terça-feira, 23 de outubro de 2012

Folha: Sites pornô "parasitas" roubam imagens e vídeos postados por jovens


Adolescentes e jovens vêm postando milhares de imagens sexualmente explícitas de si mesmos e de seus parceiros on-line, e essas imagens terminam roubadas por sites pornográficos, de acordo com uma importante organização de segurança na Internet.

Um estudo da IWF (Internet Watch Foundation) revela que 88% das imagens ou vídeos sexuais ou sugestivos que os jovens postam na Internet, muitas vezes em sites de redes sociais, são copiados de sua localização original e subidos para outros sites.

Adolescentes e jovens postam grande número de imagens e vídeos sexualmente explícitos, o estudo constatou. Em 47 horas de acompanhamento, ao longo de um período de quatro semanas, 12.224 imagens e vídeos foram analisados e catalogados. A maioria deles se tornou alvo de exploração por "sites parasitas" criados com o propósito de exibir imagens e vídeos explícitos de jovens.

Uma das principais preocupações é o "sexting":
envio de imagens pornográficas por SMS ou por e-mail 

As imagens e vídeos originais foram postados por jovens em sites de uso comum, mas roubados por sites pornô para veiculação. Dos 12.224 imagens e vídeos monitorados em 68 sites diferentes, 10.776 foram identificados posteriormente também em sites parasitas.

Organizações alertam os adolescentes e jovens quanto aos perigos do "sexting" --mensagens de texto ou e-mails contendo imagens sexuais-- e de permitir que amigos os fotografem ou filmem em situações sugestivas. Os jovens precisam estar cientes de que, assim que disponível on-line, uma imagem não se encontra mais sob seu controle, diz Susan Hargreaves, presidente da IWF, organização criada em 1996 pelo setor de internet.

"Essa pesquisa oferece uma indicação incômoda do número de imagens e vídeos disponível na internet que mostram jovens em atos ou poses sexualmente explícitos", disse. "Também destaca o problema de controlar essas imagens. Assim que elas tiverem sido copiadas para um site parasita, já não bastará que a pessoa remova a imagem de sua conta original."

"Precisamos que os jovens compreendam que assim que uma imagem ou vídeo estiver on-line, pode ser que se torne impossível removê-la de todo."

A organização oferece exemplos de menores de idade cujas vidas foram devastadas porque imagens ou vídeos sexualmente explícitos estavam disponíveis na internet. Uma jovem conta que tirou uma foto explícita de si mesma aos 15 anos. Ainda que não a tenha postado na Internet, agora ela está disponível em muitos sites.

"Isso poderia colocar em risco minha futura carreira, ou causar problemas caso minha família ou amigos a vejam", ela diz.

Outra jovem encontrou fotos explícitas dela mesma on-line depois que seu celular foi roubado, e admitiu ter pensado em suicídio depois que as fotos escaparam ao seu controle. "Vim a me arrepender de fotografar imagens explícitas de mim mesma, e tentei esquecer a respeito, mas desconhecidos me reconheceram por conta das fotografias, e faziam comentários obscenos na escola", conta. "Suportei tanto assédio por causa dessa e outras fotos... Fui internada por depressão severa e fui tratada por uma tentativa de suicídio."

A organização foi contatada por jovens que procuravam ajuda para remover fotos explícitas da Internet. Um deles escreveu: "Por favor removam essa imagem da Internet o mais rápido possível. Alguém da minha família já a viu... Tenho vontade de morrer por causa da vergonha e embaraço. A foto foi postada sem meu consentimento".

Do conteúdo sexual monitorado pela IWF, 7.147 peças eram fotos e 5.077 eram vídeos. O UK Safer Internet Centre, grupo que trabalha pelo uso responsável da Internet, utilizará a pesquisa para orientar novas campanhas dirigidas aos menores.

Mas a organização alertou que se não puder oferecer prova irrebatível de que o jovem da imagem tem menos de 18 anos, não tem poder para retirá-la da Internet. Sarah Smith, pesquisadora técnica da IWF, disse que o volume de material explícito encontrado não é surpreendente, mas acrescentou que a quantidade de sites parasitas que exploram as imagens causa espanto.

"Os jovens precisam compreender que assim que postam uma imagem digital, assim que ela sobe, se torna propriedade pública e removê-la se torna impossível", disse. "A mensagem clara é a de que se você postar esse conteúdo, perderá o controle sobre ele."

Will Gardner, diretor do UK Safer Internet Centre na Childnet, disse que cabe aos adultos garantir que adolescentes e jovens estejam cientes dos perigos de postar imagens e vídeos sugestivos e explícitos que os mostrem.

"No nosso trabalho, vemos que a conversação com e a educação dos jovens são vitais para ajudá-los a manter a segurança online", diz. A organização desenvolveu um programa que envolve cenas dramatizadas para tratar da questão do "sexting", e apoia professores que iniciem diálogos com os alunos quanto a isso "para ajudar os jovens a pensar, interpretar e compreender as consequências de criar e disseminar imagens indecentes", acrescentou.

David Wright, diretor do UK Safer Internet Centre na South West Grid for Learning, disse que não era incomum que menores praticassem o sexting apesar dos conselhos dos adultos. "A parte principal do conselho aos jovens é que não façam sexting, e ponto", disse.

"Mas essa pesquisa, e nossa experiência, demonstram que a experiência continua a ser comum. Esperamos que nossos novos recursos ajudem e apoiem aqueles que compartilharam conteúdo produzido por eles mesmos a tomarem atitudes positivas", disse.

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