sexta-feira, 31 de agosto de 2012

VEJA.com: Vício em internet pode ter origem genética, diz estudo




Excesso de tempo gasto em frente ao computador e irritação ao ficar "desconectado" são alguns dos sintomas do vício em internet, causa pode ser génetica, diz estudo (Photodisc / ThinkStock)

Um grupo de cientistas alemães afirma que a dependência que muitas pessoas apresentam em relação à rede mundial de computadores pode ter uma origem genética. Segundo o estudo, os dependentes da internet apresentam diferenças em um gene que também influencia o vício em nicotina.

Dados de amostragem: 264 pessoas: 132 com problemas de vício e 132 “equivalentes” (pessoas com o mesmo sexo e idade) em problemas com a internet 

Resultado: os cientistas notaram que muitos dependentes da internet apresentavam de uma variação genética que também desempenha um papel importante na dependência da nicotina

"O vício em internet não é uma invenção da nossa imaginação", disse o principal autor do estudo Christian Montag, do Departamento de Psicologia Biológica e Diferencial da Universidade de Bonn, na Alemanha. "Ele está se tornando cada vez mais o foco de pesquisadores e terapeutas."

As suspeitas serão relatadas em um artigo na edição de setembro do Journal of Addiction Medicine.

Os autores do estudo escolheram 843 homens e mulheres e questionaram cada um deles sobre sua relação com a internet. A análise mostrou que 132 pessoas desse grupo tinham um comportamento problemático com relação à rede. Quase todos os seus pensamentos ao longo do dia tinham relação com a internet e eles sentiam mal quando estavam "desconectados".

Em seguida, os pesquisadores coletaram o DNA dessas pessoas e o compararam com o de pessoas com as mesmas características de idade e sexo, mas que não apresentavam problemas de dependência. O resultado mostrou que os viciados em internet portavam com mais frequência uma variação em um gene chamado CHRNA4, que também desempenha um papel importante na dependência em nicotina.

Segundo o estudo, receptores desse gene acabam sendo afetados quando entram em contato com a nicotina, e acabam promovendo a liberação de dopamina, que atua nos sistemas de recompensa cerebral e determina a sensação de prazer.

"Parece que essa variação não é apenas essencial para a dependência do cigarro, mas também para o vício em internet", disse Montag.

De acordo com o cientista, mas estudos serão necessários para provar as suspeitas. Alguns dos resultados mostraram que as mulheres apresentam mais mutações do gene CHRNA4, o que as tornaria mais propensas ao vício em internet.

"Teremos que verificar isso, já que muitas pesquisas mostram que os homens sofrem mais dessa dependência", disse Montag, que afirma ainda que a compreensão da influência genética no vício pode promover o desenvolvimento de melhores tratamentos para os dependentes.

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