quinta-feira, 2 de maio de 2013

Correio: Aplicativo baiano para celular ajuda abordagem na hora da paquera




A gatinha no ônibus, uma rápida troca de olhares e o implacável destino final – o ponto – acabando com a paquera. Amor de buzu é assim, já canta o poeta Silvanno Salles. Mas o empresário Joubert Barbosa dos Santos, 35, pensou uma maneira de mudar isso. 

Ao dividir uma experiência como essa com dois amigos analistas de rede que conheceu no colégio, o grupo desenvolveu um aplicativo para smartphones, o Pisque. Ele localiza os usuários presentes em uma distância de até 300 metros, através do GPS, e se algum deles despertar o interesse é só ‘piscar’, enviando uma solicitação de contato. Assim como fora do mundo virtual, a paquera pode ser aceita, ou não.



Através do GPS, sistema identifica localização do usuário e diz quem está por perto

Além de facilitar o xaveco, a ferramenta permite ter um termômetro de bares, restaurantes e outros lugares, já que usuários podem classificá-los em tempo real. A informação fica disponível para quem está do lado de fora poder decidir, por exemplo, se tá valendo a pena entrar em uma festa. “Você está interagindo no ambiente real, com a vantagem de um ambiente virtual. Permite a paquera, mas de forma mais discreta. Tá todo mundo tranquilo, ninguém vê nada, mas você sabe que quem está ali, está disponível”, explica o analista Sandro Santos, 25, um dos sete integrantes da startup que desenvolveu o Pisque. 

Startups são empresas recém-criadas, de pequeno porte, com foco em pesquisa e desenvolvimento. Elas aliam custo de manutenção baixo a potencial de crescimento rápido e lucrativo. A equipe da Pisque é formada ainda por outro analista de rede, Rodrigo Nascimento, 24, pelo designer Paulo Ricardo Dourado, 25, os publicitários Samir Carvalho, 27, e Pablo Villas Bôas, 26, e o economista Elson Aquino, 54. 

Funcionamento 

O perfil dos usuários apresenta as informações básicas como a foto, gênero, interesse e estado civil e só aparece entre os frequentadores presentes quando se está online. Depois que a piscada é disparada e aceita, as pessoas podem trocar mensagem através do chat. Feito o contato inicial, os dois permanecem visíveis entre si, mesmo após saírem de perto. É como soltar uma piscada de canto de olho, só que via celular.



Rodrigo, Pablo, Samir, Joubert e Sandro se arriscam numa piscadela real

Disponível há dois meses para download no site pisque.com, depois de dez meses de desenvolvimento, o aplicativo tem versão para os sistemas Android e iOS (Apple). Na próxima semana, uma atualização será disponibilizada, com melhorias no mapeamento dos estabelecimentos, que utilizam a base de dados da rede social Foursquare. 

Até o momento, o Pisque tem 500 usuários cadastrados. “Lançamos a versão beta sem grandes investimentos em divulgação, mas a nossa meta é alcançar 40 mil downloads nos próximos dois meses”, estima Joubert. 

Negócio

O que pode ajudar a popularizar o aplicativo é a participação recente do grupo no Brazilian Applicattion Seminar, o Brapps, o maior evento de conteúdo mobile da América Latina, realizado do dia 25 a 27 de abril em Brasília. “O nosso stand foi um dos mais visitados. Até o curador do evento, Pedro Sorrentino, baixou o aplicativo”, comemora Pablo. O Brapps expôs as 60 melhores startups do país – a Pisque era a única da Bahia e uma das três do Nordeste. 

Ele reclamou, todavia, que não encontrou no estado nenhum empresário que apostasse na ideia. “Não temos investidores-anjo, nem aceleradoras aqui na Bahia. Nós somos guerreiros”. As aceleradoras são empresas que entram com dinheiro e apoio jurídico e técnico, em sociedade com as startups, tornando mais rápidos seu crescimentos. Os investidores-anjo têm a mesma função, mas são pessoas físicas. 

O Pisque já despertou o interesse de cinco aceleradoras e dois investidores de fora - e rendeu dois convites de trabalho no Vale do Silício, polo mundial de tecnologia nos EUA, de onde saíram nomes como Steve Jobs, Bill Gates e o mais recente, Mark Zuckerberg, criador do Facebook.

Aplicativo de paquera gay já tem 5 milhões de usuários no mundo

O Pisque pode ser considerado uma versão baiana para um aplicativo que já faz sucesso em todo o mundo no universo gay. Trata-se do Grindr, que possui 4,9 milhões de usuários em 192 países – o Brasil está em 8º lugar, com 130 mil usuários. A ideia é a mesma: o aplicativo identifica a localização do usuário via GPS e apresenta em uma lista quem está mais próximo à disposição para uma possível paquera. 

A diferença é que, nesse aplicativo, o público é exclusivamente homossexual. Na versão gratuita, é só colocar um apelido e você já aparece no mapa. Para tornar-se mais atrativo, é bom colocar uma foto e informações como idade, etnia, altura e interesses. O usuário poderá visualizar o perfil de até 100 pessoas que estiverem à sua volta, fazendo contato com quem lhe interessar. A opção paga custa US$ 0,99, tem navegação mais simples e exibe até 200 perfis, além da opção de visualizar apenas os usuários ‘online’. 

O Grindr bloqueia fotos alusivas a nudez. “Eu baixei porque estava indo pro Rio de Janeiro e ele tem o diferencial de localizar as pessoas próximas de você”, contou um usuário, que preferiu manter o anonimato. “Vivi experiências interessantes, mas teve umas inusitadas e até mesmo desastrosas. É bom porque é um catalisador, você pode trocar fotos, vídeos. É marcou, pegou, acabou. É mais fácil e objetivo, mas às vezes é meio perigoso”, alertou. 

Após marcar um encontro em uma academia em Armação, ele teve um envolvimento dentro de um carro em um estacionamento no Jardim de Alah e acabou flagrado por policiais. Em outra, depois de não topar peripécias mais ousadas com o ficante, foi largado à 1h na Manoel Dias. “Foi aí que acabei largando. Agora estou namorando e nem tenho mais”, disse.

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