Bruno Romani
Apesar de ainda ser a líder mundial na venda de telefones inteligentes, a Samsung vive momentos de preocupação. E o motivo para isso não é a Apple.
Enquanto mirava a rival nos segmentos mais caros de smartphones, a gigante sul-coreana passou a perder território para fabricantes chinesas nos setores mais baratos. Entre os responsáveis pela sangria estão Lenovo, Huawei, ZTE e novata Xiaomi.
No último dia 31, a Samsung revelou os resultados do trimestre fiscal mais recente: em um ano, houve queda de 9% nas vendas e declínio de 20% no lucro. Foi o pior resultado em dois anos.
A empresa alertou que a segunda metade do ano seguirá complicada e lançou dúvidas sobre crescimento no período. O principal motivos seria a concorrência acirrada no mercado de smartphones.
Ao contrário da Samsung, as empresas chinesas estão em um momento de expansão. O caso mais notável é o da Xiaomi, que tem o brasileiro Hugo Barra, ex-Google, como vice-presidente.
Com quatro anos de vida, a empresa atingiu o primeiro lugar do mercado chinês, segundo a consultoria Canalys.
Editoria de Arte/Folhapress
No último trimestre, a Xiaomi vendeu 15 milhões de celulares enquanto a Samsung vendeu 13,2 milhões. No ano passado, esses números eram, respectivamente, 4,4 milhões e 15,5 milhões.
A fabricante chinesa afirma também ter vendido 26,1 milhões de celulares no mundo na primeira metade deste ano, alta anual de 271%. No período, a receita atingiu US$ 5,3 bilhões, o que representa um crescimento de 149%.
O crescimento da Xiaomi tem elementos familiares à Samsung. A empresa é conhecida por oferecer aparelhos com boas especificações a preços baixos, mantendo magras as margens de lucro.
Com a nivelação na qualidade e no acesso de componentes, os fabricantes oferecem aparelhos que são praticamente iguais por dentro. "Proteger as margens nos segmentos mais baratos é infrutífero", escreveu Mark Newman, analista da consultoria Bernstein Research. Para ele, a Samsung foi gananciosa ao tentar uma margem maior enquanto a Xiaomi lança aparelhos bons e baratos.
Além disso, o design dos aparelhos da Xiaomi também parecem inspirados na Apple, o que rendeu aos telefones o apelido de "iPhone chinês". Lei Jun, fundador da companhia, é conhecido como "Steve Jobs da China".
Mas a Xiaomi não é o único problema da Samsung. A consultoria IDC registrou índices positivos no segundo semestre deste ano para outras duas gigantes chinesas.
A Huawei quase dobrou o número de unidades enviadas ao varejo: foram 20,3 milhões de unidades contra 10,4 milhões no mesmo período do ano passado. O resultado garantiu a empresa como a terceira lugar maior fabricante do mundo.
A Lenovo, quarta maior no ranking, enviou 15,8 milhões ante a 11,4 milhões. A Samsung, primeira da lista, foi a única que registrou queda, encolhendo 3,9%.
Como contra-ataque, a sul-coreana anunciou nesta segunda-feira que pretende estabelecer uma fábrica na indonésia para produzir telefones celulares. O país é um dos mercados de maior crescimento do mundo para dispositivos móveis. A Samsung já possui fábricas na China e no Vietnã.
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