Lucas Agrela,
Uma empresa francesa iniciou a pré-venda de pilhas padrão AA que duram "para sempre" e custam 10 dólares por par, 23 reais. Diferentemente das pilhas recarregáveis comuns, que precisam da energia elétrica de tempos em tempos, a chamada Pilo tem recarga por movimento, convertendo energia cinética em eletricidade. Ou seja, basta sacudir o produto durante três segundos.
As pilhas recarregáveis Pilo são 100 vezes mais duráveis do que as tradicionais, segundo a companhia. Os produtos comprados na pré-venda serão entregues mundialmente a partir de outubro deste ano, sujeitos a taxas de importação. Os dispositivos foram feitos para serem usados em aparelhos de energia intermitente, como a companhia descreve. Alguns exemplos são controle remoto, joystick de videogame e mouse Bluetooth. O projeto foi apresentado durante o evento de inovação Paris Founders Event, realizado na França no final de julho.
"Não houve nenhuma ideia mágica. Eu pensei nisso quando tive um problema: precisava ligar a minha TV, mas as baterias não ‘funcionavam’ mais", afirmou Nicolas Toper, o CEO e cofundador da Pilo, em entrevista ao blog de startups francêsRude Baguette. "A necessidade é a mãe da invenção, certamente. Então, eu descobri como esse poderia ser um produto que transformaria o mundo."
Toper conta que a parte mais difícil do projeto foi adaptar a tecnologia de recarregamento de baterias por movimento para reduzir o tempo necessário para o processo, citando que, apesar de não ser nova, a tecnologia nunca chegou ao mercado de consumo de pilhas antes devido ao longo período necessário e a grande quantidade de movimentos para a recarga.
A missão da empresa, segundo Toper, é criar um mundo em que os aparelhos funcionem sem a dependência de recarga de baterias e afirma ainda que as pilhas AA são apenas o primeiro produto da companhia.
INFO conversou com Toper para esclarecer o foco do projeto Pilo e qual será seu futuro. Leia a entrevista na íntegra a seguir.
Como foi o desenvolvimento da tecnologia da Pilo? Quanto tempo demorou e quais foram os maiores desafios?
Trabalhamos na Pilo durante um ano e meio. A Pilo é mais do que uma tecnologia: é um movimento em direção a eletrônicos de consumo que não precisam de bateria. Se você olhar ao seu redor, você verá muitos dispositivos que consomem tão pouca energia que eles poderiam retirá-la do ambiente, mas, ainda assim, eles operam por meio de baterias. Isto é o que estamos fazendo.
O maior desafio de tecnologia foi descobrir como embalar tudo em uma bateria AA. Não é a melhor forma de fabricação para nós do ponto de vista da tecnologia. Entretanto, isso deixa a parte de negócios muito fácil.
A empresa tem intenção de adaptar a tecnologia da Pilo para gadgets como smartphones?
Sim, vamos construir um monte de dispositivos sem baterias, como uma câmera ou um controle remoto. Estamos confiantes de que podemos adaptar essa tecnologia para smartphones, mas são necessários muita pesquisa e desenvolvimento para confirmar isso e fazer acontecer. Mas, sim, este é o plano de longo prazo.
Nós queremos construir coisas que realmente importam e que irão funcionar por um longo tempo. Fazer produtos interessantes e não me importo só com a nota de rodapé. Queremos produtos que poderemos mostrar com orgulho para nossos filhos.
A empresa recebeu algum tipo de financiamento de investidores ou o projeto foi criado com recursos próprios você?
Nós construímos a empresa com os nossos próprios recursos. Financiamento privado é muito difícil de encontrar em França, especialmente para "moonshot projects" (algo como, “projetos que miram na Lua”, ambiciosos).
É por isso que vamos lançar uma campanha na plataforma de financiamento coletivo Kickstarter em três meses. Depois disso, vamos buscar investidores para a escala de produção e para construir nossa próxima geração de produtos.
Por que você acha que quase nenhuma empresa investiu nesta tecnologia antes?
Muitas de empresas estão trabalhando nisso, incluindo Apple e Microsoft. Nós somos a menor dessas empresas! Mas parece que somos os únicos preocupados com o meio ambiente e com os consumidores.
Pilo é um produto que poderia prejudicar os negócios das grandes empresas no mesmo campo, como você vê esta questão?
Nós somos muito pequenos para que as grandes empresas nos percebam. Eles não ligam para nós. Estamos fazendo algo tão diferente que eu não tenho certeza de elas irão perceber antes que seja tarde demais.
Você espera um grande impacto positivo sobre o meio ambiente com Pilo?
Espero. A poluição das baterias é uma das piores. Elas contêm um monte de metais pesados (mercúrio, cádmio,...). Uma bateria é construída para resistir a "apenas" 3.000 ciclos de carga.
Os dispositivos Pilo são construídos para serem sustentáveis e amigáveis com o meio ambiente. Eles vão durar muito mais tempo, são totalmente recicláveis e não contêm nenhuma bateria poluente pesada/"tradicional".
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