quinta-feira, 24 de julho de 2014

G1: Pesquisador revela 'serviços espiões' que rodam em aparelhos com iOS

Altieres Rohr

Apple confirmou existência dos serviços, que usados para 'diagnóstico'.
Para pesquisador, empresa ainda oculta informações.
iOS 7, novo sistema da Apple para iPhones, iPad e iPods (Foto: Reprodução/G1)

O pesquisador Jonathan Zdziarski explicou durante palestra em uma conferência de hackers na sexta-feira (18) como serviços "ocultos" presentes em aparelhos com o sistema iOS, como iPhones e iPads, evoluíram para que hoje sejam usados para extrair dados do aparelho. A Apple confirmou a existência dos serviços em post na área de suporte publicado nesta quarta-feira (23).

O processo pode ser feito caso iPhone tenha sido conectado a um computador assinalado como confiável. Depois, em posse da credencial de acesso desse computador (seja após a obtenção da máquina ou por intermédio de um vírus), dados do iPhone podem ser acessados mesmo que o armazenamento do aparelho seja criptografado.

Segundo Zdziarski, esse método de acesso seria especialmente interessante para agentes policiais, embora o pesquisador não afirme que aApple tenha desenvolvido essas funções com esse objetivo. A Apple já fornece acesso a alguns dados do telefone e, segundo Zdziarski, a companhia leva quatro meses para conseguir a informação e cobra mil dólares (R$ 2,2 mil) da polícia ─nos Estados Unidos, as empresas cobram quando prestam auxílio à polícia, mesmo quando há uma ordem judicial.

De acordo com o especialista, a Apple pode acessar as informações porque a criptografia de dados presente no iPhone não é baseada no código de desbloqueio. A segurança tem como base um código do hardware do aparelho, que pode ser extraído pela Apple.

Se um iPhone foi autorizado a se conectar a um computador, os dados ficam acessíveis mesmo com o celular bloqueado, já que a segurança não tem relação com o código de desbloqueio.

Diagnóstico
Segundo a Apple, esses serviços são usados para fins de diagnóstico e respeitam as configurações de criptografia do usuário. Zdziarski diz que os dados obtidos pelos serviços, chamados de "pcapd", "file_relay" e "house_arrest", servem para muito mais que diagnóstico, como o álbum de fotos do celular . Em seu blog, ele se pergunta se a diretoria da Apple realmente sabe quais dados estão acessíveis por esses serviços.

O pesquisador afirmou ainda que celulares e tablets conectados a uma rede empresarial podem ser totalmente controlados pela organização classificada como "supervisora" do dispositivo. Em outras palavras, caso uma empresa seja comprometida, os dados de todos os aparelhos iOS conectados à rede dela podem ser extraídos com esses recursos.

O estudo mostrou ainda ser possível burlar a configuração de "computador confiável" de outras formas, embora todas necessitem que diversos procedimentos sejam seguidos. Ou seja, não é possível simplesmente invadir e copiar dados de um iPhone pela rede.

Zdziarski também criticou a Apple por ainda não ter criado um painel em que dispositivos autorizados possam ser desautorizados e manter esses recursos ativados mesmo quando o iOS não está em modo de desenvolvedor. Ele diz, porém, que nada disso é motivo para pânico e que não se trata de uma "emergência de segurança". "Espero que a Apple corrija o problema. Nada mais, nada menos. Não quero esses serviços no meu telefone. Não é lugar pra eles", escreveu Zdziarski.

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