segunda-feira, 17 de junho de 2013

COMPUTERWORLD: Data center: Brasil tem perfil para se tornar um hub global?



Apesar do baixo desempenho econômico – em 2012 o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro fechou com crescimento menor que 1% e as expectativas para este ano caminham para algo não muito diferente disso – os analistas de mercado especializados em TIC estão otimistas em relação ao Brasil. É claro que parte dessa análise positiva advém das dificuldades de recuperação econômica na Europa e nos Estados Unidos, mas o país também tem dado sinais de robustez perante outros ilustres investidores, como o são demais membros do BRICs (Brasil, Russia, India e China).

Em 18 meses, saltamos da 7a posição para o 4o lugar na movimentação de produtos e serviços de TI e telecom no mundo, somando US$ 169 bilhões, segundo a IDC. O mercado global somou US$ 3,6 trilhões.

“Nas primeiras colocações no consumo de TI e telecom estão Estados Unidos, China e Japão”, afirma Anderson Figueiredo, analista da IDC. “Somamos 5% do mercado mundial de TI e telecom”, acrescenta o analista.

No cálculo geral sobre o mercado brasileiro em 2012, TI movimentou 

US$ 60 bilhões e telecomunicações US$ 109 bilhões. Os Estados Unidos movimentaram US$ 949 bilhões; China US$ 334 bilhões; e Japão US$ 315 bilhões. 

O Brasil, segundo Figueiredo, representa 50% do mercado latino americano, região que, no composto de hardware, software e serviços, vai crescer 7% ao ano até 2014, de acordo com análises da Frost & Sullivan. 

Sem fechar os olhos à realidade econômica da região, a consultoria credita que, com a maioria dos países apresentando crescimento inferior a 3%, os investimentos em TIC podem impulsionar o PIB da região.

Google mania

Outra vantagem: os países vivem um momento positivo, impulsionado por grandes investimentos em data centers feitos diretamente por empresas internacionais ou a partir de aquisições de organizações locais para entrar no mercado.

A Google, por exemplo, já oficializou a decisão de construir seu primeiro data center latino americano na cidade de Quilicura, perto de Santiago, no Chile, para atender a toda a região. O empreendimento deve ser inaugurado ainda este ano, com uma previsão de investimentos que deve chegar a 

150 milhões de dólares, no longo prazo. 

A empresa afirma que como o uso da internet na América Latina cresce, as pessoas estão procurando por informação e entretenimento, novas oportunidades de negócios e melhores formas de conectar-se com amigos e família. 

“Estamos construindo esse centro de dados para nos certificar de que nossos usuários na América Latina e no mundo têm o acesso mais rápido e mais confiável possível a todos os serviços da Google”, disse.

Autoestima 

À época do anúncio de construção do data center da Google, em setembro de 2012, Carlos Eduardo Calegari, analista sênior do Mercado de Software da IDC Brasil, afirmou que a chegada de um data center de uma empresa mundial em solo nacional, a exemplo da Amazon Web Services (AWS), seria fundamental para a economia. “Temos condições de ter outros centros de dados por aqui, e nosso mercado é maior do que o chileno”, argumentou.

Apesar da decisão da Google, as expectativas de tornar o Brasil um hub de data center para a América Latina seguem com euforia, já que a expectativa é que o mercado de serviços de data centers na região continue crescendo, mesmo se a economia não seguir o mesmo ritmo. 

Big data e Cia

A Frost & Sullivan estima que o mercado de serviços de data center – que atingiu um total de US$ 2,3 bilhões em 2012 – cresça 9,6% por ano até 2017 e alcance US$ 3,6 bilhões, na América Latina. E como líder regional em TIC, com 58,5% de participação em serviços de data center em 2012, podendo chegar a 59% até 2017, o Brasil se tornou a “bola da vez”, segundo os analistas. 

Isso porque lidera demandas altamente dependentes de infraestrutura de processamento e armazenamento, como big data, cloud e mobilidade, que exigem alto desempenho para administrar grandes volumes de informação. 

“Os investimentos em TI não só estão aumentando, como ajudando as empresas a se posicionar no mercado como provedores de serviços de valor agregado”, diz Mauricio Chede, analista de tecnologia da Frost & Sullivan. 

Terceirização, uma tendência

Outra alavanca para os data centers no Brasil é o fato de que os CIOs, segundo a pesquisa, devem terceirizar processos de tecnologia, aplicações e infraestrutura, o que pode resultar em redução de custos, algo que, segundo a instituição, demonstra um caminho sobre o novo papel do executivo de TI, mais estratégico e alinhado com negócios da empresa.

Entre as vantagens financeiras dessa terceirização a pesquisa destaca as chances de transformar CAPEX em OPEX, uma vez que os custos internos de manutenção da infraestrutura de TI estão aumentando devido à complexidade; concentração no core business da empresa, alavancando receitas e novas oportunidades de negócios, agregando valor para os clientes.

Mas o otimismo em relação a possibilidade de o Brasil se tornar um hub regional de data center enfrenta dois grandes problemas: o custo Brasil e a disponibilidade das redes de telecomunicações e de energia elétrica. 

Essa foi uma das constatações das empresas que participaram do painel “A desintegração do hardware – virtualização e cloud computing”, durante o evento TIC Floripa, patrocinado pela Dígitro, em Florianópolis, no início de maio.

Estiveram no debate Luiz Gustavo Schedel, da Websolute; Alex Gilkas, da Locaweb; e Nelson Wortsman, da Brasscom. No centro da discussão, o empenho do Brasil em discutir oportunidades e o projeto de se tornar um hub de data center na América Latina, proposta reforçada, inclusive, pela presidência da república.

Esse novo perfil permitirá ao país, segundo dados da Frost & Sullivan, participar de um mercado global de US$ 84 bilhões, obtendo aproximadamente 10% deste montante. “Porém, é preciso resolver problemas de infraestrutura e vencer barreiras culturais”, disse Wortsman.

Outras questões como o medo do CIO de transferir dados e processamento para um terceiro; dificuldade de contratação de serviço de energia elétrica para o data center; custo da conectividade e disponibilidade dos serviços também foram debatidas. “A Eletropaulo, por exemplo, já nos avisou que não terá condições de atender ao nosso crescimento da demanda, no local onde estamos instalados, nos próximos três anos”, disse Alex Gilkas, da Locaweb.

A conclusão do debate foi que o País precisa se mobilizar para participar do mercado de data center global como um hub regional, sob o risco de perder, inclusive, o mercado local, mas ainda necessita resolver questões de infraestrutura e vencer receios culturais. 

Fonte: CARVALHO, JACKELINE . "Data center: Brasil tem perfil para se tornar um hub global? - COMPUTERWORLD." Portal sobre tecnologia da informação e telecomunicações - COMPUTERWORLD. http://computerworld.uol.com.br/negocios/2013/06/17/esforco-do-brasil-para-se-tornar-um-hub-de-data-center/ (accessed June 17, 2013).

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