Altieres Rohr
Acordo entre governo e jornal ocultou informação, diz site.
Infraestrutura de espionagem também é mantida pelo setor privado.
O site de tecnologia britânico "The Register" publicou esta semana informações sobre uma base de espionagem ultrassecreta mantida pelo GCHQ, a agência de inteligência ou "NSA" do Reino Unido. Informações sobre as instalações estavam em documentos vazados por Edward Snowden, mas um acordo entre o governo e o jornal "The Guardian" teria proibido as informações de serem publicadas.
A base, chamada de OPC-1 ("Overseas Processing Centre -1", ou "Centro de Processamento Exterior - 1", em português), ou ainda pelo codinome CIRCUIT ("circuito") se localiza na costa norte de Omã, grampeando diversos cabos de fibra ótica que passam pelo estreito de Ormuz. A base faz parte de uma operação com três instalações britânicas na região, que levam os codinomes "TIMPANI", "GUITAR" e "CLARINET" (timbales, guitarra e clarinete, em português).
A construção da base foi realizada em parceria com o governo de Omã para interceptar comunicações de satélite, inicialmente. Antes de monitorar cabos de fibra ótica, ela era usada no programa de interceptação conhecido como "Echelon".
Além de instalações fora do país, o governo britânico ainda teria parcerias com as empresas de telecomunicação BT e Vodafone para interceptar cabos que chegam ao país. De acordo com o "The Register", 18 cabos diferentes estariam sendo monitorados. Segundo a publicação, as empresas recebem "milhões de libras" todos os anos pelo auxílio que prestam ao governo.
De acordo com o "The Register", essas informações são classificas como "Strap 3" e "Strap 2", ou "faixa 3" e "faixa 2", acima de "top secret". Em um acordo, o jornal "The Guardian", onde trabalhava o jornalista Glenn Greenwald, teria se comprometido a publicar apenas informações até "faixa 1".
Vodafone admite interceptação sem ordem judicial
A empresa de telecomunicação britânica Vodafone publicou nesta quinta-feira (5) um relatório detalhando solicitações do governo para realizar grampos em seus clientes. Os números são divididos por país, mas em diversos casos o número não existe, porque a empresa não está autorizada a divulgá-lo.
O país com mais grampos foi a Itália, com 605.601 grampos. Não há números para o Brasil, pois a empresa não atua em território brasileiro. No Reino Unido, país de origem da empresa, a companhia não tem autorização para divulgar os números.
Além dos números, a Vodafone publicou um documento explicando as obrigações legais que a companhia possui em cada país. Em algumas regiões, a companhia nem sequer é obrigada a fornecer meios de interceptação legal para o governo.
O relatório admite, ainda, que o governo possui acesso direto à rede de telefonia em alguns países. Nesses casos, uma autorização judicial para a realização de grampos não é necessária e a interceptação ocorre sem o conhecimento da empresa de telecomunicação. A empresa não informou em quais países isso ocorre.
De acordo com a empresa, os governos deveriam tomar a iniciativa para aumentar a transparência nas atividades de interceptação. Em alguns países, como a Índia, não há nenhum número, nem do governo e nem da empresa, sobre interceptações.
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