Duas das maiores redes sociais fizeram recentemente mudanças em seu layout. O Twitter ficou mais parecido com uma fanpage, o Facebook fez alguns ajustes aqui e ali. Se fossem pessoas, eu diria que foi uma aplicação de botox, uma plástica para corrigir linhas de expressão ou algo parecido. Facebook fez 10 anos, Twitter 8 e ambas as redes começam a dar sinais de cansaço. De fato, Facebook e Twitter estão enfrentando dois fenômenos aparentemente contraditórios, mas intimamente relacionados: inatividade e migração.
No Facebook, segundo uma pesquisa recente da Pew Research Center, ao menos 61% dos usuários admitiram ter “dado um tempo” por algumas semanas, enquanto no Twitter, 44% dos usuários nunca deram um só tweet. Inatividade é doença grave para qualquer rede social, porque demonstra desinteresse e abandono. Além disso, redes sociais dependem do que publicam seus usuários para conhecê-los melhor e ajustar seus algoritmos de anúncios contextualizados. Usuário inativo não gera receita, ao contrário representa um custo pois é preciso armazenar em segurança tudo o que eles publicaram. Facebook e Twitter estão sendo vítimas do próprio baú de memórias digitais que inventaram.
O inativo de uma rede social, está ativo em algum outro lugar. Uma nova geração de internautas está navegando por aí com WhatsApp, Instagram e Snapchat. Você pode me dizer que WhatsApp e Instagram agora fazem parte do Facebook. Fazem mesmo? Se o próprio Facebook está dizendo que vai manter a “identidade e operação independente” de ambos os aplicativos, então podemos concluir que o objetivo da aquisição foi mesmo a base de usuários. Mas, logo após a aquisição do WhatsApp pelo Facebook, 1 milhão de usuários já tinham migrado do WhatsApp para o Telegram. E este é o segundo problema: Facebook e Twitter não compreendem como os internautas se deslocam no ciberespaço. Ambas as redes investem milhões para conhecer o internauta individualmente e acreditam que basta comprar o aplicativo do momento para resolver a questão. Mas isto não resolve, porque internautas continuarão a migrar em massa. Esta inteligência coletiva do espaço virtual é extremamente complexa e até hoje ninguém conseguiu decifrá-la.
Ao contrário dos passáros que migram de um lugar para outro e depois voltam, num ciclo que se repete por gerações, no ciberespaço a migração não tem volta. Resta de um lado memórias digitais esquecidas e de outro um mistério: onde estarão os internautas no próximo verão?
Notas
A inteligência coletiva é um conceito que descreve um tipo de inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos em suas diversidades. É uma inteligência distribuída por toda parte, na qual todo o saber está na humanidade, já que, ninguém sabe tudo, porém todos sabem alguma coisa. Francis Heylighen, Valentin Turchin, e Gottfried Mayer-Kress estão entre aqueles que vêem a inteligência coletiva através da lente da informática e da cibernética. Nas suas opiniões, a Internet permite que a inteligência coletiva em maior escala facilite o aparecimento de um cérebro global.
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