Bruno Araujo
Zangado usa disfarce de 'V de Vingança' em vídeos de games no YouTube.
Formado em engenharia, youtuber divide tempo entre as duas profissões.
Formado em engenharia, youtuber divide tempo entre as duas profissões.
É com uma máscara de Guy Fawkes, aquela do filme "V de Vingança", símbolo das manifestações que tomaram o Brasil em junho de 2013, que Thiago "Zangado" se apresenta para seu 1,8 milhão de fãs no YouTube. Sem nunca ter mostrado publicamente o rosto desde que passou a postar vídeos de games na web, há cinco anos, conta que o motivo para começar a gravar foi a vontade de protestar. No caso, contra um jogo ruim. Seu anonimato segue até hoje. No entanto, por questões de privacidade. "Não confio na internet", conta.
Zangado cria vídeos sobre games para o YouTube e está entre os mais populares do Brasil. Segundo o G1 apurou, um youtuber com entre 500 mil e 1 milhão de inscritos pode ganhar de R$ 6 mil a até R$ 50 mil por mês, contando apenas a receita gerada por anúncios. Além do sucesso na web, muitos deles fazem a cabeça da garotada na vida real, mobilizando milhares de jovens que querem tirar uma foto ou conversar com o ídolo da internet.
Mais velho que a maioria dos youtubers e formado em Engenharia Civil, "Zangado" diz que fala com propriedade. Apesar de seus vídeos terem "gameplays", que é quando a pessoa grava e comenta o que está jogando, o rapaz de 27 anos tenta adotar um tom informativo como atrativo do canal. Críticas e referências a outros jogos, filmes e livros surgem junto da ação. O vídeo em que ele discute se vale a pena (ou não) dar uma chance à série de terror "Resident Evil" foi visto quase 2 milhões de vezes.
Zangado cria vídeos sobre games para o YouTube e está entre os mais populares do Brasil. Segundo o G1 apurou, um youtuber com entre 500 mil e 1 milhão de inscritos pode ganhar de R$ 6 mil a até R$ 50 mil por mês, contando apenas a receita gerada por anúncios. Além do sucesso na web, muitos deles fazem a cabeça da garotada na vida real, mobilizando milhares de jovens que querem tirar uma foto ou conversar com o ídolo da internet.
Mais velho que a maioria dos youtubers e formado em Engenharia Civil, "Zangado" diz que fala com propriedade. Apesar de seus vídeos terem "gameplays", que é quando a pessoa grava e comenta o que está jogando, o rapaz de 27 anos tenta adotar um tom informativo como atrativo do canal. Críticas e referências a outros jogos, filmes e livros surgem junto da ação. O vídeo em que ele discute se vale a pena (ou não) dar uma chance à série de terror "Resident Evil" foi visto quase 2 milhões de vezes.
"Para você fazer uma pessoa sentar e assistir a um vídeo de 3 minutos, é difícil. Mas quando você olha no meu canal, tenho vídeo de 1h 40. Como você acha que consigo fazer 700 mil pessoas pararem para me ver falando no YouTube?", questiona. "Eu busco referências, faço analogias, é uma coisa muito profunda. Eu fiz um vídeo do jogo 'Vampire: The Masquerade - Bloodlines' e em parte dele ensino a jogar RPG de mesa. Fiz vídeo do novo jogo do 'Alien' e falei dos filmes 'Alien'", responde.
Não é só vídeo
Por mesclar um pouco mais de conteúdo – "é uma monografia sobre um jogo toda vez" – ao clima informal da internet, o youtuber mascarado chega a comparar seu formato ao de um professor de cursinho. "Se ele fica só na explicação, a cabeça do moleque some e se transporta para outro lugar. Se faz informação e piada, o moleque presta atenção e fica com o professor".
Parece que funciona. Ao todo, os vídeos de "Zangado" somam 144 milhões de visualizações no YouTube. Em eventos, é um dos mais assediados pelos fãs e chega a ser escoltado por seguranças. Sobre esse status de celebridade, entende que o público "passa muito tempo na frente do computador e acaba criando um laço", mas acredita que sua atitude em relação a eles é um diferencial.
"Quem não conhece meu canal pode achar 'por que eles gostam do Zangado, esse bosta só faz vídeo'. Só que elas não têm noção do que é responder mensagens sobre problemas que não tem absolutamente nada a ver com games. É moleque que perdeu a mãe, terminou com a namorada", explica. "Antigamente, eu respondia todo mundo. Hoje, não dá. Acumula, e quem for insistente consegue falar comigo".
O peso da palavra
É essa natureza mais aberta da internet o motivo que faz com que "Zangado", que pede para não divulgar seu nome completo ou a cidade onde mora, siga sem revelar o rosto. "As pessoas se expõem demais no Facebook, Twitter, Instagram. Se alguém quiser te rastrear e te pegar, ela pega". Mas ele confessa que, antes da febre das redes sociais, a timidez e o medo de ser zoado pelos colegas falaram mais alto na hora de pensar em anonimato.
