quinta-feira, 19 de abril de 2012

INFO: Existe internet sem pirataria?



São Paulo - Do primeiro bit de informação que trafegou entre dois computadores, nos laboratórios militares dos Estados Unidos, nos anos 1960, até o derradeiro arquivo baixado do Megaupload, em janeiro passado, a vocação da internet sempre foi a de replicar e distribuir informação. O alcance global e a conveniência do vai e vem dos arquivos digitais transformaram as principais formas de arte e comunicação nos últimos anos.

Da música ao cinema, passando pelo telefone, os correios, a televisão, a literatura e a fotografia, tudo se adaptou à rede mundial de computadores e à sua capacidade de replicar conteúdo. Mas será que quando postamos no Facebook uma foto ou vídeo que recebemos do amigo de um amigo, que, por sua vez, capturou no blog de outro amigo estamos cometendo um ato de pirataria?

Até que ponto replicar conteúdo é crime? “A internet e a pirataria são inseparáveis”, disse a INFO Joe Karaganis, diretor do instituto de pesquisas americano Social Science Research Council. “Há uma infraestrutura pequena para controlar quem é o dono dos arquivos que circulam na rede. Isso acabou com o controle sobre a propriedade e tem sido descrito como pirataria, mas é inerente à tecnologia”, afirma Karaganis.

O ato de distribuir cópias de um trabalho sem a autorização dos seus produtores pode, sim, ser considerado crime, mas nem sempre essa distribuição gratuita lesa os donos dos direitos autorais. Pelo contrário. Veja o caso do livro O Alquimista, do escritor Paulo Coelho. Listado como um dos mais vendidos do mundo, ele é também uma das obras mais pirateadas da web. E por iniciativa do próprio autor. “O ex-presidente Bill Clinton foi fotografado com meu livro e celebridades como Madonna e Julia Roberts falaram dele, mas ele estourou mesmo depois que a editora cedeu, e me permitiu publicá-lo de graça na internet”, diz Paulo Coelho sobre o livro, que bateu o recorde de 212 semanas entre as obras mais vendidas do The New York Times.

A experiência de O Alquimista na internet começou na Rússia, país que não contava com uma versão oficial do livro. Após publicar, para download gratuito, uma versão traduzida da obra em seu blog, Coelho viu as vendas do livro em papel explodirem.

Se até 1999 a obra havia vendido apenas 3 mil cópias em russo, hoje já passam de 12 milhões. As pessoas leram no blog, gostaram e compraram. “Estamos passando por um período de transformação radical em tudo, a começar pela venda de conteúdo”, disse Paulo Coelho a INFO. “O conteúdo não vai mais existir como hoje, o modelo econômico vai mudar. Acabou aquele papo de que internet não dá lucro.”

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