quarta-feira, 25 de abril de 2012

G1 - Câmara desafia especialistas a criar aplicativos com dados sobre SP




Programas deverão ler dados sobre despesas e trabalho dos vereadores.
Coordenador diz que acesso não afeta segurança das informações.
Coordenador de tecnologia da Câmara, Miyashiro
diz que especialistas poderão montar 'visão'
sobre dados públicos 

A Câmara Municipal de São Paulo vai reunir especialistas em desenvolvimento de aplicativos durante 48 horas ininterruptas entre 12 e 13 de maio e desafiá-los a produzir programas capazes de ler e oferecer interpretações de dados públicos para o cidadão paulistano. Chamados pela Câmara de "hackers", os especialistas ficarão reunidos no plenário 1º de Maio, onde os 55 vereadores costumam realizar votações, e terão acesso a um link para acessar os dados.

Os aplicativos poderão oferecer novas opções de leitura de informações sobre receitas e despesas dos gabinetes dos vereadores, presenças em sessões ordinárias e extraordinárias, relação de funcionários e, no futuro, talvez até a intrincada tramitação de projetos. Informações sobre estes temas já são disponíveis no site da Câmara, mas em formato bruto.

O concurso ganhou o nome de 1ª Hackathon e as inscrições ainda serão abertas no site da Câmara até 10 de maio. O coordenador de Tecnologia da Informação da Câmara de São Paulo, Eduardo Miyashiro, afirma que os hackers não devem ser confundidos com os crackers. "Os hackers utilizam capacidade para promover o acesso a informações através da internet. Essa capacidade, quando utilizada para prejuízo do patrimônio alheio, a gente costuma chamar de crackers", afirmou.

Quando o poder público monta dados e apresenta relatórios ele está mostrando a visão dele. Mas quem disse que a visão dele é a visão que a sociedade quer ver? Se ele der os dados em formato bruto, cada pessoa faz a sua visão"

Eduardo Miyashiro, coordenador de Tecnologia da Informação da Câmara de São Paulo 

Miyashiro explica que dados abertos são séries de dados no formato mais básico possível que possam ser retrabalhados para produzir informação útil para a sociedade. "Se você tiver dados acesso a dados abertos sobre todas despesas realizadas por um órgão público, desde a compra de um copinho, por exemplo, isso dá uma infinidade de dados. Quando o poder público monta dados e apresenta relatórios ele está mostrando a visão dele. Mas quem disse que a visão dele é a visão que a sociedade quer ver? Se ele der os dados em formato bruto, cada pessoa faz a sua visão", afirmou.

Depois dessa primeira fase de 48 horas, os hackers terão duas semanas para aperfeiçoar os aplicativos. Um comissão formada por especialistas em dados abertos, entre eles, representantes da Open Knowledge Foundation e W3C, vai julgar os melhores aplicativos levando em conta os critérios de transparência de informações públicas. Os melhores trabalhos poderão ser premiados, mas os valores ainda dependem de negociações com patrocinadores privados.

"No final do dia 13 de maio, nós vamos tirar a fotografia de tudo que eles fizeram e nós vamos deixar nas duas semanas seguintes, aperfeiçoar, mas não mudar, nem de tema e nem de arquitetura do sistema. Eles podem melhorar a interface, deixar mais bonitinho, mas veloz, com dados mais bem trabalhados, mais bem estruturado", afirmou.

Depois de prontos, os aplicativos poderão ser baixados pelos contribuintes gratuitamente no site da Câmara Municipal. Os aplicativos permanecerão tendo acesso permanente aos dados abertos por meio de um endereço fixo no tempo.

Miyashiro disse que a disponibilização dos dados está sendo feita de tal forma que não vai permitir a alteração indevida do conteúdo. "Senão, a gente perderia o controle da informação", afirmou. Ele não descarta a possibilidade de que a interpretação dos dados seja errônea. "Pode ser que isso gere uma informação estranha, mas um outro cidadão, ao ler aquilo, entre no debate e questione", afirmou.

Miyashiro afirma que a maratona está sendo bem interpretada na comunidade preocupada com transparência dos dados de informações públicas. "Está sendo entendido como boa oportunidade de servir de modelo para outros órgãos públicos", afirmou.

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