segunda-feira, 17 de março de 2014

INFO: Entrevista de domingo: 'Nosso aplicativo pode ter uso global', diz criador do Colab



O Colab, criado no começo de 2013, é um aplicativo brasileiro que tem como objetivo facilitar a comunicação entre a população e os governos municipais. Nele, os usuários podem fiscalizar a sua cidade, publicando problemas do espaço urbano ou ainda propor melhorias. O software foi o vencedor do AppMyCity, prêmio para o melhor aplicativo urbano do mundo, cujas inscrições para a premiação de 2014 começaram no última dia 11. 

Segundo os fundadores do Colab, Bruno Aracaty e Gustavo Maia, receber o primeiro lugar foi um "divisor de águas" na evolução do aplicativo. Com novos investimentos e maior visibilidade, agora o objetivo é melhorar ainda mais a ferramenta. Em entrevista para a INFO, eles falaram sobre a trajetória depois de receber o prêmio e que rumo pretendem tomar no desenvolvimento do app. 

O que fizeram com os US$ 5 mil que ganharam no prêmio?

Gustavo Maia: Eles praticamente evaporaram (risos). Já foram "pré-gastos", na verdade. 

Bruno Aracaty: Desde que a gente fundou e lançou o Colab, a gente vinha pondo dinheiro nosso, dos sócios. Obviamente, a gente sempre teve recurso muito limitado, então a gente gastou quase zero em marketing. Eventualmente patrocinou um post ou outro no Facebook e só. 

O que de fato aconteceu depois do prêmio é que a gente teve muito contato de prefeituras do país inteiro. Por exemplo, veio Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte. A gente utilizou o recurso para ir até elas, para fazer a apresentação da ferramenta para as prefeituras. Então a única forma que a gente "abriu a torneira" para gastar os US$ 5 mil foi com isso. 

Além das prefeituras, vocês notaram aumento de downloads do público em si depois de receber o prêmio?

Gustavo Maia: Recebemos o prêmio só dois meses depois de a gente ter lançado o Colab. Era ainda um negócio muito novo. Até março, o aplicativo estava aberto só para convidados, e, no fim do mês, abrimos só para a cidade de Recife. Neste período, cerca de 2 mil pessoas se inscreveram para participar. 

No fim de maio, quando aparecemos como um dos semifinalistas, começou a crescer a quantidade de usuários. Quando chegamos na final, começou um "boom" e, quando ganhamos, explodiu de vez. Até hoje, nosso marco de mais acessos foi naquela semana. Isso porque a quantidade de mídia gerada a partir do prêmio foi muito grande. Aquilo foi um divisor de águas para a gente.

Primeiro, pensamos que o Colab era um negócio que ia funcionar em Recife. Depois, percebemos que era algo que iria funcionar no Brasil. O prêmio foi uma chancela que confirmou: "Não, é global mesmo".

Vocês receberam recentemente uma proposta de investimento da A5 internet Investments. Sobre esta e outras propostas que podem chegar: até que ponto elas são bem-vindas e como pretendem monetizar o aplicativo para pagarem os investimentos de volta?

Gustavo Maia: Depois de ganhar o prêmio, a gente já tinha um produto que estava no mercado e funcionava. Passamos o ano de 2013 inteiro viajando, sendo contatados por prefeituras e indo debater sobre a participação popular na gestão das cidades – que é o que o Colab faz de forma inteligente. 

Neste período, conversamos com alguns investidores, seja pessoa física, empresa ou fundo de investimento. Quando chegou no fim do ano passado, conversamos com a A5, que é um fundo de investimento em tecnologia. Eles gostaram do que a gente tinha e a gente fechou esse investimento para o ano de 2014. Agora, eles são nossos sócios. 

Bruno Aracaty: Em 2014, temos recursos ainda limitados mas com mais folga para desenvolver nossa plataforma tanto para usuários, quanto para prefeituras e para outros stakeholders. Estes podem ser movimentos, comunidades, empresas e até a parte de política. Estamos pensando em como os políticos possam usar o Colab para conseguirem ser mais representativos. 

Para a população, sempre vai ser de graça. A gente não tem um modelo de monetização definido. A gente tem algumas coisas em mente sendo testadas, que aí envolvem plataforma de gestão para prefeituras, pesquisas de opinião, obtenção de patrocínios de projetos por empresas… Mas o nosso foco ainda é o desenvolvimento do produto. 

Aqui no Brasil, existe uma cultura de buscar retorno muito rápido, de não conseguir enxergar a longo prazo. A gente está vindo com uma cabeça diferente disso e nosso investidor sabe que o primeiro investimento é para deixar o produto "top", para que o usuário se apaixone e a prefeitura veja valor. E, depois, se precisar de mais dinheiro porque não monetizou ainda, a gente vai conseguir. 

As prefeituras estão utilizando o Colab só para mostrar que estão ouvindo a população, ou elas realmente ouvem e resolvem os problemas?

Bruno Aracaty: A natureza do Colab é muito prática. Não tem muito o que ficar discutindo. São problemas nas ruas que as prefeituras naturalmente resolvem. 

Gustavo Maia: Prefeituras tapam buracos, consertam lâmpadas, são problemas de uma dinâmica muito normal para elas. O que a gente quer é agilizar esse processo, e que o conhecimento dos problemas venha pela população. Aí, em vez de ter mil fiscais de rua sendo pagos, você tem um milhão de graça. 

Bruno Aracaty: A gente não tem um número de problemas resolvidos. No começo, tudo era feito de forma muito manual, com formulários no site, e-mail, enfim, qualquer forma para fazer a ponte entre as pessoas e as prefeituras. Era um trabalho que não era escalado e perdemos a quantificação desses dados. Mas são muitos problemas resolvidos. De verdade, são muitos.

Vocês têm algum plano especial para a Copa do Mundo?

Bruno Aracaty: Temos uma campanha para o pré-Copa. É uma parceria com o Catraca Livre. Estamos fazendo um mapeamento das calçadas das sedes da Copa. Usamos as publicações sobre calçadas no Colab. Podemos ir modificando as campanhas, fazendo sobre lixo, de limpeza urbana… Para durante a Copa, não temos nada certo. 

Vocês tem algum recado para desenvolvedores de aplicativos, principalmente brasileiros, que vão se inscrever para o prêmio AppMyCity?

Gustavo Maia: O recado é: se inscreva, participe. Se você acha que você não tem o melhor produto do mundo, mas acha que tem uma ideia legal, participe. O caso da gente é exatamente este. O ano de 2014 vai ser de um "boom" extremamente grande para a gente, temos certeza, e é só por conta desse prêmio.

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