quinta-feira, 24 de novembro de 2011

G1 - notícias em Tecnologia e Games Peculiaridades da internet na China afastam investidores estrangeiros

G1 - Peculiaridades da internet na China afastam investidores estrangeiros - notícias em Tecnologia e Games:

Concorrência, censura e desconfiança dificultam vida de ‘investidor-anjo’.
Cultura chinesa também é avessa ao fracasso, comum no mercado digital.

Área de escritórios de novas empresas em Pequim, sede da versão chinesa do Vale do Silício (Foto: Leopoldo Godoy/G1)Área de escritórios de novas empresas em Pequim, sede da versão chinesa do Vale do Silício (Foto: Leopoldo Godoy/G1)Um mercado potencial de 1,4 bilhão de pessoas atrai investidores e empresas de diversos setores, mas a internet tem sido uma exceção na China. Não apenas por conta da censura, já que o governo chinês restringe o acesso a redes sociais e a qualquer site com conteúdo considerado impróprio pelo Partido Comunista, mas também por diversas particularidades do mercado que fazem com que os estrangeiros tenham dificuldade em apostar em startups locais. 
Isso não significa que não haja um cenário crescente de jovens empreendedores criando companhias que podem se tornar o próximo Google, Twitter ou Facebook asiático. A versão chinesa do Vale do Silício, pelo menos em termos de startups de internet, é a capital Pequim. Com o apoio da comissão de tecnologia e ciência municipal, que criou uma incubadora para auxiliar desenvolvedores de sites, a cidade superou Xangai como centro da internet chinesa.
Quem vem de fora, porém, tem dificuldades para se estabelecer neste ecossistema, não importa se como investidor ou concorrente. O primeiro problema é a falta de mecanismos de controle sobre a propriedade intelectual: por aqui, uma boa ideia gera clones quase que imediatamente. O país tem, segundo estimativas, mais de 5 mil sites de compras coletivas nos moldes do Groupon em operação.
“Se na China piratear produtos como tênis e bolsas é fácil, copiar uma ideia de um site é ainda menos trabalhoso”, afirma o empresário Bowei Gai, que mora nos Estados Unidos e visitou o país asiático recentemente para procurar novas oportunidades de investimento e acabou publicando um pequeno guia para o investidor interessado em apostar na explosão da web chinesa. “O governo quer proteger a propriedade intelectual, mas na prática não há nada que impeça que seu concorrente copie o que quiser.”
Outra dificuldade, segundo Gai, é resultado da própria censura à rede no país. Os chineses são obrigados a entrar em contato com uma rede completamente diferente da utilizada no ocidente, sem ferramentas como YouTube, por exemplo. Sistemas de e-mail pela web foram barrados por muito tempo, o que fez com que o serviço de mensagens instantâneas QQ se tornasse a base da comunicação do internauta local. “É difícil pensar com a cabeça do internauta chinês, muitas vezes um produto que faz sentido nos Estados Unidos acaba fracassando aqui, e vice-versa”.
Para Kai-Fu Lee, que fundou e presidiu o Google chinês até 2009, o sistema educacional do país não forma indivíduos compatíveis com a cultura das startups. “Falta um conhecimento holístico de empresa, da gestão ao marketing”, acredita. Lee destaca também a dificuldade dos chineses de lidar com o fracasso, final comum entre companhias iniciantes na internet.
Há ainda, segundo Bowan Gai, uma resistência dos jovens empreendedores chineses à aproximação por parte de investidores americanos. “Não falta dinheiro de investidores locais”, diz. Apesar das dificuldades, Gai acredita que investir na China pode trazer resultados benéficos. “Quem apostar certo no próximo aplicativo para celular de sucesso na China vai ganhar muito.

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