Chloe Ma *
Empresas podem se beneficiar das lições aprendidas por essas empresas para construir uma infraestrutura de TI mais ágil e dinâmica
SDN foi o destaque em 2013, e por uma boa razão: está transformando a indústria. Como acontece com qualquer tecnologia emergente, provocou debates. Houve disputas animadas em torna da definição, dos protocolos emergentes, da viabilidade das diferentes abordagens dos fornecedores, e assim por diante.
Apenas um aspecto manteve-se constante: a necessidade das empresas em construir uma infraestrutura elástica que permita às aplicações atenderem ao dinamismo dos negócios.
Os principais provedores de nuvem, como Google e Amazon, estão na vanguarda desta tendência, usando SDN para construir nuvens privadas, públicas e híbridas de forma eficiente, para aumentar a agilidade do desenvolvimento e a oferta de aplicações e, assim, responderem melhor às necessidades de negócios.
Estes pioneiros lideram o movimento em direção a aplicações dinâmicas em grande escala e ambientes multi-tenanted. Muitos começaram suas jornadas SDN pelo desenvolvimento de tecnologias, in-house, para orquestrar, automatizar e controlar a disponibilidade de recursos de armazenamento e de rede rede em um modelo IT-as-a-Service (ITaaS).
As empresas de hoje podem aprender muito com as primeiras experiências de empresas Web 2.0 no uso de SDN e ambientes em nuvem, incluindo avanços tecnológicos fundamentais que as permitiram conseguir agilidade nos negócios, mantendo a segurança e a conformidade legal necessárias.
TI como serviço
Empresas estão sob crescente pressão para desenvolver e implantar aplicações dinâmicas para gerar novos fluxos de receita e responder às mudanças dos negócios. Esta necessidade surge de duas maneiras distintas: a primeira é a necessidade de escalabilidade das aplicações - expandir e encolher significativamente com base em cargas de trabalho. A segunda ocorre durante o desenvolvimento contínuo das aplicações, no qual as empresas precisam adicionar novos recursos rapidamente e enviar atualizações para atender um ritmo rápido de inovação.
O modelo operacional tradicional de apresentação de um ticket de suporte e espera por semanas para obter os recursos necessários para executar um aplicativo é um obstáculo para a agilidade dos negócios. Para contornar este problema, gerentes das áreas de negócios e outros funcionários da empresa têm recorrido a alternativas como serviços de nuvem pública (Amazon Web Services entre eles), onde podem provisionar recursos de imediato, bastando para isso ter acesso a um cartão de crédito.
Empresas de TI podem aprender muito com o modelo oferecido pela AWS - e transformar-se, de um centro de custo para um facilitador de negócios, apoiando modelos operacionais ITaaS. Para fazer isso de forma eficaz, a longo prazo, no entanto, a infraestrutura deve incluir recursos SDN.
Uma das vantagens da AWS é a facilidade de escalar a capacidade de computação disponível, através de serviços como o EC2 (Elastic Compute Cloud). Embora a Amazon não detalhe como faz isso, a crença popular é a de que a versão do hypervisor Xen Project tenha implementado uma forma de SDN por algum tempo.
Recursos como AWS CloudFormation, zonas de segurança, Elastic Load Balancing, e outros têm mostrado claramente que muito do que costumava ser implementado via hardware de rede agora é implementado através de uma pilha de software. Com a sua oferta VPC (Virtual Private Cloud), a AWS tem proporcionado forte isolamento da rede, incluindo faixas de IP implementadas com uma sobreposição de software em cima de uma pilha de hardware de rede. Alguns chegam a afirmar que este tem sido o grande diferencial da AWS, permitindo não só escalabilidade, mas também um fluxo constante de redução de preços para os clientes.
A principal lição da AWS é de que não pode haver ITaaS sem SDN. Todos os recursos, incluindo computação, armazenamento, rede e serviços de segurança, devem ser tratados como um conjunto. Diferentes conjuntos de recursos virtualizados e blocos de testes/verificação podem ser combinados, implantados, programados e monitorados pelos aplicativos que farão uso deles. Isso permite que os usuários acessem rapidamente os recursos de que necessitam para executar aplicações ou realizar outras tarefas de negócios, com a segurança e o isolamento que suas empresas exigem.
