Sem anúncios, site pretende se financiar com modelo 'freemium'.
Criador critica redes sociais por serem 'controladas por anunciantes'.
Rede social Ello promete não exibir anúncios e
tem ganhado simpatia de usuários ao redor do
mundo
Ainda em fase beta, ou "de testes", a rede social Ello vem atraindo internautas descontentes com o Facebook. Chamadasoft por alguns de "rede antissocial" por ter sido criada para mudar o atual modelo das redes sociais, a "Ello" é mais fácil de ser entendida como rede antipublicitária e pró-privacidade.
Por ainda estar em fase de testes, não é possível acessar o site da rede, "ello.co", para criar um cadastro. A Ello adota o mesmo modelo empregado pelo Orkut, permitindo que apenas usuários convidados montem um perfil. É possível ir ao site e solicitar um convite, mas não se sabe quando esse pedido pode ser atendido. Segundo uma entrevista concedida pelo fundador do site Paul Budnitz ao site "BetaBeat", a rede social chegou a receber 30 mil pedidos de inscrição por hora na semana passada e a rede tem dobrado de tamanho a cada três ou quatro dias.
De acordo com a Alexa, que monitora o tráfego de websites, a Ello ainda tem poucos visitantes diários. A rede nem mesmo aparece entre os 100 mil sites mais populares do mundo, enquanto o Facebook ocupa a segunda posição. De acordo com a Alexa, 36% dos visitantes da Ello estão na Alemanha, um país conhecido pela preocupação com a privacidade.
Parte da popularidade da Ello resulta de algumas regras do Facebook consideradas restritivas. A rede de Mark Zuckerberg exige que todos utilizem nomes verdadeiros. Nas últimas duas semanas, muitos drag queens têm sido expulsos do Facebook por conta dessa regra. Como a exigência não existe na Ello, esse grupo foi para lá, criando a enchente de pedidos de cadastro.
A Ello também não pretende realizar bloqueio de conteúdo pornográfico, como o Facebook faz.
Quando comparada a qualquer outra rede social popular, a Ello tem diferenças fundamentais. O site da rede traz um "manifesto" crítico do modelo de outras redes sociais, especialmente o Facebook. "Cada postagem que você compartilha, cada amigo que faz, cada link que segue é rastreado, registrado e convertido em dados. Anunciantes compram esses dados para que eles possam lhe mostrar mais anúncios. Você é o produto que é comprado e vendido. Nós acreditamos que há um caminho melhor", diz o texto, que termina afirmando: "você não é um produto".
Outra página que descreve a rede diz que ela quer ser "simples e bonita".
A Ello recebeu US$ 435 mil do fundo de investimento de capital de risco FreshTracks Capital. Para pagar essa conta e dar lucro para seus investidores, a Budnitz prometeu ao FreshTracks Capital que a Ello adotaria um modelo "freemium", em que o uso dos recursos básicos do site é gratuito, mas algumas funções dependem de pagamento para serem usadas. Esse modelo é muito usado por jogos on-line, inclusive games dentro do Facebook.
Ninguém sabe ainda quais serão essas funções "extras". Por enquanto, a rede social continua se preocupando com recursos básicos, como a capacidade de bloquear outros usuários. O serviço ainda está em construção e precisa criar ou otimizar muitas das funções básicas de uma rede social.
A jornalista Jessi Hempel da revista "Wired" já disse que a rede Ello "não vai funcionar" porque ela "não se importa com dinheiro". Hempel também afirmou que o manifesto da Ello está equivocado, porque o Facebook e outras redes sociais não podem atender exclusivamente aos anunciantes: o que eles fazem é tentar encontrar o equilíbrio.
"Se o Facebook ouvir demais os anunciantes, ele arrisca alienar os usuários, que levarão suas fotos das férias e atualizações de status para outro lugar. Mas se o Facebook abandonar seus interesses comerciais, ele rapidamente ficaria sem o dinheiro que precisa para fornecer serviços rápidos e seguros em diferentes plataformas – exatamente aquilo que os usuários veem como básico", escreveu a jornalista.
Hempel diz que é mais provável que a Ello siga os passos da rede social Diaspora. O projeto Diaspora levantou US$ 200 mil pelo site de financiamento coletivo "Kickstarter" e ficou conhecido como "anti-Facebook" por adotar os mesmos valores da Ello, especialmente no campo da privacidade.
Diferente da Ello, porém, a Diaspora é baseada em um software que cria uma rede descentralizada, reduzindo os custos de manutenção. O projeto, criado em 2010, foi abandonado pelos próprios fundadores em agosto de 2012. O software é hoje mantido por uma comunidade de voluntários e, até o momento, não conseguiu mudar o cenário das redes sociais.
"O manifesto da Ello cria altas expectativas sobre como seus fundadores pretendem abordar a inerente tensão entre a captação de recursos e a construção de algo socialmente significativo: eles querem pensar apenas nos usuários. Mas isso é irreal e fará com que o projeto fracasse", conclui a jornalista da "Wired".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
deixe aqui seu comentário