quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Olhar Digital: Obama 2.0: como funcionam as campanhas políticas na internet

Olhar Digital: Obama 2.0: como funcionam as campanhas políticas na internet:



Especialista comenta sobre campanhas baseadas na web e afirma que o presidente norte-americano não irá se focar somente na internet

Barack Obama

Stephanie Kohn
Este ano o presidente norte-americano Barack Obama vai travar mais uma batalha. Desde abril de 2011, ele iniciou sua campanha de reeleição à presidência. Em 2008, a internet foi sua grande aliada: Obama esteve presente por meio de blog, Twitter, Facebook e outros recursos como meet ups, que impulsionava o encontro e conversação sobre seus planos mesmo fora da internet.

Já para esse ano espera-se que ele mantenha seus canais na web, mas também entre com força nas mídias mais tradicionais, uma vez que ele já não é mais uma figura desconhecida."Certamente Obama não fará da internet sua principal base. Agora ele é o presidente e deve usar a mídia de massa. A internet é um lugar de surpresas e foi bom para ele se apresentar ao público, mas agora a história é outra”, comenta Henrique Antoun, pesquisador do futuro da democracia na cibercultura e professor de transformação política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

De acordo com Henrique, as campanhas baseadas na internet quebraram o esquema tradicional de financiamento, já que, antes da web, era praticamente impossível um candidato ter espaço sem dinheiro. Com a ascensão da internet essa lógica mudou. Os grupos que não possuíam capital, mas mobilizavam as pessoas, passaram a ter uma chance. E foi exatamente isso que aconteceu com o presidente norte-americano.

"Dois anos antes das eleições o Obama começou a aparecer na internet, desconhecido e com nomes de ressonâncias árabes. Uma das bases para seu sucesso, além do fracasso do Bush, foi a forte presença na web", diz.

Segundo o especialista, a internet cria laços de credibilidade e confiança mais fortes do que na mídia tradicional. Na mídia de massa políticos tem pouco tempo frente às câmeras e por isso acabam apelando para um discurso repetitivo e promocional. Na televisão não há espaço para questionamentos e conversação, mas na internet é justamente o oposto.

"A conquista da credibilidade na web dá mais trabalho, porque conversar e argumentar dá trabalho. Mas, somente na internet podemos questionar e mobilizar as pessoas. A web é um local de capital social e não de capital financeiro", ressalta.

Obviamente, Henrique concorda que há um risco em basear uma campanha na internet. Uma mentira para desmoralizar um candidato poderia se alastrar viralmente. No entanto, até mesmo a calúnia poderia se esvaziar diante de questionamentos.

"A mídia de massa vendeu Hitler, Stalin e Getúlio, porque lá é possível comprar a todos. Na internet não corremos este risco, pois é impossível subornar o povo", conclui.

Em 2008, Obama foi eleito presidente com 52,9% dos votos vencendo o senador do Partido Republicano, John McCain. Na ocasião, a campanha contou com ampla adesão online, além de ter sido um canal importante para o arrecadamento de fundos.

Será que desta vez ele vai repetir o feito? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.