Pesquisador exibiu tiara que transmite ondas cerebrais em palestra.
Além de comandar TVs e carros, equipamento pode ajudar investigações.
Helton Simões Gomes
Pesquisador Alessandro Faria mostra a tiara
Emotiv Epoc durante palestra na Campus Party
(Foto: Helton Gomes/G1)
Esqueça controles, botões e teclados. Já é possível ligar e desligar televisores, controlar cadeiras de rodas elétricas e até dirigir carros com o “poder da mente”. Durante uma palestra realizada nesta terça-feira (28) na Campus Party 2014, em São Paulo, o pesquisador Alessandro Faria apresentou aparelhos que transformam a atividade cerebral em comandos de eletroeletrônicos.
“Quando eu abro e fecho minha mão, meus nervos são estimulados por impulsos nervosos, ou seja, eletricidade gerada pelo cérebro. Uma vez que eu tenha um equipamento que consegue medir essa atividade cerebral, fica fácil transformar isso em ação”, explicou.
Faria subiu ao palco da Campus usando uma tiara capaz de medir esse tipo de atividade cerebral. Chamado Emotiv Epoc, o dispositivo possui 14 sensores em forma de eletrodos, como os usados em encefalogramas, que captam os impulsos nervosos.
Depois, a tiara transmite ondas cerebrais produzidas a partir de um pensamento abstrato (como direita, esquerda, cima, baixo) para o computador, encarregado de “traduzir” essa informação em ações que o eletrônico conectado deverá executar. O trabalho de “tradução” é feito por um algoritmo instalado no PC.
Durante a apresentação, Faria exibiu vídeos de como a tiara conectada pode “traduzir” sua atividade cerebral em ações cotidianas. É possível ligar e desligar TVs, bem como mudar de um canal para outro. Em um segundo vídeo, um jovem dirige um carro sem tocar o volante.
Antes de começar a controlar eletrônicos, porém, os usuários têm de fazer um teste, em que relacionam certos tipos de pensamentos a determinadas ações. Por exemplo, ao pensar para a direita, o sensor entenderá que o volante do carro deverá ser virado para a direita.
Esse campo de estudo é chamado de interação homem-máquina. “Pela primeira vez conseguir gerar ‘log’ dos nossos cérebros”, descreveu. “Log” é a forma como são chamados o registro dos acessos à internet e podem conter informações adicionais como o tipo de dispositivo que se conecta à rede.
A tiara Emotiv Epoc usada por Faria custa US$ 300. Para fazer as configurações, no entanto, é preciso ainda dispor de um kit para desenvolvedores. O preço de um SDK flutua entre US$ 500 e US$ 7,5 mil. A variação ocorre conforme o uso que será feito do sistema: se será usado por mais de um desenvolvedor, se será usado somente para pesquisa e para fins acadêmicos ou com motivação comercial.
Além dele, existem outros softwares que podem ser utilizados para fazer a conversão da atividade cerebral em ação, como NeuroSky, PLXWave e OpenBCI.
Faria contou que há alguns dos incômodos. “Não é comum sair com um capacete desses na rua e a quantidade capilar não pode ser desprezada”. Isso porque, para que os sensores funcionem, é necessário usar uma solução de gel condutor ou salina para facilitar a condução de sinais nos pontos de contato do aparelho com o corpo humano. No caso da tiara, a cabeça. Careca, Faria disse que esse detalhe não chega a incomodar tanto.
Segundo ele, uma atualização do Emotiv excluirá essa exigência, pois terá um biosensor “seco”.
Além de manipular eletrônicos à distância, Faria afirma que esse tipo de interação homem-máquina poderia ser utilizada para outros propósitos, como, por exemplo, para investigações criminais, pois o cérebro emite um determinado tipo de onda quando é exposto a informações verdadeiras que tenta omitir.
Além disso, caminhoneiros sonolentos que estivessem quase dormindo poderiam ter os caminhões colocados em um piloto automático, pois o sistema captaria ondas de relaxamento emitidas pelos cérebros deles.
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