terça-feira, 18 de março de 2014

IDG Now!: Anatel esclarece funcionamento do sistema que vai bloquear celulares piratas


Comprou um iPhone, um HTC ou qualquer outro aparelho de fabricantes que sigam normas de certificação internacional reconhecidas e está preocupado com a entrada em operação do sistema de rastreamento que permitirá o bloqueio de celulares pirata desenvolvido pela Anatel? Pode se despreocupar.

Em entrevista por telefone com Marcelo Bechara, conselheiro da Anatel, pude esclarecer uma série de dúvidas sobre o Sistema Integrado de Gestão de Aparelhos (SIGA), que supostamente teria começado a funcionar em fase de testes hoje. “Houve uma interpretação errada de uma resolução publicada no ano passado, que dava como prazo para entrada do sistema em operação hoje, 17 de março. Na verdade, o sistema já está funcionando em fase de testes desde janeiro deste ano, sem nenhum prejuízo aos consumidores que tenham celulares xing-ling ou trazidos de fora”, explica Bechara.

Segundo o conselheiro, ninguém precisa ficar preocupado com questões de privacidade. “A privacidade das comunicações é garantida pela Constituição. O foco desse sistema é a segurança da rede em consonância com a legislação que estabelece que só terminais homologados podem fazem uso dela”, explica.

A saber, o artigo 67 da Resolução 242, de 2000.


De acordo com conselheiro, como o objetivo é impedir o uso de aparelhos fora das especificações nas redes móveis das operadoras brasileiras, o sistema que identifica celulares “irregulares” usa uma espécie de whitlist de aparelhos certificados/homologados pela Anatel e também por organização internacionais de países com os quais o Brasil tem boas relações comerciais. Em judiquês, “certificados por uma Administração estrangeira que dispense tratamento recíproco em relação à matéria”.

“Essa fase de testes vai durar todo o primeiro semestre e não vai fazer nenhum tipo de bloqueio. Quando entrar em operação, vai comparar o IMEI e outras informações do aparelho com essa whitlist, na hora da habilitação. Não haverá problema com aparelhos de origem conhecida”, explica Bechara.

De acordo com o conselheiro, muitos testes estão sendo feitos com o sistema, envolvendo operadoras, fabricantes e outros participantes do ecossistema da telefonia móvel. Na hora certa, antes da entrada do sistema de bloqueio em operação, a Anatel vai lançar uma campanha educativa explicando para os consumidores como o sistema funcionará. O que será e o que não será permitido e os prazos para regularização, quando necessário. “Não vamos fazer nada no afogadilho. Não queremos gerar ansiedade nos consumidores”, afirma o conselheiro.

Portanto, celulares comprados fora vão funcionar, desde que estejam dentro das regras que a Anatel definirá. Mesmo aqueles que não tenham fabricantes no país, mas sejam de companhias reconhecidas internacionalmente, como modelos da HTC. “Os iPhones fabricados no Brasil e seus similares importados, ainda não homologados pela Anatel mas certificados lá fora, por entidades reconhecidas internacionalmente, vão funcionar”, garantiu.

A Anatel publicará uma nota ainda hoje a respeito do sistema. A definição sobre como serão tratados os celulares importados, dependendo do caso, será conhecida ainda este ano, quando a Agência bater o martelo nos procedimentos a serem adotados pelas operadoras.

IDG Now!: Governo norte-americano abre mão da operação da Internet

Pressionado pela comunidade internacional, pós o escândalo sobre espionagem da NSA e acusado de ser um inimigo da Internet pela ONG Repórteres sem Fronteiras e até pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, o governo norte-americano fez hoje um anúncio histórico afirmando que está pronto para transferir a administração das funções técnicas de Internet para a comunidade global.

Trocando em miúdos, antes que o mundo criasse uma nova raiz para a internet, o governo norte-americano se antecipou em promover uma grande mudança. Afinal, se queremos uma Internet única, não balcanizada, a raiz deve continuar a ser esta a que temos.

