YURI GONZAGA
Os abaixo-assinados e petições que são feitos no mundo virtual devem direcionar-se a problemas de solução "palpável", diz o coordenador da operação brasileira do site Change.org, um dos maiores do gênero de petições on-line, Lucas Pretti.
"Há muitos abaixo-assinados que não dão em nada. A gente precisa focar menos no macro, no mundial, e mais em coisas que de fato podem ser mudadas pela gente", disse Pretti nesta terça (29) durante o primeiro dia de palestras da Campus Party de 2013, evento de tecnologia que ocorre até o domingo (3).
Yuri Gonzaga/Folhapress
Lucas Pretti (Change.org) fala durante palestra
sobre engajamento social
"Se pedirmos, por exemplo, asfalto em todas as ruas de uma cidade, pode ser mais difícil do que pedir para a prefeitura pavimentar duas delas. Essa conquista, então, poderia levar ao resto."
Pretti citou o caso de uma petição hospedada no Change.org que solicitava a mudança do verbete "casamento" no site Dictionary.com de "união entre um homem e uma mulher" para "união entre duas pessoas". "Acho que essa vitória simbólica e menos ambiciosa pode pressionar mais os políticos do que, por exemplo, uma petição direcionada a eles próprios."
O ativista diz que nem todas as petições que são hospedadas no site são moderadas, mas que a equipe seleciona as mais interessantes para dar destaque. "Queremos ser o YouTube das petições virtuais."
Questionado sobre o chamado "ativismo de sofá", expressão usada para criticar a movimentação por causas de apelo social usando a internet, disse que isso não enfraquece o ativismo "real". "Não é uma lógica verdadeira. É a mesma coisa que dizer que o cinema é ameaçado por downloads. Quanto mais filmes são baixados, mais pessoas vão ao cinema", diz.
Sobre o tema, a coordenadora de marketing do Greenpeace no Brasil, Amanda Fazano, afirmou que o trabalho on-line da ONG em que trabalha é tão importante quanto o off-line. "Recebemos todos os meses uma infinidade de mensagens de pessoas que pedem para se tornar ativistas de rua do Greenpeace, e isso vem aumentando."
Um ponto positivo do "ativismo de sofá", para Fazano, é que "todos podem fazer sua parte."
Os dois palestrantes dividiram a mesa com Isadora Faber, 13, criadora da página "Diário de classe", que teve grande repercussão no Facebook pelas postagens pelas postagens em que a garota catarinense denunciava as más condições de escola em que estuda, da rede pública.
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