executivos de outros países e a consequência disso é a falta de inovação. O número de patentes e pesquisas no Brasil também é inferior aos de outros países, o que demonstra claramente a pouca inovação dentro das companhias brasileiras.
"As firmas brasileras estão muito atrás das coreanas e norte-americanas. E como é possível ver, a inovação é fundamental para que a produtividade cresça no país. Só ao inovar o produto ou serviço é que temos crescimento na produtividade e, consequentemente, na economia. Com isso, gera-se um crescimento econômico sustentável que independe das políticas cambiais, taxas de juros. Nós só vamos conseguir ganhar mercados em relação à China, Coreia e outros países se tivermos crescimento sustentável", comenta.
O professor lembra que a qualidade da educação é precária e isto está muito relacionado à inovação. Uma pesquisa mostrou que o desempenho de alunos de 15 anos em provas de matemática está intimamente ligada à inovação. Enquanto países como Canadá tiveram boas notas e estão no topo do ranking dos locais mais inovadores, o Brasil apareceu em um dos últimos lugares da lista tanto no quesito nota, quanto na inovação. Outro estudo mostrou, por meio de um gráfico, que as companhias brasileiras se mantêm enraizadas em políticas de gerenciamento ultrapassadas e, portanto, têm dificuldades de assumir uma postura mais inovadora.
O presidente da Alpargatas ressalta, no entanto, que o Brasil é um país muito novo em relação aos citados e o nível de corrupção também colabora para a falta de inovação, já que é um entrave no desenvolvimento, seja no âmbito cultural ou econômico. Porém, ele concorda que a educação pode ser o caminho para práticas mais inovadoras. O executivo contou que a Alpargatas já tentou diversas vezes se aproximar de universidades e faculdades para promover trabalhos conjuntos, mas teve dificuldades. "É péssimo saber que lá se concentra uma fonte enorme de conhecimento, mas não temos acesso. Acho que os dois [universidades e empresas] se necessitam, mas o Brasil ainda não tem essa cultura e apresenta dificuldades" conclui.
Por fim, Luís César Verdi falou sobre os centros de inovações da SAP, espalhados pelo mundo todo, e lembrou que o centro brasileiro está localizado dentro de uma universidade, onde os estudantes têm a possibilidade de sair da vida acadêmica direto para a empresarial.
Para colaborar, que tal deixar nos comentários abaixo quais as práticas de inovação de sua companhia e as maiores dificuldades enfrentadas no Brasil? Opine!
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