Para apoiar e reforçar o modelo multistakeholder da formulação de políticas e de governança da Internet, a National Telecommunications and Information Administration (NTIA) anunciou hoje a intenção Departamento de Comércio de transferir as funções-chave de nomes de domínio da Internet para a comunidade global. Significa dar à Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) uma administração multisetorial, como pedem outros governos, incluindo o Brasil.

“O momento é certo para começar o processo de transição”, disse o secretário adjunto de Comércio para as Comunicações e Informação Lawrence E. Strickling.

O atual contrato da ICANN com a NTIA para operar funções-chave de nomes de domínio termina em setembro de 2015. A principal preocupação dos americanos passa a ser agora que o novo modelo de administração da internet seja livre da influência de qualquer outro governo. “Os poderes do NTIA deverão ser passados a uma coalizão formada por entidades de vários países, afirma Lawrence E. Strickling. “Eu quero deixar claro que não vamos aceitar uma proposta que substitua o papel da NTIA por um governo ou uma entidade intergovernamental”, completou. Leboru da UIT? Pois é. UIT não!

Portanto, isso significa que o governo norte-americano está disposto a ceder o controle da operação e administração da Internet para uma entidade multisetorial, não somente multilateral.

Para dar início ao processo, a ICANN acaba de convocar a comunidade global da Internet para desenvolver uma proposta de transição do atual papel desempenhado pelo NTIA na coordenação do sistema de atribuição de nomes de domínio da Internet (DNS).

O presidente e CEO da ICANN, Fadi Chehade, encorajou a sociedade civil, grupos de internet e outras organizações a se envolverem na transição e no novo modelo de governança da Internet.

Na prática, de acordo com comunicado da ICANN, a IANA, que mantém todas as listas de números usados em protocolo IP (números de protocolos, números de portas, endereçamento…) e controla a raiz do sistema de DNS, deixará de ser supervisionada pelo governo norte-americano. É a IANA que distribui IPv4 e IPv6 para os registros regionais (ARIN, RIPE, APNIC, LACNIC e AFRINIC).

Agora, cabe à comunidade internacional o processo de globalização das funções da IANA, e das equipes que definem protocolos e tecnologias.

Este semana, por ocasião das celebrações de 25 anos da Web, Tim Berners-Lee defendeu o fim do contrato que liga a IANA ao governo dos Estados Unidos. Começa a ser atendido.

O comunicado da ICANN deixa claro também que todos os papéis das organizações técnicas da Internet, incluindo o seu próprio como administradora do sistema identificador único da Internet, permanecem inalterados.

O primeiro diálogo com a comunidade global da internet sobre o desenvolvimento desse processo de transição será durante a 49ª Reunião Pública da ICANN, que acontece entre os dias 23 e 27 março, em Cingapura.

Na opinião de Demi Getschko, Diretor-Presidente do NIC.br,o anúncio “vai na direção certa”!

A ver.

PS: O agora provável fim do contrato da ICANN com o Departamento de Comércio norte-americano é um passo importante também para transferência da sede da entidade para um país neutro. Talvez Genebra, como pensa em propor o Brasil durante a Reunião Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet, que será realizada em São Paulo, nos dias 23 e 24 de abril.

IDG Now!: IBM nega participação em programa de espionagem da NSA


John Ribeiro

Empresa afirmou que não possui "backdoors" em seus produtos, não fornece código-fonte ou chaves de criptografia à NSA ou qualquer outra agência para acesso de dados de clientes.

A IBM afirmou que não forneceu dados de clientes para a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) ou de qualquer outro órgão do governo para ajudar com programas de vigilância que envolvam a coleta em massa de conteúdo ou metadados.

A companhia afirmou que não possui "backdoors" em seus produtos, não fornece código-fonte ou chaves de criptografia à NSA ou qualquer outra agência para acesso de dados de clientes.

A empresa é a mais recente entre as gigantes de tecnologia a se distanciar da NSA, que tem levantado preocupações entre os usuários no mundo sobre a segurança de seus dados com a prática de espionagem pelo governo dos EUA.

