JENNA WORTHAM
O lar do futuro –completo, com robôs e equipamentos automáticos– há muito tempo é material da ficção científica. Mas o mundo tecnológico está decidido a torná-lo realidade.
Em breve, dizem alguns, tudo, de produtos de jardim a equipamentos para banheiros, será controlado pelo toque de um smartphone. Antes de passar pela porta, uma pessoa que volta para casa poderá desligar o sistema de segurança, ligar o chuveiro e começar a aquecer o forno.
O conceito de equipar objetos cotidianos com sensores e conectá-los à internet, muitas vezes chamado de internet das coisas, está fermentando há vários anos. Mas o anúncio no início deste mês de que o Google vai pagar US$ 3 bilhões para adquirir a Nest, fabricante de produtos domésticos conectados pela internet, colocou uma espécie de selo de aprovação nesse novo mercado.
"O Google está mostrando que a internet das coisas não é uma moda passageira", disse Jason Johnson, executivo-chefe da August, companhia que fabrica fechaduras controladas por um aplicativo de smartphone. "É uma indústria legítima."
Até agora, muitos dos avanços foram feitos por companhias menores. A SmartThings, start-up de Washington, D.C., vende um kit de pequenos sensores que podem monitorar os níveis de umidade e detectar movimento.
A Canary, de Nova York, está trabalhando em um sistema de segurança com vídeo que envia alertas quando nota uma mudança drástica de temperatura, qualidade do ar, movimento e outras coisas.
Mas a Apple, que não quis fazer comentários para este artigo, parece também ter algum interesse nesse campo. Seu sistema AirPlay permite que o iPhone se torne um controle remoto, por exemplo. A empresa também obteve patentes de software para o controle de equipamentos secundários, que poderão incluir qualquer número de utensílios domésticos.
Há mais que apenas dinheiro em jogo. É a oportunidade de cavar um lugar na próxima onda de computação e possivelmente se tornar um nome conhecido em produtos tecnológicos de consumo, talvez o equivalente à Apple ou à General Electric da próxima geração.
George Frey |
Termostato da Nest é ajustado em uma casa em Provo, Utah (EUA); empresa foi comprada pelo Google por estimados US$ 3,2 bilhões Leia mais
Grande parte do entusiasmo inicial por produtos conectados à internet foi voltada para os chamados vestíveis, como relógios ou faixas de ginástica inteligentes. Esses equipamentos geralmente acompanham os níveis de atividade ou medem sinais vitais, registrando os batimentos cardíacos ou a pressão sanguínea.
Conforme as capacidades dos sensores aumentam e os preços caem, ampliam-se as possibilidades de uso de equipamentos inteligentes. No entanto, é a demanda por esses produtos que hoje é questionada.
Muitas pessoas demonstram relutância em acrescentar aplicativos e serviços digitais a suas vidas. Depois há a quantidade de informação gerada por muitos equipamentos. Alguns usuários podem achar a enxurrada de alertas e notificações opressiva ou difícil de entender.
Mas muitas empresas acreditam que o amplo leque de produtos e a riqueza de dados possíveis são positivos e que os consumidores virão.
A ideia de digitalizar partes da vida "capturou um movimento de pessoas que estão ávidas para colocar medições em tudo e analisar qualquer aspecto de suas vidas", disse Cédric Hutchings, executivo-chefe da Withings, empresa que fabrica produtos de saúde ligados pela internet, como balanças e monitores de sono.
A ideia de equipamentos inteligentes também enfrenta questionamentos sobre segurança e privacidade. Hackers poderiam teoricamente visar uma fechadura inteligente ou um sistema de segurança doméstica, por exemplo. Além disso, há dúvidas sobre como os dados coletados pelos produtos poderiam ser usados pelas empresas que os fabricam.
Apesar de tudo isso, a indústria tecnológica continua confiante. A compra vultosa da Google deixou isso claro, e o negócio causou tremores nos empresários e empresas novatas que competem por uma fatia do mercado.
"Este é o ano da virada", disse Alex Hawkinson, fundador e executivo-chefe da SmartThings. "A declaração de uma das principais companhias de tecnologia faz todo mundo começar a pensar. As grandes empresas estão acordando para essa oportunidade."
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