Helton Simões Gomes
Análise visa achar 'janela para espionagem', diz ministro Paulo Bernardo.
Busca por brechas é conduzida nos programas da própria Microsoft.
O fundador da Microsoft, Bill Gates, no púlpito, e os executivos Amy Hood, Steve Ballmer, ex-CEO, e Brad Smith, durante o encontro anual dos acionistas, em 2013 (Foto: Divulgação/Microsoft)
A Microsoft se colocou à disposição do governo brasileiro para auditar os softwares usados pelos órgãos federais e identificar e sanar brechas que possibilitem ações de espionagem cibernética, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, nesta quarta-feira (23), durante oNETMundial, evento que ocorre em São Paulo para debater os rumos da internet.
"A Microsoft nos procurou se colocando à disposição para fazer auditoria", disse o ministro, completando que a empresa iria "fornecer os módulos" necessário a um pente fino nos programas do governo.
De acordo com Paulo Bernardo, a oferta se trata de uma "auditoria do software para ver se tem janela para espionagem". A Microsoft confirmou ao G1 ter feito a proposta, apresentada ao ministro durante uma reunião. Os alvos são programas desenvolvidos pela própria empresa.
Maior desenvolvedora de software do mundo, a Microsoft é conhecida pelo sistema operacional Windows e pelo pacote de programas de produtividade Office. Durante o ano de 2013, a companhia enfrentou acusações de envolvimento com o esquema de espionagem cibernética do governo dos Estados Unidos.
Documentos vazados pelo ex-técnico da CIA,Edward Snowden, mostravam que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) teve o auxílio da Microsoft para quebrar a criptografia do serviço de bate-papo do e-mail Outlook.com e facilitar o acesso ao SkyDrive. Na época, a Microsoft negou e afirmou não ceder "a nenhum governo cobertura ou acesso direto ao SkyDrive, Outlook.com, Skype ou qualquer de nossos produtos".
Segundo Paulo Bernardo, a proposta foi feita há pouco mais de um mês e é analisada no ministério. "Se o governo quiser, pode fazer auditoria. Cedemos os códigos para serem auditados", disse. "É evidente que se for fazer isso, tem que ver quem vai fazer essa auditoria, porque lá no ministério nós não damos conta de fazer".
De acordo com a Microsoft, a iniciativa chamada de Programa de Segurança do Governo "fornece aos governos acesso controlado ao código fonte e outras informações técnicas, tais como documentação, por meio de um mecanismo estruturado, seguro e auditável, para ajuda-los a avaliar a segurança dos produtos Microsoft".
"Este programa é um elemento crucial do empenho da Microsoft para endereçar as exigências relacionadas à segurança feitas por governos ao redor do mundo", informou a empresa.
Segundo o ministro das Comunicações, esse é um desdobramento dos esforços do governo brasileiro para evitar a espionagem cibernética. Na esteira dessas iniciativas, o Serviço de Processamento de Dados (Serpro) criou o serviço de e-mail Expresso V3, que substitui o Outlook, da Microsoft. "Estamos usando e estamos gostando", afirmou Paulo Bernardo.
As revelações de espionagem por parte dos EUA também ajudou o governo a acelerar a tramitação do Marco Civil da Internet, sancionado pela presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (23), e a trazer para o Brasil a conferência sobre "governança" da internet, a NETMundial.
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