Acima, homem interage com uma das obras da exposição
São Paulo - Aos poucos, a imagem de uma mostra de arte e tecnologia com computadores, mouses, fios e uma série de outros aparatos para a interatividade foi se transformando.
"Emoção Art.ficial", exposição bienal que o Itaú Cultural realiza há 10 anos e dedicada a apresentar obras criadas a partir da interface digital e tecnológica, chega agora à sua 6.ª edição marcando o encerramento de um ciclo, como diz Marcos Cuzziol, gerente do setor de inovação do Itaú Cultural e organizador do projeto.
"Esse tipo de arte tecnológica sempre pertenceu à arte contemporânea, apesar das controvérsias. É como aconteceu com a fotografia ou com o cinema, por exemplo", afirma. Assim, aos poucos as edições de "Emoção Art.ficial" foram reunindo obras de um caráter mais contemplativo e com uma interatividade mais sutil.
Foi proposital, diz Cuzziol. Tanto que o curador chega a dizer que a partir da próxima edição, em 2014, a mostra poderá ter outro título. "Quando começamos, estávamos ainda lidando com o conhecimento, em como promover a manutenção e o funcionamento das obras por dois meses", conta o engenheiro.
Para ele, o aspecto lúdico dos trabalhos de arte e tecnologia é inerente às obras, mas não o determinante - e o ensejo do projeto de "Emoção Art.ficial" sempre foi o de refletir sobre como usar a poética tecnológica de uma maneira natural na produção contemporânea (um seminário é realizado ainda paralelamente). "A interação é o diálogo com o trabalho.
Artistas como Lygia Clark e Hélio Oiticica faziam isso, só que com ferramentas diferentes", diz Cuzziol. Segundo o engenheiro, hoje, a maneira de enxergar as obras de arte tecnológica já é diferente com a difusão de tablets e da tecnologia "touch screen".
O Brasil, infelizmente, ainda caminha nesse setor. Raros são os programas de fomento nessa área no País. Tanto que "Emoção Art.ficial 6.0", que é inaugurada nesta quarta para convidados e a partir de quinta para o público ocupando todos os andares expositivos do prédio do Itaú Cultural, apresenta uma maioria de obras produzidas por estrangeiros (com destaque, este ano, para norte-americanos).
A mostra é formada por dez trabalhos. Três deles, de brasileiros foram comissionados pela instituição - a instalação "Você Não Está Aqui", de Giselle Beiguelman e Fernando Velázquez (feita de biombos em que "paisagens são fabricadas" a partir da participação do público); "Fala", de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti (no trabalho, 40 celulares sincronizam palavras, escritas e sonorizadas, em diversos idiomas como uma "memória" do que o espectador diz a um microfone instalado no local); e "iFlux", de Silvia Laurentiz e Martha Gabriel (obra em que um sistema capta dados do edifício e do ambiente). Os projetos chegaram a receber cerca de R$ 50 mil, cada um, para sua realização.
Já entre os estrangeiros, o organizador da mostra destaca a participação dos americanos Scott Draves e Jim Campbell e do húngaro George Legrady como artistas "mais conhecidos" da área de arte e tecnologia. Draves criou um "supercomputador" que constrói imagens, projetadas em vídeo, a partir de uma rede com milhares de pessoas.
Campbell apresenta uma escultura de LEDs e Legrady fatia fotografias em Slice, de 2001. A edição ainda exibe obras do norte-americano Ken Rinaldo, do coletivo sueco The Interactive Institute, do argentino Federico Díaz e uma estrela virtual que se relaciona com o público concebida pelo britânico Richard Brown. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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