quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

R7: Novo sistema de ensino investe no tablet e quer brigar com gigantes do setor



A partir do ano que vem, 150 escolas particulares do Brasil vão iniciar as aulas com um novo sistema de ensino já presente em alguns países da América Latina. Ancorado no emprego de tablet, bilinguismo, capacitação de professores e avaliações, o sistema Uno Internacional, da Santillana, chega à rede privada brasileira com olhos bem atentos no gigantesco mercado de redes municipais.

O modelo foi desenvolvido no Brasil, mas adotado antes em outros países da região. Neste primeiro ano, estarão envolvidos 75 mil alunos de 150 escolas. Três prefeituras estão com a negociação avançada, como explica o diretor global da Uno Internacional Pablo Doberti.

— Temos um objetivo forte de chegar à rede pública. O antecedente em escolas particulares é importante.

No México, o Uno Internacional envolve 130 mil alunos de 420 escolas. E a ideia é chegar a 1 milhão na América Latina em 4 anos. Para começar a operar no Brasil, o Santillana investiu 22 milhões. O sistema tem parcerias com Apple, Discovery, Animal Planet e Unesco.

Disputa

Em um País com 5.565 municípios, a rede pública é vista com muito interesse pelas empresas de sistemas de ensino. Gigante no setor, a Pearson já trabalha com 150 municípios. Superintendente de Educação Básica da Pearson, Mekler Nunes detalha os desafios futuros da empresa.

— No Brasil, a área pública é um dos nossos vieses mais importantes. Além da competição, inovação e profissionalização serão as batalhas

Pesquisa realizada pelo setor em 2011 mostrou que 44% das prefeituras paulistas adotavam algum sistema de ensino - os primeiros contratos de municípios com sistemas privados foram feitos em 1999 pelo Grupo COC, em cerca de 90 cidades. Cada município adota um sistema diferente.

Alguns abandonam totalmente o uso dos livros didáticos distribuídos pelo governo federal. Outros usam as apostilas, mas mantêm os livros como complemento. Além disso, compras e aquisições impulsionaram a disputa. Há dois anos, numa batalha com a própria Santillana, a Abril Educação comprou o Grupo Anglo.

Dias depois, a Pearson Education comprou parte do controle acionário do Sistema Educacional Brasileiro (SEB), controlador do COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name, numa operação de R$ 888 milhões. O Kroton, dono da Rede Pitágoras, com 226 mil alunos no ensino básico, também teve 50% do controle acionário vendido para o Advent, fundo financeiro internacional. Nesta área, restam dois grandes grupos brasileiros, o Positivo e o Objetivo.

ExperiênciaO Uno Internacional é estruturado para o uso de projetores em vez de lousa, além dos tablets, com aplicativos, vídeos, jogos e textos. Todo o material didático é desenhado em cima das matrizes de habilidades e competências. Os coordenadores do Uno insistem que não é só colocar o tablet nas carteiras. A escola decide quantos aparelhos compra e se os utiliza em todas as aulas. A proposta é transformar a gestão para que se chegue a um estágio cada vez mais avançado de digitalização.

Uma tentativa de diminuir a distância entre a escola e a imersão tecnológica na qual os jovens vivem. Romper a resistência e o receio dos docentes com novas tecnologias e com a própria mudança faz parte do projeto. Professores e diretores são capacitados antes de começarem a usar o sistema e coordenadores regionais mantêm contato com a rede. Em janeiro, acontece a capacitação dos docentes em Brasília, conforme detalhado pela coordenadora do Uno, Teresa Álvarez Garcillán.

— O treinamento é intensificado na implementação, mas o contato é permanente Garcillán, espanhola que vive no México.

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