sexta-feira, 7 de junho de 2013

G1: EUA admitem que espionaram telefonemas de seus cidadãos


A Casa Branca admitiu nesta quinta-feira (6) que o governo dos Estados Unidos chegou a espionar registros telefônicos de pelo menos uma operadora de telefonia, reabrindo o debate sobre privacidade no país, ao mesmo tempo em que defendeu a prática como necessária para proteger os norte-americanos contra ataques terroristas.

Loja da Verizon em Dallas, Texas, em 17 de outubro
de 2012.
O pronunciamento ocorreu depois do jornal britânico "The Guardian" ter denunciado a espionagem feita pelos EUA. O jornal publicou, na quarta (5), uma ordem judicial secreta relacionada aos registros de milhões de clientes da Verizon Communications.

"O documento mostra pela primeira vez que, sob o governo Obama são recolhidos indiscriminadamente e em grandes quantidades os registros de comunicações de milhares de cidadãos americanos, independentemente de serem ou não suspeitos", disse o "The Guardian".

Mas, segundo um alto funcionário do governo do presidente democrata, esta ordem judicial referia-se apenas aos dados, como número de telefone e duração de chamada - e não às identidades das pessoas ou ao conteúdo das conversas.

Este tipo de informação colhida a partir dos registros telefônicos, segundo este funcionário, permite "proteger a nação de ameaças terroristas nos EUA". O funcionário não quis ser identificado.

"Isso permite que o pessoal de combate ao terrorismo descubra se os terroristas conhecidos ou suspeitos tiveram ou têm contato com outras pessoas que podem estar envolvidas em atividades terroristas", disse ele.

A revelação levanta novas preocupações quanto ao tratamento de questões de privacidade e liberdade de expressão durante o governo de Barack Obama.

Obama saúda o debate público sobre o balanço entre liberdades civis e segurança, mas está determinado a usar todas as ferramentas disponíveis para manter os Estados Unidos seguros, disse nesta quinta-feira o porta-voz Josh Earnest, a bordo do avião presidencial Air Force One, informou a agência de notícias France Presse.

"A prioridade máxima do presidente dos Estados Unidos é a segurança nacional dos Estados Unidos. Devemos estar certos de que contamos com as ferramentas de que precisamos para enfrentar as ameaças dos terroristas", acrescentou.

"O que devemos fazer é equilibrar a prioridade com a necessidade de proteger as liberdades civis", disse Earnest.

O governo do democrata já vinha sendo criticado por ter vasculhado os registros telefônicos dos jornalistas da Associated Press e os e-mails de um repórter da emissora de TV Fox, como parte de suas investigações sobre o vazamento de informações oficiais.

Não ficou imediatamente claro se a prática se estendeu a outras operadoras de telefonia.

A ordem emitida na quarta-feira por um tribunal federal dos EUA se dirige às unidades de serviços para negócios da Verizon e ordena a entrega de dados eletrônicos diários até o dia 19 de julho.

Congresso sabia, diz secretário

O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, disse que os membros do Congresso estavam "totalmente informados" do programa de coleta de informações que incluía o monitoramento de telefonemas da Verizon.

Holder afirmou que não é "apropriado" para ele falar mais em público sobre o tema.

Ativistas criticam

"Trata-se de um programa no qual um número não especificado de pessoas inocentes é colocado sob o controle permanente de agentes do governo", disse Jameel Jaffer, vice-diretor legal da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).

"Isto transcende o orwelliano e é outra prova de até que ponto os direitos democráticos fundamentais são secretamente submetidos às exigências de agências de inteligência sem controle", acrescentou.

O ex-vice-presidente democrata Al Gore também se pronunciou em sua conta no Twitter: "Nesta era digital, a privacidade deve ser uma prioridade. Sou só eu, ou este manto secreto de controle é obscenamente ultrajante?"

A Electronic Frontier Foundation (EFF), um grupo sem fins lucrativos sobre direitos na área digital com sede em São Francisco, disse que o "monitoramento generalizado doméstico" é realizado há ao menos sete anos, quando George W. Bush ocupava a presidência.

"É muito provável que ordens de registro como essas existam para todas as grandes empresas americanas de telecomunicações, o que significa que, se você faz ligações telefônicas nos Estados Unidos, a NSA tem estes dados", acrescentou.

Imediatamente, não houve reações da Verizon, que, junto com AT&T, Sprint e T-Mobile, são as maiores operadoras telefônicas do país, onde 87% da população possui um telefone celular.

"Agora que este controle anticonstitucional foi revelado, o governo deve acabar com ele e informar sobre seu alcance real", disse Michelle Richardson, do escritório legislativo da ACLU em Washington.

O Congresso também deve fazer uma profunda investigação, acrescentou.

"A informação que se busca está do outro lado da ligação", explicou o republicano Saxby Chambliss, vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado, em uma entrevista coletiva à imprensa. "Se um número corresponde ao de um terrorista que recebeu uma ligação de um número americano (...) este pode ser registrado e é possível que seja solicitada uma ordem judicial para irmos mais longe neste caso".

"Isso serve para encontrar (alguém) antes de que algo aconteça, isso se chama proteger os Estados Unidos", afirmou a democrata Dianne Feinstein, presidente desse Comitê.

Fonte: "G1 - EUA admitem que espionaram telefonemas de seus cidadãos - noticias em Mundo." G1 - O portal de noti­cias da Globo . http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/06/eua-admitem-que-espionaram-telefonemas.html (accessed June 7, 2013).

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