André Monteiro
A Prefeitura de São Paulo declarou guerra a um novo aplicativo que promete motoristas particulares a um toque de distância do passageiro.
É o Uber, serviço presente em 205 cidades de 45 países e que aportou na capital paulista há dois meses.
Ele funciona como os aplicativos de táxi: depois de instalar o app, o passageiro faz um cadastro e chama a corrida de onde estiver. Um mapa mostra onde o carro está, a foto do motorista, e sua avaliação por outros usuários.
No local combinado, porém, não chega o tradicional carro branco com luminoso, mas um sedã preto guiado por um motorista de gravata.
Cicero Lopes, 42, motorista que usa o serviço do aplicativo
Ao fim da corrida, a tarifa é calculada pelo aplicativo e cobrada do cartão de crédito cadastrado. Em teste feito pela Folha, o percurso da Berrini ao centro, que geralmente sai por R$ 45, custou R$ 58.
A gestão Fernando Haddad (PT) diz que se trata de um serviço de transporte ilegal, pois considera os carros do app como táxis clandestinos.
Os 105 agentes do DTP (Departamento de Transportes Públicos) foram orientados a ficar atentos aos modelos mais usados no serviço, como Hyundai Azera, Toyota Corolla e Ford Fusion.
Três motoristas já foram flagrados e tiveram os carros apreendidos, além de serem multados em R$ 1.800.
Daniel Ribeiro, diretor do DTP, diz que a legislação federal e municipal só permite o transporte remunerado de passageiros por táxis, por isso vai notificar a Uber para que encerre o serviço. Além disso, diz que o setor jurídico estuda medidas a serem tomadas para o bloqueio do app.
"Estão chamando de carona paga, mas não é nada disso. É uma atividade econômica que não cumpre nenhuma regulamentação", afirma.
Além da questão legal, Ribeiro enumera outros itens obrigatórios para taxistas: curso profissional, taxímetro aferido, vistoria e cadastro.
"Há risco de pessoas mal intencionadas se aproveitarem da situação. Não recomendo o uso desse serviço."
Taxistas também são contra a novidade, que chamam de "criminosa" por operar sem autorização, e dizem que vão ajudar a prefeitura a banir seus carros das ruas.
A Uber nega qualquer irregularidade. Diz ser empresa de tecnologia que não emprega motoristas nem tem carros, e que supre demanda não atendida por outros meios.
"Em São Paulo, serviços de veículos particulares, aprovados por paulistanos, no momento não se encaixam no marco regulatório ultrapassado da cidade, que não leva em conta a escolha do consumidor ou a onipresença dos smartphones", diz o porta-voz Lane Kasselman.
Sobre a ação da prefeitura, ele afirma que a Uber procura "trabalhar com órgãos competentes para criar normas e políticas de senso comum".
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