segunda-feira, 16 de abril de 2012

Insight: Negócios bilionários reacendem debate sobre valorização excessiva de empresas de internet


Estreia do Facebook na bolsa de valores deve ser mais um capítulo da discussão

Operação de US$ 1 bilhão, a compra do Instagram – um aplicativo gratuito de compartilhamento de fotos com apenas 13 funcionários e 551 dias de vida – pelo Facebook, na semana passada, ativou uma mensagem de alerta no monitor de analistas e investidores do setor de internet e software: estaria o mercado na iminência de uma nova bolha?


Entre especialistas, não há quem não tenha se impressionado com o valor. Apenas uma semana antes da aquisição, a Sequoia Capital e o Greylock Partners, fundos de risco americanos, haviam pago US$ 50 milhões por 10% de participação no Instagram – definindo assim um valor de mercado para o aplicativo de meio bilhão de dólares.


Poucos dias depois, a empresa de Mark Zuckerberg pagaria o dobro pelo app.
– Não há dúvidas de que US$ 1 bilhão por uma empresa tão pequena é muito dinheiro. Negócios como esse acontecem poucas vezes – afirma Brian Blau, diretor de Pesquisas, Tecnologia e Mercados da Gartner, consultoria especializada em tecnologia e informação.


Fosse um caso isolado, a compra não suscitaria o debate de valorização exagerada neste setor. Mas não foi. Operações bilionárias envolvendo o controle de slim startups (como são chamadas empresas jovens, com pouquíssimo patrimônio e baixa geração de receita) por grandes grupos têm se enfileirado nos últimos anos.


Em outubro de 2011, a Microsoft pagou US$ 8,5 bilhões pelo Skype, software de chamadas de voz e vídeo, e a HP desembolsou US$ 10,3 bilhões pela desenvolvedora de software europeia Autonomy Corporation. IPOs (ofertas iniciais de ações na bolsa de valores) programadas ou recém-realizadas também mostram que há muito dinheiro circulando nas empresas de internet e tecnologia.


Prevista para o final de maio, a estreia do Facebook na bolsa já estima seu valor de mercado em US$ 100 bilhões. Detalhe: o faturamento da rede social hoje em 2011 foi de US$ 3,7 bilhões. Em dezembro passado, a produtora de games Zynga levantou US$ 1 bilhão em sua IPO, o que a alçou ao status de maior abertura de capital de uma empresa de internet desde que o Google lançou suas ações, em 2004. O mercado também tem sido generoso com os veteranos da bolsa. Na semana passada, o valor da Apple, empresa mais valiosa do mundo, chegou ao recorde de US$ 600 bilhões.


– Há muito dinheiro e entusiasmo, mas também altos riscos. Acho que há, sim, uma pequena bolha se formando, embora estejamos falando de um mercado muito novo, que ainda não conhece as todas suas potencialidades – analisa Blau.


Embora o cenário atual possa lembrar o do início dos anos 2000, quando houve o estouro da bolha das empresas pontocom, a realidade hoje é outra, diz Marcelo Marzola, diretor-geral da Predicta, especializada em mercado digital. Há 12 anos, não havia demanda por serviços e produtos pela internet e smartphones, como há hoje, explica.


– Antes, as aquisições não consideravam a demanda de mercado. Já as operações recentes são avaliadas de forma muito mais racional, considerando seus impactos no negócio – argumenta Marzola.

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