segunda-feira, 26 de março de 2012

Cio: Por que a 'nuvem pessoal' não vai matar o PC, como prevê o Gartner

Cio: Por que a 'nuvem pessoal' não vai matar o PC, como prevê o Gartner

Mas para que a previsão faça algum sentido, teremos que considerar os smartphones, tablets e laptops como parte da nuvem.
Bob Lewis, InfoWorld/EUA
Publicada em 26 de março de 2012
 
"Novas Eras" são geralmente variantes incrementais de suas antecessoras, e é por isso que proclamar uma mudança sísmica em TI é um jogo tolo.

A última mudança foi proclamada pelo Gartner. De acordo com a empresa de pesquisa, em dois anos o computador pessoal terá sido substituído pela nuvem pessoal. Ou, nas suas próprias palavras: O reinado do computador pessoal como o dispositivo de acesso exclusivo das empresas está chegando ao fim, e em 2014, a nuvem pessoal irá substituir o computador pessoal no centro da vida dos usuários digitais. ... A nuvem pessoal começará uma nova era que fornecerá aos usuários um novo nível de flexibilidade com os dispositivos que eles usam para as atividades diárias, aproveitando os pontos fortes de cada dispositivo, em última análise, permitindo novos níveis de satisfação e produtividade dos usuários. No entanto, exigirá que as empresas repensem fundamentalmente como elas oferecem aplicações e serviços para os usuários.

Não é que o Gartner esteja errado. É que suas conclusões são, como de costume, grandiosas e exageradas. No caso da próxima geração de TI, a mudança já está em andamento, graças a uma tríade de dispositivos - o smartphone, o tablet e o laptop _ e não só à nuvem.

Nuvem pessoal: uma mudança, mas não sísmica

Se o Gartner fosse percorrer um negócio típico, ela iria encontrar grande quantidade (algo entre "muitos" e "a maioria") de empregados cujos postos de trabalho são tantos e tão diferentes que os smartphones, tablets e outros dispositivos de acesso omnipresentes se tornam completamente irrelevantes. Não acredita? Considere o seu agente de call center. Ou as pessoas que trabalham em linhas de montagem (elas ainda existem!). Escreventes de contabilidade e de folha de pagamento. Equipe de vendas de varejo. Em muitas companhias eles somam mais de 90% da força de trabalho. Eles são a grande parte invisível da corporação (para a maioria dos comentaristas de negócios), proporção numericamente enorme de funcionários que debulham o trabalho do dia-a-dia da maioria das empresas e que ainda uam dispositivos tradicionais.

Onde a nuvem deixa a desejar: Recursos e desempenho

Tecnicamente, o Gartner está correto sobre a nuvem pessoal. Afinal, a Gartner disse "funcionários", não "todos os funcionários", "a maioria dos funcionários", ou mesmo "um monte de empregados". "Funcionários" pode significar qualquer número maior do que um.

Até aí, nenhuma discordância. Há, de fato, funcionários que se beneficiam de poderem utilizar dispositivos diferentes para acessarem subconjuntos de informações e aplicativos que usam para realizarem o seu trabalho. E o Gartner está certo em dizer que as organizações de TI que ainda pensam que é satisfatório apoiá-los com laptops bloqueados estão perto de um rude despertar.

Na sua maior parte, esses funcionários são profissionais móveis - empregados em todos os níveis da empresa, que deverão ser capazes de fazer o seu trabalho a partir de onde quer que estiverem. Eles podem achar a nuvem pessoal desejável. Mas aposto que se você permitisse a esses funcionários escolherem entre usar uma nuvem pessoal e terem todos os seus dados em um pen drive ou um cartão SSD que eles pudessem conectar no seu laptop, tablet ou telefone, e usá-los com aplicativos compatíveis instalados localmente em cada dispositivo, a maioria iria escolher o pen drive ou o cartão SSD.

Essa é a real referência da indústria de TI. Se quisermos que os funcionários prefiram serviços baseados em nuvem em vez de aplicativos instalados localmente e armazenamento removível, os aplicativos baseados em nuvem deverão ser tão ricos em recursos como os seus homólogos instalados localmente, e carregarem e executarem tão rapidamente quanto eles.

O mesmo pode ser dito para os dados: trabalhar com eles através do Wi-Fi do hotel ou 3G/4G, obriga que o acesso a eles na nuvem seja tão rápido e fácil, para carregar e armazenar, como trabalhar com eles usando armazenamento removível.

Dispositivos: a peça central da mobilidade

Smartphones e tablets têm demonstrado o quanto as pessoas preferem aplicativos instalados localmente em comparação às suas alternativas fornecidas na nuvem. Serviços como o Dropbox são populares porque sincronizam dados com a nuvem. Se eles fossem entregues através da nuvem, eles seriam fracassos funestos.

Isso é o que torna a previsão da "nuvem pessoal" do Gartner irritantemente equivocada - a peça central da vida dos funcionários móveis digitais não será a nuvem, de maneira nenhuma. Será uma tríade de dispositivos: smartphones, tablets e laptops. A nuvem provavelmente será um complemento importante para essa tríade. Mas para que a previsão do Gartner faça algum sentido, teremos que considerar os smartphones, tablets e laptops como parte da nuvem.

Isso nos traz de volta a um ponto que eu mencionei há alguns anos atrás: o Gartner redefiniu a "nuvem". Ela agora significa "tudo".

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