segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

INFO Online - Internet - Notícias - Informação com o seu DNA


São Paulo - Ele quer filtrar a web pelos olhos de cada internauta. O iraniano Ali Davar, 38 anos, abandonou a carreira de advogado para descobrir as notícias que você quer ler no iPad. O resultado é o aplicativo Zite. O programa usa inteligência artificial para encontrar na internet as reportagens mais relevantes para cada pessoa, resgatando-as do palheiro do mundo digital. Todo o conteúdo transforma-se em uma revista virtual personalizada. “O iPad é a vitrine perfeita para esse tipo de produto”, disse Davar a INFO. O software destaca os assuntos com mais chances de chamar atenção e aprende com os cliques do usuário. Com o passar do tempo, procura trazer indicações ainda mais precisas.
A startup fundada por Davar tem sede em Vancouver, no Canadá, apenas oito funcionários e já recebeu 4 milhões de dólares de investidores-anjo e fundos de pesquisa governamentais. A quantia permitiu a criação dos algoritmos inteligentes que são a alma do negócio. Disponível para download na App Store da Apple desde março deste ano, o Zite conseguiu se sobressair entre os agregadores de notícias e despertou o interesse das grandes organizações de mídia. Em agosto, apenas cinco meses depois de lançá-lo, a empresa foi comprada pela CNN. A tecnologia será integrada aos serviços da rede de notícias americana, mas a startup vai se manter autônoma. Plataformas como o Android estão entre os projetos futuros.
O Zite surgiu porque, há seis anos, Davar teve uma ideia enquanto cursava a faculdade de direito. Ele mudou-se com a família do Irã para os Estados Unidos ainda menino, no final da década de 1970. Dois anos depois, a família decidiu imigrar outra vez e foi para o Canadá. Davar, os pais e as duas irmãs vivem até hoje em Vancouver. Durante o curso na Universidade da Colúmbia Britânica, ele começou a trabalhar com bancos de dados jurídicos. “Neles era possível buscar, navegar e fazer descobertas de um modo que era impossível na web”, diz.
Enquanto nos bancos de dados jurídicos as informações estão bem organizadas, na internet reina o caos. “Foi aí que pensei: como deixar a web mais estruturada?”, afirma. Ele começou então a pesquisar uma maneira de ordenar a bagunça. “A faculdade de direito ia bem, mas me pegava distraído e apaixonado por esse projeto”, diz. Frequentemente conversava com alunos de ciências da computação sobre a ideia. Com a ajuda deles, começou o criar os algoritmos inteligentes como uma atividade de meio período. Quando obteve investimento, Davar já atuava como advogado. Resolveu abandonar a carreira e encarar o desafio de virar empreendedor. “Decidi me arriscar. Se falhasse, poderia voltar para o direito.”
Não foi fácil encontrar a melhor maneira de aproveitar o sistema de inteligência artificial desenvolvido. A primeira ideia foi incorporá-lo a uma extensão para navegador, batizada de Worio. Quando o internauta fazia uma busca, o complemento indicava sites relacionados às palavras-chave digitadas. “Há uma pergunta clássica entre os empreendedores: você está criando um produto ou um recurso? Se está criando um recurso terá problemas, porque é difícil criar um negócio a partir disso”, diz. Era o caso do Worio, que não conseguiu se tornar popular. Davar concluiu que, quando alguém faz uma busca, já tem algo em vista, ou seja, a pessoa não está pronta para uma descoberta.
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No ano passado, quando percebeu que o Worio não decolaria, resolveu começar de novo. “Pegamos toda a tecnologia desenvolvida em cinco anos e criamos o Zite”, afirma. O grupo testou primeiro o serviço como um aplicativo online. Dessa vez, não demorou para perceber que havia mais chances de sucesso. A mudança de rumo ocorreu graças à orientação de Mark Johnson, então conselheiro da companhia e hoje seu CEO.
Diferentemente de concorrentes como o Flipboard, o Zite não se conecta às redes sociais do usuário para criar uma revista a partir de links compartilhados por amigos. O programa consulta alguns desses sites para identificar os assuntos preferidos do internauta. “O aplicativo aprende à medida que é utilizado. Ele consegue filtrar todo o conteúdo que está disponível e apresenta apenas o que acha importante. Essa personalização é nossa principal diferença”, afirma. “Existe muita informação interessante, mas as pessoas nem sempre sabem como encontrála.” Os dados do Facebook, por exemplo, ainda não funcionam bem com os algoritmos e, por isso, não são considerados.
Atrair a atenção dos internautas é uma das principais dificuldades de publicações adaptadas para tablets como o iPad, na opinião de Davar. “Há muito conteúdo de qualidade que não pode ser descoberto, porque as pessoas não sabem que existe. É nisso que as editoras deveriam concentrar suas energias”, diz. Além disso, os internautas não têm tempo sobrando. “Muitas vezes a história certa para uma pessoa não está na primeira página, mas escondida dentro da revista. A questão é como entregar o que se deseja.” Como um garimpeiro de notícias eletrônico, o Zite se esforça para dar conta desse desafio

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