quinta-feira, 19 de abril de 2012

G1: Internet sem fio grátis em aeroportos do país ainda apresenta problemas


Levantamento do G1 aponta limitações na rede dos sete aeroportos.
Infraero diz que serviço está em 'operação assistida”, e terá ajustes.


Cartaz no Aeroporto do Recife anuncia serviço de
internet grátis (Foto: Luna Markman/G1)

Quase duas semanas após o início da oferta de internet sem fio de graça e ilimitada em sete aeroportos do Brasil, passageiros que tentam se conectar à rede ainda encontram problemas para acessar a web. O G1 visitou na terça-feira (17) os sete aeroportos onde a rede wi-fi foi disponibilizada desde o último dia 5, e ouviu reclamações em todos eles. No total, foram ouvidos 34 passageiros que tentavam acessar a rede e apenas 50% deles conseguiram usar a internet – alguns deles com acesso limitado, sem conseguir ver vídeos.

O principal problema foi encontrado no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, onde o sistema estava totalmente fora do ar em duas visitas. A rede também apresentou limitações no Santos Dumont, no Rio de Janeiro, onde 80% dos passageiros ouvidos pelo G1 não conseguiram entrar na internet. Nos aeroportos do Recife e de Congonhas (em São Paulo), 60% dos passageiros ouvidos não conseguiram usar a internet. Os usuários também reclamaram da velocidade do sinal oferecido e de complicações para liberar o acesso.

Veja abaixo o resultado do teste feito pelo G1 no wi-fi dos aeroportos (em percentual de usuários entrevistados) 

AEROPORTO 

1) FUNCIONOU 

2) NÃO FUNCIONOU 

3) FUNCIONOU PARCIALMENTE 

Guarulhos (SP) 

58% 

28% 

14% 

Congonhas (SP) 

40% 

60% 


Galeão (RJ) 

60% 

20% 

20% 

Santos Dumont (RJ) 

20% 

80% 


Pampulha (MG) 

100% 

Guararapes (PE) 

40% 

60% 


Fortaleza (CE) 

40% 

40% 

20% 

Questionada pelo G1 sobre os problemas encontrados, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que o projeto ainda está em fase “operação assistida”, e que passará por ajustes operacionais e técnicos. “Por se tratar de um projeto inédito, há detalhes técnicos que estão sendo observados/melhorados para ofertar ao passageiro serviços confiáveis e de qualidade”, diz uma nota divulgada pela empresa. Segundo a Infraero, é importante que os usuários procurem a ouvidoria da empresa para reclamar quando houver problemas na rede, e quando a oferta for definitiva, serão realizadas avaliações periódicas para garantir a qualidade dos serviços prestados.


A estudante Laís Furtado não conseguiu usar a
internet no Santos Dumont (Foto: G1)

Os melhores resultados foram encontrados no aeroporto do Galeão (no Rio), onde 80% dos usuários conseguiram acessar a rede, em Guarulhos (São Paulo), onde a internet funcionou para mais de 70% dos entrevistados e em Fortaleza, onde a rede foi acessada por 60% dos passageiros ouvidos.

Rio de Janeiro

Os aeroportos do Rio de Janeiro registraram o melhor e o pior resultado no levantamento realizado pelo G1. Enquanto no Galeão 80% dos entrevistados conseguiram acessar a rede (mesmo que parte deles de forma limitada), no Santos Dumont apenas 20% dos ouvidos conseguiram entrar na internet gratuita da Infraero.

Apenas uma das cinco pessoas ouvidas no Santos Dumont conseguiu se conectar à wi-fi gratuita. A estudante maranhense Laís Furtado não conseguiu usar a internet. Ao tentar se conectar à rede oferecida pela Infraero, ela foi transferida para uma página que oferecia uma internet paga. “Eu encontrei, é ‘roteado’(o terminal). Mas ele liga a um site para conectar a internet que é pago. É R$ 1,99 a hora, mas é só promoção. Essa página diz ‘internet quase de graça’”, disse.


A capixaba Alessandra Freire conseguiu acessar a
internet por seu celular no Galeão (Foto: G1)

Já no Galeão, a estudante Alessandra Freire, capixaba de 21 anos, conseguiu acessar a internet normalmente por seu celular. O único problema que ela encontrou foi na exibição de vídeos e na demora para carregar imagens. “Consegui conectar normalmente, ver o Facebook, meu e-mail, o G1. As fotos demoraram um pouco para abrir”, disse.