Como resultado das revelação dos programas da NSA, a indústria de computação em nuvem dos Estados Unidos poderia perder de 22 bilhões a 35 bilhões de dólares do seu mercado externo pelos próximos três anos para os concorretnes do exterior, de acordo com a Information Technology & Innovation Foundation.

Algumas nações como o Brasil também tem considerado solicitar aos provedores de serviços para armazenar dados dentro do país, um movimento que algumas empresas de Internet como o Google têm descrito como "potencial fragmentador da Internet".

Em uma carta aos clientes na sexta-feira (14), a IBM disse que não chegou a fornecer dados de clientes armazenados fora dos EUA ao governo norte-americano, como ordem sob a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira ou uma Carta de Segurança Nacional.

O ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, afirmou por meio de divulgações aos jornais que uma série de empresas de Internet forneceram acesso em tempo real ao conteúdo de seus servidores para a NSA sob um programa chamado Prism - o que as empresas negaram. 

A agência também secretamente invadiu as principais comunicações que ligam os centros de dados do Google e do Yahoo em todo o mundo, de acordo com relatórios.

Em uma série de compromissos com seus clientes, Robert C. Weber, vice-presidente sênior da IBM para assuntos legais e regulamentares e conselheiro geral, escreveu na carta (também publicada online) que "em geral, se um governo quer acesso a dados mantidos pela IBM em nome de uma empresa-cliente, o esperado é que o governo lide diretamente com o cliente."

Mas, se servido pelos EUA, uma ordem de segurança nacional para dados de uma empresa-cliente e uma "ordem de mordaça" o proibindo de discutir a ordem com o cliente, a empresa promete desafiar tal ordem por meios legais e outros, disse.

Para os dados de clientes corporativos armazenados fora dos EUA, a IBM afirma que todo o esforço do governo dos EUA para obter tais dados "deveria acontecer por meio de canais legais reconhecidos internacionalmente, tais como pedidos de assistência em virtude de tratados internacionais."

No quesito política governamental, a IBM descreveu as solicitações de localização de dados feitas por países como sendo "políticas míopes", que "fazem muito pouco para melhorar a segurança, mas distorcem os mercados e os deixa à merce de tendências protecionistas."

Os governos deveriam também não subverter a tecnologias comerciais, tais como a criptografia, que tem a intenção de proteger dados corportativos, disse a empresa no que parece ser uma referência a relatos de que a NSA tem procurado contornar tecnologias de criptografia.

Outras empresas de tecnologia também tentaram tranquilizar os seus clientes após as divulgações de Snowden. Em dezembro, a Microsoft disse aos seus clientes empresariais e governamentais em todo o mundo que tem o compromisso de informá-los de ordens legais relacionados com os seus dados, e vai lutar em tribunal qualquer "ordem de mordaça" que o impedir de compartilhar essa informação com os usuários.

A empresa também planeja criptografar as informações dos clientes que se deslocam entre os seus centros de dados, com planos para concluir o projeto até o final de 2014. 

O Yahoo e o Google também anunciaram o fortalecimento da criptografia de seus serviços.

Olhar Digital: Criador do WhatsApp garante proteção aos dados dos usuários


Desde que passou para as mãos do Facebook, há um mês, o WhatsApp vem lidando com preocupações dos usuários acerca da privacidade. Nesta segunda, Jan Koum, um dos fundadores do serviço, reiterou o status de "parceria" com a rede social e reforçou que não entregará os dados de sua comunidade - composta por 465 milhões de pessoas - à equipe de Mark Zuckerberg.

"O respeito pela sua privacidade está no nosso DNA (...) você não tem de nos dar seu nome; não perguntamos seu endereço de email; não sabemos sua data de aniverário; onde você mora e trabalha; não sabemos no que você dá likes ou o que pesquisa na internet. Nada disso é coletado ou armazenado", garantiu Koum.

