Déborah Oliveira, da Computerworld
Publicada em 23 de março de 2012 às 14h00
Estudo da entidade aponta ainda que reduzir o preço de dispositivos móveis com acesso à web vai acelerar massificação da internet.
Estimular a criação de planos para a classe baixa, incentivar novos dispositivos para acesso à internet, como televisão e celular, e criar subsídio cruzado entre planos e serviços são as soluções sugeridas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) e a Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom) para impulsionar o uso de internet banda larga no País e acelerar a execução do Plano de Banda Larga (PNBL).
Na segunda edição do Panorama da Comunicação e das Telecomunicações no Brasil 2011-2012, as entidades incluem nas alternativas para vencer o desafio de massificação da internet a aquisição de computadores das classes C, D e E por meio da desoneração de tributos e investir na formação dos usuários, além do atendimento das áreas rurais.
Segundo projeções do PNBL, até 2014, a estimativa é que a penetração da banda larga a 30 reais chegue a 60% dos lares. “Esse valor é bastante ousado no mercado, mas para atingir todos os municípios com banda larga na casa dos usuários, é necessário”, observa Marcio Wohlers, assessor técnico da Presidência do Ipea.
No entanto, os números, prossegue o levantamento, escondem dois desafios. O primeiro deles é que até agora não foram planejadas ações para disseminar dispositivos de acessos à web e também não foram criados conteúdos adequados ou capacitação de usuários, elementos que podem frear a demanda por banda larga. O Sistema S (Sesc, Senai e Senac) pode ser parceiro valioso para ajudar na capacitação, aponta o estudo. O segundo elemento é a exclusão de uma parcela da população no plano.
O estudo também sugere que o modelo de telefonia móvel, que oferece tarifa de interconexão de valor diferenciado, seja seguido pelo setor de internet. De acordo com a análise das entidades, a presença de um prestador de serviços de outorga de TV a cabo aumenta em 35% a base de clientes em banda larga. Com o Plano de Lei 116, que abre mercado de cabo às empresas de capital estrangeiro e às empresas de telecomunicações, esse cenário pode ser fortalecido.
Sistemas de comunicação via satélite são outra possibilidade de ampliar o alcance da banda larga, sugere o panorama. Essa estrutura beneficiaria, especialmente, regiões que não serão abrangidas pela rede de fibra óptica que o PNBL está construindo.
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que existem 35 operadoras no Brasil aptas a oferecer serviços de comunicação via satélite. “Um País como o nosso não pode se limitar ao alcance terrestre”, avalia João Cláudio Garcia, coordenador de multimídias do Ipea.
Esses satélites, sugere Wohler, seriam direcionados a cidades com pouca densidade populacional, mas depende da infraestrutura de acesso e remete à aliança com provedores. Segundo ele, já foram apresentadas à Telebras a relação custo benefício dessa estratégia e essa questão, que ele define como sendo de longo prazo, está na pauta do governo deverá complementar o backbone de fibra óptica.
A telefonia móvel, que já superou a fixa, será porta de entrada, de acordo com Wohler, para a popularização da banda larga. “Nos Ministérios de Ciência e Tecnologia e Inovação e das Comunicações, é forte a discussão para reduzir os custos de dispositivo móveis por meio de isenções tributárias e fabricação local”, diz. O que falta, prossegue, é uma maior integração entre os órgãos para criação de uma política pública para endereçar as questões.
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