quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

G1: 'Tecnologia sozinha não é nada', diz brasileiro eleito um dos mais criativos


Lourenço Bustani falou sobre 'millennials' na Campus Party Brasil 2014.
Jovens entre 18 e 30 anos esperam que tecnologia diminua desigualdade.

Lourenço Bustani, brasileiro eleito um dos mais criativos do mundo (Foto: Helton Simões Gomes/G1)

"A tecnologia por si só não é nada. Tecnologia é apenas uma mídia", disse nesta quarta-feira (29) Lourenço Bustani, brasileiro considerado uma das pessoas mais criativas do mundo e CEO da Mandalah, durante fala na Campus Party Brasil 2014. Ao lado de Frèdéric Michel, diretor global de engajamento público da Telefônica, o executivo falou sobre como jovens com idade entre 18 e 30 anos, os chamados "millennials", podem aproveitar as possibilidades da tecnologia para mudar o mundo.

Dita no maior evento de tecnologia da América Latina, a frase de Bustani poderia desagradar os campuseiros, que passam boa parte do dia entrincheirados atrás de seus computadores, mas soou como diretriz para direcionarem seus projetos.

"Temos que trabalhar para fazer com que a tecnologia se torne mais poderosa e melhor", explicou. Ao G1, Bustani disse que, para mudar a vida das pessoas, a tecnologia não pode ser resumir ao conjunto de aspectos técnicos. Tem de tratar de temas importantes às pessoas para conseguir mudar o mundo.

"Com a vinda da tecnologia para o nosso cotidiano, tem de aumentar o nosso letramento para usar a tecnologia", completou. E são os "millennials" o grupo mais inclinado a acreditar no poder da tecnologia. Uma pesquisa da Telefônica sobre esses jovens apontou que 87% dos jovens nessa faixa de idade acreditam que a tecnologia cria novas oportunidades: rompem barreiras da língua e aumentam os horizontes de um novo emprego.

"Isso tem tudo a ver com a Campus Party. Virar um empreendedor é facilitado pela tecnologia", disse Michel. Neste ano, a feira se foca nos empreendedores e na geração de novos negócios a partir de startups.

A frase de Bustani, aliás, ecoa uma constatação bem clara para os "millennials". Segundo pesquisa da Telefônica que ouviu mais de 12 mil desses jovens em todo o mundo, 62% afirmam que a tecnologia ainda não é capaz de equalizar as desigualdades entre ricos e pobres. "Se você não tem educação, infraestrutura e acesso a serviços, não importa quanta tecnologia haja, isso não vai fazer diferença para reduzir a distancia entre ricos e pobres", afirmou Bustani.

"É muito depressivo. O Brasil é a 7ª maior economia, mas a 12ª mais desigual", completou, lembrando que isso não é uma particularidade do Brasil, pois, segundo dados da organização Oxfam Internacional, as 85 pessoas mais ricas do mundo detém a mesma riqueza que metade da população mundial.

No entanto, são esses mesmos jovens que acreditam na tecnologia como principal instrumento para estreitar o precipício entre ricos e pobres. A América Latina é o continente com o maior contingente de jovens (53%) esperançosos de que a tecnologia possa reverter o quadro de desigualdade social. Atrás do Peru (61%), o Brasil é o segundo país com mais jovens otimistas na região (57%). Para 19% dos latinos, aliás, a desigualdade é o assunto mais sufocante, ao lado da educação – no Brasil, esses índices sobem para 24% do total de entrevistados.

A tecnologia só pode ser usada com esse propósito, porém, com um acréscimo na educação (42% dos "millennials" no mundo disseram isso). Do total, 54% dos jovens brasileiros disseram que essa é a questão central, a maior porcentagem entre todos os países analisados.

Segundo os palestrantes, as apreensões da geração do milênio se refletem na relação que possuem com o trabalho. Bustani disse que conversou com vinte áreas de Recursos Humanos de grandes empresas, que sofrem com a falta de interesse de jovens em entrar em companhias "onde as pessoas trabalham em seus próprios departamentos e não colaboraram com outros e onde o lucro e o dinheiro é a meta suprema".

"Os jovens estão se perguntando qual o propósito que movem os negócios das empresas em que trabalham, porque sem isso os jovens não querem mais trabalhar com elas".

"As empresas precisam mudar urgente as formas de recrutamento, senão os jovens vão começar a criar empresas como o Google, como o Facebook, que vão valer muito mais do que elas", completou.

Segundo Michel, criar ambientes de inovação fora do negócio central da empresa e oportunidades para pessoas jovens criar suas próprias ideias pode ajudar a atrair esses jovens.

Serviço
Campus Party Brasil 2014
Quando: de 27 de janeiro a 2 de fevereiro
Onde: Anhembi Parque – Avenida Olavo Fontoura, 1.209, São Paulo/SP
Quanto: Os ingressos para participar do evento estão esgotados. A entrada para o pavilhão de exposições é gratuita.
Horário da área gratuita: das 10h às 21h

Fonte: Simões Gomes, Helton . "'Tecnologia sozinha não é nada', diz brasileiro eleito um dos mais criativos." Tecnologia e Games. N.p., n.d. Web. 30 Jan. 2014. http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/01/tecnologia-sozinha-nao-e-nada-diz-brasileiro-eleito-um-dos-mais-criativos.html.

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