Segundo o empresário, os princípios e as crenças do WhatsApp não serão afetados pelo envolvimento com o Facebook, que recentemente anunciou a implementação de propagandas em vídeo no feed de notícias. "Se a parceria significasse que teríamos de mudar nossos valores, não teríamos aceitado", completa.

INFO: Anatel impedirá operação de celulares sem homologação


A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou hoje (17) a fazer um diagnóstico dos celulares piratas - sem homologação - que operam no país. A ideia é que, após a análise, sejam anunciadas medidas para que só permaneçam os celulares regulamentados, bem como o cronograma para retirada dos aparelhos irregulares.

Não há prazo definido para que a Anatel conclua o levantamento dos aparelhos piratas. Futuramente, os aparelhos sem a certificação do órgão regulador deixarão de ser habilitados pelas operadores do serviço.

Em um primeiro momento, a medida valerá para novas habilitações e a expectativa é que os celulares em funcionamento, mas sem homologação, passem por um processo natural de substituição.

A identificação do aparelho será feita pelas operadoras de telefonia no ato de ativação do acesso do usuário, quando é inserido um chip de celular para a utilização do telefone. Nesse momento, a prestadora faz a leitura de um número de série do terminal, conhecido como Imei. Se o aparelho não é homologado, não será habilitado.

A Anatel recomenda que os usuários só comprem aparelho com selo da agência, uma garantia de que o telefone segue as normas de segurança e de qualidade da regulamentação brasileira.

COMPUTERWORLD: ASG aposta em Cloud e Big Data e adota nova estratégia de canais no Brasil


Companhia quer mais visibilidade no país e, com novo VP para América Latina, inicia programa exclusivo de captação de canais especializados.

SILVIA BASSI

Com 28 anos de mercado e 80 escritórios no mundo todo, a ASG Software Solutions, empresa global de TI reconhecida por sua inovação e por ser líder em soluções de software de negócios para Gestão de Sistemas, Metadados e Computação em Nuvem, quer ampliar o reconhecimento da sua marca no mercado brasileiro e transformar sua atuação na região, com destaque para o movimento de ampliação geográfica por meio de um recém-criado programa de canais.

A companhia, que acaba de contratar o executivo Marco Fontenelle como seu Vice-Presidente para América Latina, tem em sua lista de clientes pelo menos 70% das 500 maiores empresas globais, e fechou 2013 com faturamento global superior a 300 milhões de dólares e crescimento de 30%. Fundada em 1986 por Arthur Allen, a ASG tem raízes na oferta de soluções de software para mainframe, área que ainda responde por parte do seu faturamento.

A ASG é reconhecida cada vez mais por suas soluções inovadoras de software para computação em Nuvem e Big Data, que pretendem resolver os novos desafios da Ti e dos negócios, fornecendo uma visão e controle em Cloud, em diferentes ambientes e mainframe. As plataformas incluem a Cloud Factory, por exemplo, uma camada de workspace que faz a orquestração ponta a ponta de produtos de diferentes provedores e oferece alternativas de automação de processos, self-service applications e outras inovações que visam acelerar a adoção de cloud mesmo em ambientes muito complexos.

A divisão de Content Solutions mira em Big Data e na governança dos dados que estão sendo usados e compartilhados na companhia, identificando sua origem e garantindo fidelidade com as normas de compliance. Na área de finanças, a divisão de Systems entrega para os CFOs ferramentas que permitem medir e monitorar a produtividade, reduzir custos com redundância e otimizar os sistemas de TI.

Mais visibilidade

"Todos conhecem nossas soluções e agora é hora da marca ASG ficar mais conhecida no país", disse Steve Biondi, Vice-Presidente Sênior e Presidente para as Américas, em entrevista ao Computerworld.

A estratégia da ASG de ampliação no Brasil, região na qual atua há 11 anos, envolve investimentos em pessoas, oferta de soluções "go to market", captação de novos clientes e ampliação no atendimento dos clientes atuais. Tanto com novos produtos quanto com novos serviços e canais de relacionamento, segundo Biondi.