"Eu era estudante de engenharia e não queria que ninguém visse e ridicularizasse. As pessoas gostavam, mas os vídeos não eram muito bons, eu falava errado", conta. "Então um amigo comprou uma máscara de R$ 1 no camelô. Enquanto eu fui o 'Zangado' amador, eu usei essa máscara. Quando as coisas começaram a crescer e passaram a enxergar que a minha palavra tinha peso, vi que era a hora de buscar uma figura com mais presença".
Apesar dessa quase obsessão em falar algo significativo, "Zangado" deu o pontapé em seu canal para esbravejar. O culpado é o game de ação "Golden Axe: Beast Rider". "Fiquei com tanta raiva que quis fazer um vídeo para falar mal dele". Hoje, porém, ele afirma que "ter algo a mais" é obrigatório para "não ser substituído". "O que eu não quero é que alguém tenha a sensação de ter gastado vida me assistindo", resume. Ele cutuca quem "grita do início ao fim", caso comum em muitos gameplays. "A molecada cresce e deixa de gostar. Ele grita hoje, amanhã tem um cara que grita mais alto".
Data e hora para acabar
Mas o caso de "Zangado" destoa da maioria dos youtubers. Com 27 anos, ele divide seu tempo entre os vídeos de games e a engenharia civil: trabalha na empresa do pai. Essa condição faz com que ele não veja motivo em deixar seu emprego, apesar de dizer que conseguiria se sustentar com o canal.
"Tenho a liberdade de não ir um dia, sair mais cedo, porque meu pai sabe do outro trabalho. Se eu não trabalhasse para ele, não daria conta". Mesmo assim, "Zangado" diz que viver do YouTube é algo "que tem data e hora para acabar". "Na internet, cada ano riscado é uma vitória. O público muda, pessoas enjoam. Eu vejo molecada falando 'meu sonho é ser youtuber'. É complicado. Um diploma ninguém tira de você".
Não é só vídeo
Por mesclar um pouco mais de conteúdo – "é uma monografia sobre um jogo toda vez" – ao clima informal da internet, o youtuber mascarado chega a comparar seu formato ao de um professor de cursinho. "Se ele fica só na explicação, a cabeça do moleque some e se transporta para outro lugar. Se faz informação e piada, o moleque presta atenção e fica com o professor".
Parece que funciona. Ao todo, os vídeos de "Zangado" somam 144 milhões de visualizações no YouTube. Em eventos, é um dos mais assediados pelos fãs e chega a ser escoltado por seguranças. Sobre esse status de celebridade, entende que o público "passa muito tempo na frente do computador e acaba criando um laço", mas acredita que sua atitude em relação a eles é um diferencial.
"Quem não conhece meu canal pode achar 'por que eles gostam do Zangado, esse bosta só faz vídeo'. Só que elas não têm noção do que é responder mensagens sobre problemas que não tem absolutamente nada a ver com games. É moleque que perdeu a mãe, terminou com a namorada", explica. "Antigamente, eu respondia todo mundo. Hoje, não dá. Acumula, e quem for insistente consegue falar comigo".
O peso da palavra
É essa natureza mais aberta da internet o motivo que faz com que "Zangado", que pede para não divulgar seu nome completo ou a cidade onde mora, siga sem revelar o rosto. "As pessoas se expõem demais no Facebook, Twitter, Instagram. Se alguém quiser te rastrear e te pegar, ela pega". Mas ele confessa que, antes da febre das redes sociais, a timidez e o medo de ser zoado pelos colegas falaram mais alto na hora de pensar em anonimato.
"Eu era estudante de engenharia e não queria que ninguém visse e ridicularizasse. As pessoas gostavam, mas os vídeos não eram muito bons, eu falava errado", conta. "Então um amigo comprou uma máscara de R$ 1 no camelô. Enquanto eu fui o 'Zangado' amador, eu usei essa máscara. Quando as coisas começaram a crescer e passaram a enxergar que a minha palavra tinha peso, vi que era a hora de buscar uma figura com mais presença".
Apesar dessa quase obsessão em falar algo significativo, "Zangado" deu o pontapé em seu canal para esbravejar. O culpado é o game de ação "Golden Axe: Beast Rider". "Fiquei com tanta raiva que quis fazer um vídeo para falar mal dele". Hoje, porém, ele afirma que "ter algo a mais" é obrigatório para "não ser substituído". "O que eu não quero é que alguém tenha a sensação de ter gastado vida me assistindo", resume. Ele cutuca quem "grita do início ao fim", caso comum em muitos gameplays. "A molecada cresce e deixa de gostar. Ele grita hoje, amanhã tem um cara que grita mais alto".
Data e hora para acabar
Mas o caso de "Zangado" destoa da maioria dos youtubers. Com 27 anos, ele divide seu tempo entre os vídeos de games e a engenharia civil: trabalha na empresa do pai. Essa condição faz com que ele não veja motivo em deixar seu emprego, apesar de dizer que conseguiria se sustentar com o canal.
"Tenho a liberdade de não ir um dia, sair mais cedo, porque meu pai sabe do outro trabalho. Se eu não trabalhasse para ele, não daria conta". Mesmo assim, "Zangado" diz que viver do YouTube é algo "que tem data e hora para acabar". "Na internet, cada ano riscado é uma vitória. O público muda, pessoas enjoam. Eu vejo molecada falando 'meu sonho é ser youtuber'. É complicado. Um diploma ninguém tira de você".
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