quinta-feira, 18 de outubro de 2012

TRIBUNA: Proteja seu filho contra crimes digitais

Amanda Sant'Anna

Que a internet é uma genial invenção e uma boa distração todos já sabem. Porém, o que muitos esquecem é que ela também pode ser usada de forma negativa para agredir, ofender e até praticar crimes.

A SaferNet Brasil recebeu, entre 1º de janeiro a 1º de julho deste ano, 21.313 denúncias de crimes cibernéticos em todo o País, como intolerância religiosa, racismo, neonazismo, tráfico de pessoas, pornografia infantil, maus-tratos contra animais, xenofobia, apologia e incitação a crimes contra a vida e homofobia. Somente no último mês, 3.628 denúncias foram feitas à organização, 60% delas, de pornografia infantil.

De acordo com a pesquisa lançada recentemente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), a maioria das crianças e adolescentes tem utilizado a Internet sem mediação dos pais ou responsáveis. Isso pode deixá-los expostos a conteúdos impróprios para a faixa etária deles. Uma mãe não deixa seu filho sozinho num shopping center, por exemplo. Por que deixaria numa rede social? No ambiente on-line, os riscos são praticamente os mesmos dos espaços presenciais: roubo, violência sexual, ofensas.

“A Internet é na verdade um reflexo da nossa sociedade. Os maiores riscos podem estar justamente associados a esta falta de acompanhamento dos pais, de diálogo e de regras. O sexting (exposição íntima na rede), o ciberbullying (bullying “virtual”), o aliciamento sexual infantil e o uso excessivo das ferramentas da Internet (compulsão por jogos ou por pornografia on-line por parte dos adolescentes) são as demandas mais recorrentes em nosso canal de orientação”, esclarece a psicóloga da SaferNet Brasil, Leila Grave.

Antes de qualquer coisa, é importante esclarecer que a pedofilia refere-se a um transtorno de preferência sexual. São desejos compulsivos por relações sexualizadas com criança ou adolescente: “O crime não é ser pedófilo, e sim abusar, violentar, assediar, explorar ou aliciar crianças e adolescentes. Por isso, o pedófilo pode buscar ajuda ou mesmo tratamento para não se tornar um criminoso. A Internet nos oferece muitos benefícios, mas, assim como qualquer outro ambiente público, oferece também riscos”, complementa.

E é por esse motivo que muitos aliciadores se aproveitam das ferramentas da rede para estar em contato com o público, através de conversas sedutoras e/ou de ameaças, para obter imagens que envolvam crianças e adolescentes em cenas eróticas ou mesmo para facilitar o abuso presencial. Apesar de não ter como afirmar se o número de casos aumentou nos últimos dois anos, certamente, com a maior inserção de usuários no ciberespaço, cresce também o número de casos de violência contra criança e adolescente.

De acordo com a psicóloga, orientar os filhos para o uso da Internet é orientá-los para a vida. É fundamental que os pais entendam que o diálogo, orientação e respeito mútuo continuam sendo a melhor forma de educá-los e de preveni-los de riscos on-line. Por isso, as ferramentas para bloquear conteúdos impróprios não são suficientes para deixar seus filhos seguros, tampouco são 100% eficazes. É importante criar regras e horários pactuados entre adultos e crianças/adolescentes e fazer com que isso seja seguido. “Saber o que os filhos fazem na rede e com quem conversam, pode ajudar a evitar alguns perigos.

Os pais devem ter uma atitude na qual deem oportunidade de escuta para seus filhos e, no caso de adolescentes, ter cuidado para não invadir a privacidade deles ou mesmo quebrar a relação de confiança. Já para as crianças, é fundamental que os pais naveguem conjuntamente e, caso não entendam bem sobre os recursos on-line, é impor pedir para que os filhos os ensinem”, concluiu Leila, lembrando ainda que proibir o uso da Internet nunca é a melhor solução.

O site helpline.org.br oferece mais informações sobre o tema e dispõe de uma equipe de especialistas para orientar a população.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

deixe aqui seu comentário