A contratação de Marco Fontenelle é parte da estratégia, na medida em que o executivo tem experiência de 18 anos na área de vendas de TI e expertise em gestão de canais. Fontenelle irá promover o lançamento do programa de canais e o crescimento dos negócios, expandindo a atuação da empresa na América Latina. "Estamos mudando todo o time de negócios da AL e contratando novos profissionais 'business oriented'. O Brasil representa 60% das vendas da América Latina e nosso plano é crescer no país unicamente pela estratégia de canais", diz Fontenelle.

A ASG vai trabalhar num novo modelo de compensação de canais pelas vendas e, segundo o executivo, não vai adotar as chamadas "named accounts", contas de grandes clientes que tradicionalmente as companhias mantém para si ao invés de delegar aos canais. A estratégia envolve treinamento e suporte dos canais, para atendimento e participação em um ciclo de vendas que muitas vezes varia de 6 a 18 meses e que exige o estabelecimento de um relacionamento muito próximo com cada cliente.

INFO: Bitcoin ainda atrai pouca atenção no Brasil, aponta estudo



Getty Images

Apesar de toda movimentação internacional, as moedas criptográficas, como o bitcoin, ainda não parecem atrair tanto os brasileiros. Ou pelo menos é isso que aponta um levantamento feito pela R18, que analisou as postagens feitas por internautas do Brasil no Twitter e no Facebook: entre 17 de fevereiro e 13 de março, menos de 8 mil delas foram registradas.

A maior parte dos 7.967 comentários veio da rede de microblogs, enquanto uma pequena parcela (841 dele) saiu da rede social de Zuckerberg. Boa parte das postagens se deu nos dias próximos à descoberta do suposto criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, pela revista americana Newsweek: foram 1.029 posts no dia 6 e 1.064 no dia 7 de março.

O fechamento do Mt.Gox foi o terceiro momento de maior movimentação relacionada às moedas nas redes sociais: pouco mais de 620 tuítes e atualizações de status foram feitos no dia 25 de fevereiro. A movimentação caiu logo em seguida, e voltou a atingir uma marca de mais de 470 comentários apenas no dia 28, com a falência definitiva do tradicional mercado.

Em termos de tipos de moeda, o bitcoin predomina nas postagens. Das quase 8 mil feitas no período analisado, 6.857 foram relacionadas à unidade monetária de Nakamoto. Outras 360 envolveram a Dogecoin, enquanto a Litecoin, segunda mais valorizada no mercado, ficou com 75 comentários.

Dos 3.500 internautas que declararam gênero, 70% eram homens. Quase 1.900 mostravam de onde postavam, e 42% desse total estavam em São Paulo. O Rio de Janeiro, com 14%, é o segundo estado com mais engajamento em relação a moedas criptográficas. Por fim, em relação a dispositivos, 87% dos 3.300 usuários que exibiam o meio de publicação estavam escrevendo em computadores – indo contra a corrente, que mostra um domínio do mobile nas redes.

Apenas para efeito de comparação, o anúncio do PlayStation 4, no dia 20 de fevereiro do ano passado, rendeu mais de 86 mil tuítes apenas na data – o que mostra que as moedas criptográficas ainda estão um pouco longe do público.

Há algumas possíveis explicações para isso, mas esse distanciamento pode ocorrer simplesmente por ser um assunto bem específico e até complexo. Mas ainda que não seja grande, o volume de comentários não deixa de mostrar que há interesse no tema aqui no Brasil – e a popularização e inclusão do tema no cotidiano pode ser questão de tempo.


Folha de S.Paulo: Jovens dos EUA deixam estudos para criar apps


MATT RICHTEL 

Ryan Orbuch, então com 16 anos, empurrou sua mala até a porta de casa e enfrentou a família. "Estou indo ao aeroporto", disse à mãe. "Você não pode me impedir." Ryan estava a caminho da SXSW (South by Southwest Interactive), uma conferência de tecnologia em Austin, Texas. Lá, planejava divulgar o Finish, aplicativo que havia desenvolvido com um amigo que servia para ajudar as pessoas a pararem de procrastinar e que acabava de deixar o primeiro lugar na categoria "produtividade" da App Store, da Apple.

