G1 - Acampamento com disciplina militar trata chineses viciados em internet
Adolescentes são levados pelos pais preocupados com dependência.Lá eles fazem exercícios e têm atenção psicológica para largar vício.
Adolescentes viciados em internet têm sido internados em acampamentos de estilo militar na China. Em uniformes do exército, eles praticam exercícios e ficam em dormitórios trancados, supervisionados de perto por ex-soldados, em uma tentativa de injetar disciplina em vidas interrompidas pelos computadores.
Seus métodos são mais agressivos do que as clínicas em outros lugares, como algumas existentes nos Estados Unidos.
Enquanto um número crescente de jovens chineses passa horas jogando online para escapar das pressões competitivas geradas em uma sociedade de 1,3 bilhão de pessoas, cada vez mais pais preocupados com o vício dos filhos recorrem aos acampamentos de “desintoxicação” de internet.
"Meus pais queriam que eu estudasse em casa o dia todo, e eu não tinha permissão para jogar fora", diz um adolescente, que informou apenas seu sobrenome, Wang.
Em resposta, ele se refugiou na internet, dedicando longos períodos de tempo para o seu jogo de tiro favorito on-line, chegando a jogar por três dias seguidos dormindo menos de uma hora. "Como fiquei viciado no jogo, minhas notas escolares caíram. Mas ganhei outro sentimento de realização, avançando nos níveis do jogo", conta Wang.
Jovem que completou tratamento de seis meses em acampamento se curva diante da diretora (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters) |
Viciados em Internet como Wang perdem a confiança quando eles ficam aquém da aspiração dos pais de alcançar a perfeição em tudo que se propõem a fazer. Isso deixa as crianças vulneráveis à depressão e à ansiedade, diz Tao Ran, um psicólogo que fundou um "centro de educação", como os campos são conhecidos.
Isso leva os adolescentes a abandonar sua família e amigos e, finalmente, leva à dependência da Internet, explicou Tao, que se especializou em estudar esses adolescentes viciados.
Diagnóstico
Wang lutou por dois anos contra problemas cada vez mais sérios em casa e na escola antes de ser diagnosticado com "desordem de adição à internet" e ser enviado para o Centro de Educação Qide na capital chinesa, Pequim.
Até 70% dos 110 adolescentes em tratamento no centro de Pequim sofrem de problemas causados pelo uso excessivo da Internet, em sua maioria jogos online. Professores e instrutores militares que atendem os adolescentes problemáticos buscam, a pedido dos pais, utilizar a instrução militar para fazê-los ter disciplina.
"As crianças viciadas na internet estão em muito má condição física", disse Xing Liming, um funcionário do centro. "Sua obsessão com a internet tem prejudicado a saúde e eles acabam perdendo a sua capacidade de participar de uma vida normal."
Os alunos que anteriormente não faziam nada além de mover seus dedos sobre o mouse e o teclado do computador agora fazem a limpeza e lavagem do espaço do centro de recuperação e se revezam ajudando a cozinhar refeições.
"Viver em um ambiente militar torna-os mais disciplinados e restaura a sua capacidade de viver uma vida normal", disse Xing. "O treinamento melhora a sua resistência física e ajuda a desenvolver bons hábitos de vida."
Sessões de aconselhamento com os psicólogos têm como objetivo ajudar os pacientes a reconstruir a autoconfiança e os seus laços com a família e amigos. "Meu emprego dos sonhos era ser um designer de jogos, mas percebi que não poderia alcançá-lo, porque não sou bom em matemática e inglês", diz He, de 23 anos, que passou por um curso de seis meses em que descobriu a sua paixão pela gastronomia. “Acho que o aprendizado de cozinhar vai me ajudar a encontrar um emprego", disse.
No entanto, o regime pode não ter êxito para todos. Um centro de educação em Pequim está sendo processado por uma mãe que diz que o vício da filha piorou depois de um curso no ano passado.
Jovem em tratamento ajuda a preparar alimentos em acampamento (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Jovem que terminou tratamento de 6 meses em acampamento em Pequim abraça colega (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)
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