quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Olhar Digital: Você segue as regras de acesso à internet da sua empresa?


Pesquisa revela que número de pessoas que acessam sites e utilizam softwares sem o consentimento das empresas é maior do que o imaginado
 
Internet

Stephanie Kohn

Segunda-feira, 15h, pleno horário comercial. Enviamos uma mensagem em nosso Twitter, perguntando se alguém utilizava sites proibidos nas empresas em que trabalham. Teoricamente, não deveríamos receber muitas respostas, já que o Twitter, certamente, faz parte da "lista negra" das empresas mais conservadoras. Mas, para nossa surpresa, em menos de 10 minutos recebemos 22 mensagens de trabalhadores que, mesmo com a proibição, estavam ali, "pendurados" no microblog! Nesta época de fim de ano, então, ficou ainda mais fácil de achar pessoas com pouco volume de trabalho e muita disposição nas redes sociais.

O gerente de projeto, que se identificou como Ivanor FB, é um deles. O rapaz conta que acessa alguns sites proibidos para se manter "conectado". "Quando surge a necessidade de acessar alguma página proibida para fins profissionais, solicito liberação do uso", ressalta. "Porém, acredito muito que este bloqueio deveria ser mais individualizado. Já tivemos casos de colaboradores que não conseguem coordenar o tempo e se perdem com tantas 'portas abertas'", comenta. E as maneiras para "burlar o sistema" são várias: alguns utilizam extensões de navegadores, outros apelam para sites que intermediam o acesso à web, e existe ainda a clássica mudança de proxy. Algumas soluções são bem criativas e trabalhosas: "Para o email, eu criei uma nova conta no Outlook da empresa, porém, acabo excluindo essa conta todos os dias, pois corro o risco de fuçarem na máquina", diz T.S., outro leitor do Olhar Digital que nos respondeu.

O analista de qualidade de software, GugaJedi, que também já fez uso de algumas dessas ferramentas para agregar conteúdo à sua atividade na empresa, é um dos exemplos de que a liberação das tecnologias não significa menor rendimento no trabalho ou insegurança para a empresa. "Hoje estou em uma companhia onde tudo é liberado e não tive queda de produtividade. Acho muito mais importante um trabalho de conscientização da equipe para o uso correto da internet do que proibição", conta.

Objeto de estudo

Estes casos comprovam uma pesquisa da Unisys, encomendada à IDC, sobre o uso pessoal de dispositivos móveis, sites e softwares no ambiente de trabalho. O resultado foi impressionante: a maioria dos funcionários afirma usar seus aparelhos pessoais e softwares no horário de trabalho, além de acessar suas páginas das redes sociais e sites "proibidos", enquanto a maioria das empresas diz não permitir este tipo de atividade.

De acordo com o estudo, 66% dos funcionários brasileiros consultados disseram ser permitido o acesso a websites não relacionados ao trabalho nas empresas em que atuam. No entanto, apenas 41% das organizações entrevistadas no país afirmaram que autorizam essa prática. A divergência continua quando o assunto é o acesso às mídias sociais: 44% dos brasileiros entrevistados disseram que podem navegar em redes sociais por razões pessoais, porém, apenas 24% das empresas consultadas informaram que permitem essa conduta.

Sobre softwares de mensagens instantâneas como MSN, Skype e Google Talk, mais da metade dos trabalhadores brasileiros entrevistados (53%) afirmou que utiliza esses softwares com autorização do empregador, enquanto apenas 36% das organizações consultadas disseram permitir o uso de programas de "bate-papo" online no ambiente de trabalho. Além disso, 53% dos funcionários brasileiros pesquisados disseram usar seus dispositivos móveis pessoais – como smartphones, tablets e laptops – no trabalho, com o aval da empresa. Porém, 62% dos empregadores afirmam não permitir essa prática.

Segundo Paulo Roberto Carvalho, diretor de negócios de outsourcing da Unisys Brasil, esse cenário pode mudar com a existência de um fenômeno, chamado de "consumerização", em que novas tecnologias como smartphones, softwares, aplicações e sites focados em consumo e entretenimento estão sendo utilizados também nas empresas para ajudar em certas atividades. "Um exemplo de consumerização é a busca de profissionais por meio do LinkedIn ou Facebook, por exemplo", explica.

No entanto, apesar do fenômeno de consumerização de TI já fazer parte da agenda de muitos profissionais de TI, Paulo conta que algumas empresas continuam bloqueando acessos, pois o ambiente de consumerização gera uma carga alta de vulnerabilidade e os profissionais de TI, que prezam pela segurança das empresas, não conseguem controlar tudo. "Na minha percepção, como é difícil dar suporte a essa variedade de coisas, as empresas acham mais fácil ignorar e proibir para não ter que assumir a responsabilidade de controlar tudo", comenta. "Mesmo que o uso de algumas dessas tecnologias ajude no dia a dia do funcionário, a vulnerabilidade da empresa fica ainda maior e, portanto, as companhias preferem negar o acesso", completa.

Tendência?

Para Paulo Roberto, no futuro, a discrepância vista nesta pesquisa entre o uso das tecnologias no trabalho e a proibição das empresas vai diminuir. "Notei que, da pesquisa do ano anterior para esta, houve uma mudança de percepção. Algumas ações estão sendo implementadas nas empresas, e acredito que haverá mudanças em 2012 e 2013. Algumas companhias vão puxar as outras e essa divergência de uso e proibição vai diminuir, porque os profissionais de TI vão se preparar para a consumerização", conclui. O estudo da Unisys ouviu 306 pessoas que utilizam computadores em seus trabalhos e 101 executivos de TI de diversas organizações localizadas nas principais cidades do Brasil.

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