Ao adotar ITaaS ou modelos de nuvem, as organização precisam, inevitavelmente, apoiá-las em redes igualmente escaláveis. Por exemplo, em um ambiente de nuvem privada, os funcionários podem girar as máquinas virtuais para executar suas aplicações multi-tier - e precisar de balanceamento de carga ou serviços de firewall entre os diferentes níveis. Esta abordagem só faz sentido quando a infraestrutura pode automatizar a orquestração de serviços, juntamente com outros recursos.
A arquitetura de rede SDN fornece automação, controle e agilidade na entrega de serviços que dependem de rede.
Intercloud Federada
Para empresas que adotam o modelo de nuvem híbrida ou operam vários data centers descentralizados, é extremamente importante ter um movimento suave de carga de trabalho através de múltiplas nuvens, para recuperação de desastres e alta disponibilidade.
Por exemplo, empresas como Google e Amazon operam vários data centers em todo o mundo. Devido ao aumento do uso de dispositivos móveis, uma solicitação do usuário pode, potencialmente, desencadear operações de computação ou armazenamento em qualquer um dos data centers. Além disso, a adoção de ferramentas de análise de Big Data, como Hadoop, pode resultar em aumento de tráfego significativo entre os data centers.
Google e Amazon têm investido em tecnologias como nuvem (intercloud) federada e WANs definidas por software para apoiar suas operações globais com flexibilidade e alta disponibilidade.
A intercloud federada lida com a troca de roteamento e controle de informações entre vários ambientes em nuvem - juntamente com a rede conectando esses ambientes - para uma entidade em uma nuvem poder se comunicar diretamente com outra entidade em uma nuvem diferente.
A AWS tem apoiado as implantações de várias VPCs (nuvens privadas virtuais) conectadas a sites de clientes. Se as empresas estão considerando a criação de uma nuvem híbrida e a necessidade de mover cargas de trabalho em nuvens públicas e privadas de forma segura, podem optar por ela. É possível ter controle total sobre seu ambiente de rede virtual, incluindo a seleção do seu próprio intervalo de endereços IP, criação de subnets e configuração de tabelas de roteamento e gateways de rede.
WAN definida por software
A maioria do trabalho em torno da SDN está centrada no data centers. Mas, na opinião de muitas empresas, a WAN será o próximo ponto de enfoque, a medida em que as organizações demandarem cada vez mais a fluidez tornada possível graças à virtualização.
O Google foi pioneiro no uso de uma WAN definida por software. Sua rede entre data centers - batizada de B4 - já funciona há mais de três anos seguindo uma arquitetura SDN/OpenFlow.
A B4 tem dois backbones: um é chamado I-Scale, voltado para o tráfego de usuários da Internet que geralmente é suave e diurno, o que requer alta disponibilidade e sensibilidade perda. O outro backbone é chamado G-Scale, voltado para o tráfego interno do centro de dados que é volumoso, mas pode tolerar perdas e tem requisitos de alta disponibilidade menos rigorosas. O G-Scale controla a maior parte do tráfego leste-oeste que está crescendo a uma velocidade muito maior do que o tráfego de usuários norte-sul tratado pelo I-Scale.
Na opinião do Google, a maior vantagem da B4 é proporcionar uma melhor utilização dos links existentes. O serviço de engenharia de tráfego centralizado da B4 impulsiona a utilização dos links para perto de 100%, enquanto a divisão das aplicações flui entre vários caminhos para equilibrar a capacidade a partir da demanda e dos pedidos de prioridade.
Embora os primeiros produtos SDN se concentram principalmente em automação e orquestração de data centers, as soluções SDN mais maduras, como as da Google e da Amazon, são projetadas para tirar proveito de interclouds federadas e WANs definidas por software.
Como se vê, os provedores de nuvem estiveram na vanguarda do movimento de SDN e continuarão pioneiros em abordagens inovadoras para aplicação da tecnologia emergente.
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