sexta-feira, 10 de maio de 2013

COMPUTERWORLD: ERP: quais as evoluções desses sistemas para a era social?



Na edição de março de 2012, a Computerworld foi ao mercado para ouvir dos principais players sobre o futuro da TI para a gestão corporativa. Fabricantes, integradores e analistas de mercado foram unânimes em apontar a integração dos sistemas de gestão empresarial, os ERPs, com outras ferramentas corporativas, incluindo soluções analíticas, BI, CRM, SCM, big data etc. Isso tudo, é claro, influenciado pela computação em nuvem e pela consumerização de TI, que prometiam mudar radicalmente a forma de fornecer e consumir esses software.

Pouco mais de um ano depois, os players e especialistas do mercado reafirmam que, se não surgiu outra grande e disruptiva tecnologia que tenha alterado os caminhos apontados naquela edição, ao menos as antigas tendências deixaram de ser promessas.

A que caminha a passos mais largos – ou ao menos faz mais barulho – é a convergência dos software de ERP com as ferramentas analíticas. Todos os maiores players deste mercado apostam, em menor ou maior grau, neste tipo de integração, que promete transformar os sistemas de gestão corporativos em ferramentas bastante flexíveis, capazes de fornecer ao usuário acesso a dados estruturados e não-estruturados para decisões mais seguras e assertivas.

É o caso da fabricante alemã SAP AG, que em março realizou, em São Paulo, a 17ª edição do SAP Forum Brasil. Durante o evento, boa parte das atenções se voltou para as possibilidades do SAP Hana, plataforma de banco de dados em memória, acelerar aplicações analíticas e transacionais. “Imagine que, além das informações do passado, o ERP fornecerá inteligência não só para entender o que aconteceu e o porquê, mas principalmente para prever o futuro”, explica Leandro Baran, vice-presidente de vendas da SAP Brasil.

Para o executivo, empresas e indústrias que já há algum tempo são usuárias de ERP estão em um nível de maturidade que permite a introdução não só de soluções analíticas e de mobilidade, mas também das preditivas, baseadas na coleta de informações de dados estruturados e não-estruturados, como redes sociais, além do cruzamento de tudo isso. “É uma evolução muito grande tanto na maturidade dos nossos clientes quanto do comportamento de algumas indústrias que não estavam acostumadas a consumir esse tipo de plataforma de tecnologia”, diz Baran.

Ricardo Carlotto, diretor de soluções analíticas da SAP Brasil, diz que a arquitetura do Hana atende à demanda das corporações para uma gestão de negócios que vai além do ERP. Através dela é possível, segundo a fabricante, integrar soluções que pertençam aos cinco pilares de inovação propostos pela empresa: analíticos, mobilidade, banco de dados, computação em nuvem e aplicações. 

“O Hana vem proporcionando algumas coisas que não tínhamos condições de fazer com a arquitetura anterior. Algumas análises que levavam 16 dias agora podem ser feitas em 16 minutos”, diz Carlotto. “Antes não era possível ter a análise em tempo real de uma informação.”

Mas a cereja do bolo é a análise preditiva (Predictive Analysis é o nome do software comercializado pela SAP), disponível no mercado desde o fim do ano passado. Ele traz “conceitos novos de análise preditiva”, diz o executivo da SAP. O primeiro deles é a facilidade de uso, cuja ideia é democratizar o uso da ferramenta a usuários, inclusive do ERP, que não sejam matemáticos ou estatísticos. Além disso, a própria suíte SAP Business Intelligence possui um módulo de visualização integrado à análise preditiva, que possibilita a montagem de gráficos mesmo sem a assessoria de especialistas de TI.

“O BI tradicional é excepcional, mas é uma autópsia. Você passa a saber tudo sobre o cadáver: como ele morreu, quando, porque etc. Mas só dá para ver o passado. É como dirigir o carro olhando para o espelho retrovisor. Quando falamos de análise preditiva, trocamos o retrovisor pelo para-brisa e a autópsia pelo exame preventivo”, explica Carloto.

E Antonio Moraes, diretor de soluções e negócios da Microsoft Brasil, concorda, dizendo: “muitas empresas poderiam prever tendências e melhor entender demandas específicas de seus clientes, além de ganhar eficiência operacional, se tivessem facilidade de manipular informações”.

O Microsoft Dynamics Ax, segundo ele, possui módulos específicos de business analytics, business intelligence e reports, para que as empresas possam obter informações em tempo real e melhor gerir seus resultados.

Nuvem

Outra tendência importante para grande parte dos fornecedores de software de gestão corporativa é a computação em nuvem. Se os arranjos técnicos para fornecer esse tipo de solução já não são mais um grande desafio, o que chama atenção é o uso da nuvem como forma de reduzir o custo dos projetos e, assim, atrair mais as pequenas e as médias empresas. 