O advogado Célio Cavalcanti Neto, que também conseguiu se conectar, reclamou do procedimento para conseguir acessar a rede pelo celular. “É um pouco trabalhoso. Tem que criar senha, inserir número do cartão de embarque, identidade, etc.”, explicou.

São Paulo

Nos aeroportos de São Paulo, o G1 ouviu relatos de problemas de conexão nos dois aeroportos. Em Congonhas, dos cinco entrevistados, apenas dois conseguiram acessar a internet – mas encontraram problemas. “A velocidade era bem rápida, deu para entrar no e-mail, ver vídeo, mas caía bastante. Consegui usar durante dez minutos, depois caiu”, disse a biomédica Janaina Costa, de 24 anos, que na noite de segunda-feira (16) embarcou para Goiânia.


A farmacêutica Karyna Monteiro teve dificuldade
em 
acessar a rede em Congonhas (SP) (Foto: G1)

Após tentar, sem sucesso, acessar a rede wi-fi, a farmacêutica Karyna Monteiro, de 31 anos, procurou ajuda com funcionários do aeroporto. “Disseram que era para eu sair [da sala de embarque] e pegar um cartão na Infraero”, disse. “Acho que é uma propaganda enganosa. Se funcionasse seria muito bom. No horário em que você fica na sala de embarque seria bacana dar uma olhada na internet. Mas não funciona.”

Em Guarulhos, a situação encontrada foi um pouco melhor. O G1 entrevistou sete pessoas a respeito da conexão oferecida pela Infraero. Quatro delas conseguiram se conectar, duas não conectaram e uma pessoa conectou, mas não conseguiu fazer o cadastro.

A tradutora Fernanda Romero Engel, de 27 anos, embarcava com o marido, o advogado Daniel Engel, de 31 anos, em lua de mel em Veneza, na Itália. “Conectei e reconectei três vezes por meio do meu celular, que acusou conexão com sucesso. Mas quando abri o navegador e tentei acessar páginas, surgiu a mensagem de que não havia rede ativa. Não chegou a ser exibida a tela de login da rede”, contou.

O engenheiro civil Cálicles Mânica, de 35 anos, que mora em Brasília, não conseguiu se conectar com seu smartphone na sala de embarque. “Não consegui ultrapassar a fase de cadastro. Preenchia todos os dados, entretanto, acusava que o número do cartão de embarque estava errado. Tentei a operação várias vezes”, conta.
(Foto: Luna Markman/G1)

O empresário Henrique Freitas mostra
mensagem de erro ao tentar conectar à
internet no aeroporto do Recife

Recife

No Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, o teste foi realizado na segunda e na terça-feira (17). No primeiro dia, nenhuma das três pessoas ouvidas pelo G1 conseguiu usar a rede por meio da rede wi-fi “INFRAERO”, mas na terça-feira os usuários entrevistados não tiveram problemas em acessar a internet. As tentativas ocorreram na entrada e dentro da sala de embarque Sul.

O empresário Henrique Freitas e o fuzileiro naval Jurandir Ramos Júnior tentaram conectar com seus notebooks, que localizavam o sinal, mas não conseguiam fazer o primeiro acesso, onde acontece o cadastro. Já a auxiliar administrativa Fernanda Lima recebia em seu celular um aviso de falha na obtenção do endereço. "E não tinha ninguém perto do meu portão de embarque para tirar dúvidas", reclamou.


O designer Rodrigo Braga tentou navegar no
aeroporto 
da Pampulha, mas a rede não funcionava
(Foto: Pedro Gonçalves/G1)

Já no dia 17, o especialista em desenvolvimento de hardware Leandro Honorato e o engenheiro eletricista Fábio Thomaz não tiveram problemas em acessar a internet, tanto na entrada quanto dentro da sala de embarque sul. Ambos fizeram o cadastro, navegaram pelo email e pela página do G1, onde também assistiram a vídeos. "A conexão está muito boa. Finalmente liberaram a internet", comentou Fábio.

Belo Horizonte

Em dois dias de visita ao aeroporto internacional da Pampulha, em Belo Horizonte, o serviço de internet gratuito não funcionou. O G1 esteve no aeroporto na tarde desta segunda (16) e terça-feira (17), por cerca de duas horas em cada dia.

O economista italiano Paolo Cavadini tentou acessar o serviço, mas não conseguiu. “Não apareceu nem a tela de cadastro”, disse Cavadini, que esperava o voo na sala de embarque. O designer Rodrigo Braga também tentou navegar, mas sem sucesso. Enquanto isso nos painéis informativos, uma orientação demonstrava como fazer o cadastro no momento em que o usuário acessa o serviço pela primeira vez. Na sala de embarque, esta era a única divulgação do serviço.

