Já está em fase de desenvolvimento um serviço de e-mails criptografado para os usuários brasileiros. A ferramenta seria oferecida pelos Correios e pretende colocar barreiras de criptografia para dificultar o acesso da NSA (agência de inteligência norte-americana) ao conteúdo das mensagens trocadas entre os internautas.
Anunciado em setembro, o sistema próprio de e-mail deve ser oferecido até o fim do ano. Se a ideia é manter os dados de brasileiros fora do alcance da espionagem denunciada por Edward Snowden – de acordo com documentos revelados pelo ex-técnico da CIA, os Estados Unidos teria monitorado conversas da presidente Dilma e seus assessores diretos no passado.
De acordo com a doutora do departamento de sistemas de computação da USP Kalinka Castelo Branco, a ideia de um mensageiro nacional contribui para o desenvolvimento da tecnologia no País, mas está longe de livrar os brasileiros da espionagem.
— A vantagem em ter um serviço próprio é não depender do serviço ofertado por outros países. Isso não significa que estaremos livres da espionagem nem mesmo das "invasões cibernéticas". A vantagem maior é o fato de o Brasil agregar maior competência e também adquirir maior conhecimento na área.
Internet não é segura
A especialista em sistemas de computação chamou de “utópica” a ideia de que uma ferramenta pode deixar os brasileiros invulneráveis ao acessarem a internet. Kalinka explica que a criptografia é uma ferramenta utilizada para cifrar (modificar os dados) de modo que eles não possam ser entendidos caso alguém consiga ter acesso a eles.
Mesmo que o e-mail nacional conte com um algoritmo forte para sua criptografia, a professora doutora da Universidade de São Paulo comenta que a proteção dos dados não é assegurada.
— Existem algoritmos criptográficos mais fortes e outros mais fracos. Isso significa que vai depender se essa criptografia proposta for avaliada e verificada como forte. Se ela for forte teremos uma dificuldade a mais, pois certamente ela dificultará a ação dos invasores. Vale salientar que mesmo ela sendo forte também não será 100% segura.
Correios x Gmail, Hotmail e CIA
Um dos objetivos do serviço nacional é conquistar os usuários de serviços gratuitos de e-mail, como Hotmail, da Microsoft ou Gmail, da Google. Para o empresário e fundador da Mandic, Aleksandar Mandi? a ideia de proteger os dados enviados pela rede mundial de computadores é praticamente impossível, em função da atual infraestrutura física da internet e seu envio de dados.
— Acho que é impossível de fazer [manter a privacidade na rede]. Tudo que você escreve no Gmail sai daqui vai até os EUA e volta. É assim com o Google, Twitter, Facebook, Apple, Microsoft, é assim com praticamente todos os serviços. Não tem jeito. Aliás, o protocolo de internet foi feito para fazer a informação chegar no destino.
Mandi? ainda explica que é possível criptografar os dados enviados por meio do protocolo SMTP – protocolo padrão de envio e entrega das mensagens de e-mail. Mesmo assim, a NSA ainda teria informações sobre as comunicações do internauta: tamanho da mensagem, destinatário, localização.
O executivo da Mandic afirma que o “rastro” deixado pelo protocolo de informação é semelhante ao controle que as companhias de telefonia têm sobre as ligações de seus clientes.
— Os rastros no mundo eletrônico estão por toda a parte. Se você usar um cartão de crédito, o banco sabe tudo. Com o e-mail é a mesma coisa.
O executivo aponta que já existem e-mails criptografados, mas que seu uso fica restrito a companhias. Aproveitando a busca por maior privacidade, Mandi? está desenvolvendo um novo protocolo para e-mails com maior privacidade, mas que a comunicação só funciona se remetente e destinatário usarem a ferramenta.
Fonte: Alcantara, Tiago . "R7 - Notícias." E-mail próprio não defende Brasil da espionagem da NSA, afirmam especialistas. http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/e-mail-proprio-nao-defende-brasil-da-espionagem-da-nsa-afirmam-especialistas-20131101.html (accessed November 1, 2013).
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