Assinar um serviço de streaming é como alugar as músicas em vez de comprá-las.
"Hoje não se paga pela música, e sim pela conveniência, pela comodidade de estar em qualquer lugar e poder desfrutar daquilo que você quer, na hora em que você quer", afirma Paula Martini, pesquisadora em tecnologia e cultura e sócia-diretora da agência Martinica Digital.
A contrapartida dessa conveniência, como num contrato de aluguel, é o risco de que o proprietário das músicas decida tomá-las de volta --ou seja, seus álbuns preferidos podem desaparecer de um dia para o outro.
No Rdio, por exemplo, quase todos os discos de Chico Buarque da década de 1970, como "Calabar" (1973) e "Meus Caros Amigos" (1976), foram removidos --restaram seus cinco primeiros álbuns, coletâneas e alguns dos lançamentos mais recentes.
Também foram vitimados discos mais raros, como "Brasil", de 1981, que reúne João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.
A retirada das faixas geralmente é feita a pedido das gravadoras e dos artistas.
Além disso, discos da versão americana do Spotify, por exemplo, podem estar indisponíveis quando o serviço chegar ao Brasil, já que os acordos de licenciamento podem ser restritos a certos países.
Outro eventual incômodo dos serviços de streaming é a falta de portabilidade.
Ao criar uma conta, você pode adicionar discos e músicas à sua coleção, além de criar listas de reprodução.
Mas, se você decidir mudar do Rdio para o Deezer, por exemplo, terá que reconstruir toda a sua biblioteca manualmente, já que os serviços não oferecem ferramentas oficiais de migração de dados.
Há sites que permitem ao menos importar playlists de um serviço para outro, como ore/spin, que transfere listas do Spotify e do Last.fm para o Rdio.
O diretor-geral do Deezer para a América Latina, Mathieu Le Roux, diz ter "certeza absoluta" de que artistas que hoje resistem ao streaming se renderão ao formato por causa da preferência dos usuários, e que a eventual consagração do modelo mitigará as atuais inconveniências.
"Tenho grande confiança no streaming. As pessoas que começam a usá-lo e gostam nunca voltam para outros sistemas."
Fonte: CAPANEMA, Rafael. "Folha de S.Paulo - Tec - Serviços de streaming são convenientes, mas discos podem sumir de repente - 14/10/2013." Folha Online. http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/10/1355412-servicos-de-streaming-sao-convenientes-mas-discos-podem-sumir-de-repente.shtml (accessed October 14, 2013).
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