COMO ACESSAR 

1. Procurar pelo sinal de rede com o nome “INFRAERO wi-fi grátis”. 

2. No primeiro acesso, passageiro deve preencher um cadastro com informações como nome, sobrenome, RG e passaporte. 

3. Para acessos futuros, é preciso informar um e-mail e criar uma senha com seis dígitos. 

4. Para finalizar, passageiro deve informar o número do cartão de embarque impresso na passagem. 

De acordo com a Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), há uma intermitência no link que a operadora fornece. A Infraero explicou ainda que o problema seria na conexão da Tim, e não na estrutura oferecida pelo aeroporto. A Tim informou que a internet wi-fi nos aeroportos é recente e ainda passa por ajustes para melhoria da experiência de uso. A empresa esclarece ainda que nesta segunda (16), foi verificada uma falha que impedia a conexão no aeroporto da Pampulha. A Tim comunicou que “técnicos da operadora agiram prontamente para restabelecimento do serviço, que já funciona normalmente”. A reportagem esteve no aeroporto até as 17h 30, e no horário o serviço foi testado, inclusive por passageiros, e não funcionou.

Fortaleza

A internet gratuita funcionou para 60% dos usuários ouvidos pelo G1 no aeroporto de Fortaleza na terça-feira (17). Um dos usuários, entretanto, teve dificuldades de navegação e não conseguiu abrir vídeos. Entre os cinco entrevistados, dois não conseguiram acessar a rede.

O empresário Célio Thomas, de 46 anos, emitiu bilhete pela internet e no momento de acessar o wi-fi gratuito na sala de embarque do Aeroporto Internacional Pinto Martins não conseguiu localizar o código no bilhete nem escolher na tela do tablet a rede gratuita. “Deveria ter um aviso na sala de embarque indicando qual a rede gratuita'', diz. Segundo ele, na tela apareceram várias redes (“infraero”, “tim”, “oi”) e o empresário não sabia qual delas era a rede wi-fi gratuita.

Já o gerente de empresa Giuliano Pascoali, de 43 anos, conseguiu ver o código de acesso ao serviço de wi-fi rapidamente no bilhete, mas reclamou do cadastro solicitado para acessar a internet. “É muito extenso'', disse quanto ao cadastro. O gerente aprovou a velocidade da conexão e acessou e-mail, vídeos e sites no tablet na sala de embarque.


Após se conectar ao sinal da Infraero, passageiro
terá acesso a página da internet gratuita ao abrir o
navegador (Foto: Reprodução)

Entenda o serviçoO serviço de wi-fi grátis em aeroportos começou a ser oferecido pela operadora Tim, que participou de uma consulta pública realizada pela Infraero em 2011. A Linktel e Net também deverão oferecer o serviço. Em troca da web livre, as três empresas poderão colocar anúncios nas salas de embarque e nas páginas de autenticação do serviço.

O acesso à internet está disponível apenas nas salas de embarque dos aeroportos. Após fazer o check-in, o passageiro deve procurar o sinal “INFRAERO wi-fi grátis” e preencher um cadastro com informações básicas (nome, sobrenome, RG e passaporte). O login para acessos futuros será feito por meio de um e-mail e uma senha com seis dígitos criada pelo usuário, que deverá ser acompanhada por uma pergunta secreta. Para finalizar, o passageiro deve informar o número do seu cartão de embarque, que está impresso na passagem.

Conforme a Infraero, o acesso é ilimitado – antes, o órgão oferecia internet restrita a apenas 15 minutos antes do embarque. Para acessar o serviço em outra ocasião, o passageiro terá que colocar o e-mail, a senha e o novo cartão de embarque. O acesso continua valendo para passageiros em conexão, segundo a Tim. Um usuário que sai do Rio de Janeiro com destino a Recife e conexão em Congonhas poderá navegar na internet enquanto aguarda o próximo voo com o mesmo acesso feito no primeiro aeroporto.

Segundo a Tim, o número limite de acessos simultâneos vai depender de cada aeroporto, conforme o tamanho da área de embarque. Em Guarulhos, 500 passageiros poderão acessar a internet simultaneamente. Em Congonhas, o limite é de 600 pessoas. A Infraero diz que espera disponibilizar a internet gratuita em todos os aeroportos relacionados à Copa do Mundo de 2014.

* Colaboraram G1 RJ, Letícia Macedo e Paulo Toledo Piza, do G1 SP, Luna Markman, do G1 PE, Pedro Gonçalves, do G1 MG e Diana Vasconcelos, do G1 CE

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