segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Folha de S.Paulo: Uso de dados pessoais para publicidade na internet gera polêmica


Você assistiu oito vezes nos últimos meses ao filme "Ghost", mas não quer que ninguém saiba? Na semana passada, o serviço de filmes on-line Netflix obteve do governo dos EUA o direito de divulgar esse prazer solitário aos seus amigos no Facebook.

Na decisão, o presidente Barack Obama deu aval para que empresas como Netflix, Hulu e Amazon Video compartilhem os hábitos dos usuários no Facebook automaticamente, sem permissão prévia e para efeitos promocionais, como já acontece com músicas e até artigos jornalísticos. Quem for contra terá de desabilitar manualmente tal compartilhamento.



A medida é mais uma que permite o uso de dados pessoais para publicidade.

O Censo da Privacidade On-line, realizado a partir de 2012 pela Universidade da Califórnia-Berkeley, revelou que os cem sites mais populares dos EUA usavam cookies --arquivos que gravam dados pessoais dos internautas, como o seu histórico de navegação, que podem ser usados para fins comerciais.

A segunda pesquisa, divulgada em novembro, encontrou 6.485 cookies, contra 5.795 cookies na pesquisa de maio.

Dados como esses motivam reações de usuários, que querem limites para o compartilhamento de dados. Sinal disso é o aumento da procura de programas que evitam o rastreamento.

O Ghostery, que avisa o usuário qual software um site usa para gravar seus movimentos, já tem 40 milhões de usuários. O bloqueador DoNotTrackMe (não me rastreie), lançado há menos de um ano, foi baixado 3 milhões de vezes.


Dois grupos independentes, PrivacyChoice.org e Diasporaproject.org, permitem aos usuários ter ferramentas para controlar os seus dados, na mesma linha do DoNotTrackMe e do Ghostery.

O fenômeno também motiva debates legais.

Nos EUA, em dezembro, a Comissão Federal de Comércio aprovou uma atualização do Código de Proteção à Privacidade Digital da Criança, para que menores de 13 anos não possam receber, nos sites que visitam, propaganda personalizada, elaborada a partir da navegação recente pela internet ou pela sua localização - gigantes como Disney e Nickelodeon já foram acusados da prática.

Em maio passado, entrou em vigor no Reino Unido uma lei que determina que, na visita a um site, todo internauta seja avisado que aquele endereço usa cookies. Cabe ao usuário aceitar ou não.

O Brasil não tem lei uma sobre o assunto, mas há um projeto em estudo no Ministério da Justiça (leia na pág. F3).

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