Stacey Stern, a mãe dele, adorava essa paixão do filho, mas lhe disse que só poderia ir a Austin se terminasse os deveres escolares que havia negligenciado durante o desenvolvimento do aplicativo, que serve justamente para combater a procrastinação. Ryan não cumpriu sua parte, mas mesmo assim ela o deixou viajar.

Ryan, agora com 17 anos, está no último ano do ensino médio em Boulder. É um dos muitos adolescentes com mentalidade empreendedora e habilidades tecnológicas seriamente empenhados em fazer negócios. Seu trabalho ocorre graças a ferramentas gratuitas ou baratas para o desenvolvimento de games e aplicativos e é estimulado por empresas de tecnologia e por adultos do setor.

Essa onda de inovação e empreendedorismo juvenis parece "sem precedentes", segundo Gary Becker, economista da Universidade de Chicago e ganhador do Nobel. Seu neto Louis Harboe, 18, é amigo de Ryan –que, em comparação a Louis, já começou tarde. Ele fez seu primeiro frila aos 12 anos, desenhando a interface de um game para iPhone. Aos 16, Louis, que mora com os pais em Chicago, fez um estágio de verão na área de design da Square, empresa de pagamentos via internet e celular, em San Francisco. Ganhava US$ 1.000 por semana.

Becker anda repetindo ao seu neto: "Faça faculdade, faça faculdade". Mas a ideia do "faça agora", evangelizada em um púlpito digital, pode parecer mais imediata.

"A faculdade não é pré-requisito", disse Jess Teutonico, que dirige a TEDxTeen, versão adolescente das palestras TED, que promove o intercâmbio de ideias. "Essa garotada está motivada a conquistar o mundo. Ela precisa disso rápido. Precisa agora."

A questão de fazer faculdade ou não é apenas uma das que colegiais como Ryan e Louis e suas famílias enfrentam. Outras incluem: o que você faz com US$ 20 mil quando tem 15 anos? E como fica o controle dos pais?

Stern, que foi uma aluna nota dez, formada pela Universidade Duke, na Carolina do Norte, disse: "As coisas costumavam ser lineares. Você ia a uma boa escola e arrumava um bom emprego". Agora, disse, "não há regras".
Benjamin Norman - 1º.mar.14/The New York Times 

Michael Hansen (esq.) e Ryan Orbuch, criadores
do app Finish, são entrevistados durante o evento 
TEDxTeen em Nova York

Ryan estava estudando para as provas finais do décimo ano do ensino fundamental, em dezembro de 2011, quando pensou: eu queria que houvesse algo que me ajudasse a parar de procrastinar. Aí, procrastinou desenhando a imagem de um aplicativo para afazeres.

Enviou por SMS a imagem rudimentar para seu sócio, Michael Hansen, seu conhecido desde o sétimo ano. Em março daquele ano, quando ambos estavam com 15 anos, "já tínhamos nosso boneco", disse Ryan. Em junho, Michael estava escrevendo milhares de linhas de código usando a linguagem de programação Objective-C, que ele aprendeu pela internet. Ryan refinou a concepção e jogou na rede.

Dias depois do seu lançamento, em 15 de janeiro de 2013, o aplicativo de US$ 0,99 havia sido baixado 50 mil vezes. Os meninos racharam US$ 30 mil.

Só que Ryan antes era um aluno que quase só tirava nota A. No período que antecedeu ao lançamento, teve quatro notas Bs e duas Cs.

O neto de Becker arrumou seu primeiro trabalho aos 12, criando o design de um quebra-cabeça. O criador do jogo perguntou qual seria o cachê de Louis. Ele não fazia nem ideia. "Ahn..." Louis se lembra de ter travado. "US$ 150?" "Ele falou: que tal um pouco mais, porque eu gosto mesmo de você?" Louis ficou com US$ 350. Ele logo arrumaria vários outros frilas desse tipo e passaria a receber ofertas por e-mail de empregos em tempo integral, inclusive com interesse do Mozilla e Spotify quando ele tinha 14 anos.

