Altieres Rohr
De 30 juízes, 10 acharam que 'Eugene Goostman' era humano.
Software é um 'chatbot' que começou a ser desenvolvido em 2001.
Um computador conseguiu convencer humanos de que ele não era uma máquina em um "teste de Turing" no sábado (7), durante um evento organizado pela Universidade de Reading na Royal Society em Londres, no Reino Unido. O software, ou "chatbot", Eugene Goostman convenceu 10 dos 30 juízes de que era um menino de 13 anos, não um computador. Goostman foi desenvolvido pelo pesquisador russo Vladimir Veselov e pelo pesquisador ucraniano Eugene Demchenko.
O evento foi organizado nos moldes do "teste de Turing", que recebe esse nome por ter sido concebido pelo engenheiro britânico Alan Turing, gênio da computação que quebrou códigos de criptografia durante a Segunda Guerra Mundial para interceptar a comunicação alemã. No teste, um juiz deve falar ao mesmo tempo com um ser humano e com uma máquina, em uma conversa apenas em texto. Depois da conversa, deve dizer quem era o computador e quem era o ser humano. O teste foi criado como um meio de responder a pergunta: "uma máquina é capaz de pensar?"
O sábado, 7 de junho, marcou 60 anos da morte de Turing. Ele faleceu em 1954, dois anos após ser condenado por "indecência" e receber tratamento hormonal: na época, o homossexualismo era proibido por lei no Reino Unido. No final do ano passado, Turing recebeu o perdão real.
No "teste de Turing", uma máquina não precisa ser capaz de saber tudo, apenas responder perguntas de forma semelhante a um ser humano. "Eugene Goostman", o software do teste, pode ser acessado na web (Veja aqui).
De acordo com um comunicado da Universidade de Reading, que organizou o evento, Vladimir Veselov, um dos criadores de Goostman, disse que o trabalho deve continuar. O objetivo é melhorar o que ele chama de "lógica de conversação". Goostman começou a ser desenvolvido em 2001.
'Primeira vez'
De acordo com Kevin Warwick, organizador do evento, seria a "primeira vez" que um software "passou" no teste de Turing. No entanto, não existe uma medida para que um computador "passe" no teste. O evento exigia apenas que 30% dos juízes ficassem convencidos de que Goostman era um humano, mas Turing não estabeleceu essa meta para o teste. Turing apenas fez uma previsão de que, após o ano 2000, um "interrogador mediano" não teria mais do que 70% de chance de distinguir uma máquina de um ser humano em uma conversa de cinco minutos.
Goostman também tentava se passar por um menino, não um ser humano adulto. Mike Masnick, editor do site de tecnologia "Techdirt", criticou a maneira que os organizadores do evento noticiaram a história: eles disseram que um "supercomputador" havia passado no teste de Turing. Masnick explica que um "chatbot" como Goostman nem mesmo pode ser considerado inteligência artificial e é um pequeno "script", não um supercomputador. Outros "chatbots" também já monstraram bons resultados. O "Cleverbot", por exemplo, conseguiu convencer mais de metade das pessoas de que era um ser humano.
A postura dos organizadores também foi criticada pelo cientista Gary Marcus em um artigo publicado no site da revista The New Yorker. Marcus apontou que o software oculta suas limitações desviando o assunto da conversa ou tentando fazer uso de humor. "O que a vitória de Goostman realmente revela não é o advento da Skynet ou da cultura ciborgue, mas a facilidade com que podemos enganar os outros", escreveu ele.
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