“O mercado de soluções para PMEs é muito demandante. Estas empresas estão vivendo o que as grandes viveram anos atrás: todas buscando se profissionalizar com um software reconhecido, de mercado”, pondera a diretora de pré-vendas para aplicativos da Oracle do Brasil, Priscila Siqueira. 

Embora ainda predomine a oferta convencional de licenciamento de software, a executiva acredita que os investimentos em ERP na nuvem finalmente decolaram, e diz que a Oracle aposta muito no modelo, com a comercialização ocorrendo inclusive por meio de parceiros de canal. “Eu acho que a venda de licenças daqui a pouco não vai mais existir. A questão da nuvem é realmente a virada”, diz. “Estamos em uma segunda geração de nuvem, mais avançada, em que é possível ter nuvem privada ou adotar um modelo híbrido. O que é interessante nesta nova geração é manter a privacidade, os dados não são misturados.”

Outra grande entusiasta do ERP na nuvem é a Totvs, que vê na tecnologia apenas uma mudança no modelo de comercialização, visto que “nosso software tecnicamente está preparado para rodar no modelo de nuvem”, explica o vice-presidente de clientes e sistemas remotos da empresa, Wilson de Godoy. “Hoje tenho mais de 2 mil clientes usando nossos software através da nuvem. É menos de 10% da nossa carteira de clientes atual, mas é um volume de respeito em qualquer lugar.”

Godoy acredita que, apesar da proporção desfavorável à nuvem, não existe um modelo preferido, e sim um culturalmente mais aceito. “Mas isso está mudando dia a dia. Não tenho dúvida de que a chave está virando, mas não vai acontecer em 15 minutos. É uma evolução natural”, diz o executivo. Para ele, logo os clientes perceberão massivamente que vale mais a pena deixar a administração do software para quem o conhece e o fez. “O cliente quer mais é apertar o botão e ter a informação, ou inserir e disponibilizá-la na aplicação. Se roda na nuvem ou dentro de casa, perde a importância ao longo do tempo.”

Mobilidade e colaboração

Os dispositivos móveis também são parte importante da tecnologia pensada pela Totvs em seu ERP. A ideia é recolher os dados transacionais onde são gerados. Em um posto de pedágio, por exemplo, a transação ocorre no fato gerador, ou seja, o carro passando pela catraca. No caso de um vendedor mandando informações constantemente através do celular é possível saber onde ele está e se a rota traçada está dentro ou fora do planejado. Em vez do cliente acessar a aplicação para informar onde está, as coordenadas de GPS apontarão. “Tudo que a gente puder substituir, como a digitação que o ERP impõe, é o que temos que fazer”, diz Godoy.

Outro ponto é a tendência de tornar os software cada vez mais colaborativos, e não só a partir da ideia clássica da cadeia de supply chain, mas também dentro da organização. Assim, as pessoas trabalharão em software que vão suportar relacionamentos profissionais, interpessoais e transacionais em um mesmo lugar, como se fosse uma rede social misturada com a parte transacional e de colaboração da companhia. 

“Efetivamente é esse o caminho que está sendo seguido passo a passo pelos ERPs, mas não de forma disruptiva”, pondera Godoy. O movimento tecnológico aproveita sem dúvida a renovação da força de trabalho das empresas, em que os jovens pedem por novas formas de trabalhar, inclusive no ERP. 

A Infor, outra grande fabricante do segmento, também aposta fortemente no conceito de ERP social. No último ano, a empresa incorporou a ideia em sua plataforma, principalmente no Mingle, produto que promete fazer medições e colaborações que ultrapassem aquelas do chart tradicional. É possível ver todos os indicadores embutidos, olhar o processo de negócio e como ele está sendo executado, inclusive relacionando pessoas, aplicações, máquinas e informações relativas ao trabalho do usuário.

“Imagine que você está fazendo um processo de negócio tradicional, e detecta um problema, como o atraso de entrega de um produto, por exemplo, e desconhece o motivo”, alerta o diretor de gestão de produtos da Infor, Lisandro Sciutto. “Se fosse em uma plataforma tradicional, você mandaria e-mails e faria ligações para descobrir o que está acontecendo. Quando se tem uma plataforma social dentro do ERP, que começa a engatar todas essas partes, é possível descobrir o problema com uma pesquisa muito mais precisa.”

Sciutto diz que a plataforma permite compartilhar telas com outros interessados nas informações. Assim, o ERP social não tem a intenção de ser empático com as pessoas, mas trazer ganhos de produtividade unificando silos de informação separados. “Quando você embute na plataforma social a possibilidade de atrelar o processo de negócio às pessoas e manter isso registrado dentro do conhecimento da empresa, o valor é enorme”, defende. 

Fonte:  
CARVALHO, JACKELINE . "ERP: quais as evoluções desses sistemas para a era social? - COMPUTERWORLD." Portal sobre tecnologia da informações e telecomunicações - COMPUTERWORLD.  http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2013/05/09/erp-quais-as-evolucoes-desses-sistemas-para-a-era-social/?utm_source=feedly (accessed May 10, 2013)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

deixe aqui seu comentário