Logo depois de concluir o décimo ano, foi contratado pela Square. Lindsay Wiese, porta-voz da empresa, disse o programa de estágio da Square foca "o talento, não a idade" e busca líderes "como Louis".

Para o garoto, o dinheiro se acumulava, cerca de US$ 35 mil ao todo, a maior parte do qual ele gastou em computadores e acessórios. Nada em uma poupança para a faculdade.
Em San Francisco, Louis viu gente de tecnologia que não havia feito faculdade, ou que havia largado, e estava se dando bem na vida real. De volta a Chicago, o pai dele sugeriu que Louis se candidatasse a uma vaga na Universidade Carnegie Mellon. Ele se lembra de ouvir o filho dizer: "Você quer que eu vá para onde –para Pittsburgh?".
Nathan Weber - 3.mar.14/The New York Times 

Louis Harboe, que fez seu primeiro trabalho como 
'freelancer' em tecnologia aos 12, fala com seus
 pais na sua casa, em Chicago

Em junho, Louis participou da Conferência Mundial de Desenvolvedores da Apple, em San Francisco. Um ano antes, a Apple reduziu de 18 para 13 anos a idade mínima para a participação na conferência. Louis foi um dos cerca de 150 estudantes a receber gratuitamente um ingresso que custaria cerca de US$ 1.600.

Outros alunos ganhadores, segundo a Apple, incluíam Puck Meerburg, agora com 14 anos, da Holanda, que já lançou dez aplicativos. Ele deu uma palestra TEDx aos 11 anos. Lenny Khazan, 15, que cursa o nono ano em Woodmere (Nova York), já fez vários aplicativos e colabora com adolescentes do mundo todo, incluindo um em Cingapura e outro em Ohio. Uma bolsista em 2013 foi a alemã Larissa Laich, atualmente com 18 anos, que já lançou seis aplicativos. Ryan também foi à conferência e, para economizar dinheiro, dividiu com Louis um quarto no hotel Best Western. Foi a primeira vez que eles se encontraram pessoalmente, e Louis via Ryan com certa admiração.

"Todo dia ele tinha alguma reunião com algum executivo da Apple ou dizia: 'Preciso ir nesse troço da Bloomberg'", disse Louis. "Ele é incrível em fazer networking." Danielle Strachman, diretora do programa Thiel Fellowship, também ficou impressionada. "Adoro a energia do Ryan!", disse ela.

O Thiel anualmente distribui bolsas de US$ 100 mil a 20 jovens para que impulsionem suas inovações ou empresas. Entre os semifinalistas deste ano está Ryan. Os ganhadores serão anunciados em junho.

Nathan Weber - 3.mar.14/The New York Times 
Louis Harboe, com seus pais Frederik e Catherine

O Thiel não diz que a faculdade seja ruim para todos, apenas que ter diploma não blinda as pessoas do tumulto econômico. Os jovens com talento e ideias devem "malhar enquanto o ferro está quente", disse Strachman. Hunter Walk, sócio de uma firma de investimentos chamada Homebrew, admitiu que pode haver o risco de que se exagere o sucesso tecnológico precoce. "Você começa a fazer as mesmas perguntas que faz a respeito das crianças estrelas em Hollywood. O auge delas é aos 17?"

Ao se inscrever para a bolsa Thiel, Ryan escreveu: "Tenho medo de que meus pais estivessem certos quando queriam que eu me focasse completamente na escola, mas acredito profundamente que fiz a coisa certa".

Ryan também se candidatou a 11 faculdades. Suas notas, porém, caíram ainda mais. Enquanto isso, ele e Michael vão adiante com o Finish.

Louis está comprometido com a faculdade, em parte depois de testemunhar a experiência de amigos no mundo profissional. "As postagens deles no Facebook são todas sobre trabalho", afirmou. "A vida deles não parece tão interessante. Eu quero me divertir", disse Louis. "Ainda me sinto criança –tipo assim."