terça-feira, 6 de dezembro de 2011

INFO Online - Reviews - Lenovo Thinkpad é o tablet que quer ser notebook - E-readers e tablets


Conectividade excelente e aplicativos úteis são destaques do aparelho







O Thinkpad Tablet está na raiz de uma venerável árvore genealógica: a linha de notebooks Thinkpad. Para ocupar um lugar de respeito entre seus ancestrais, o jovem tablet armou-se com uma panóplia de aplicativos voltados para uso corporativo e pode ainda brandir um teclado afiado como acessório opcional. Pelo menos quanto ao design a paternidade desse tablet não pode ser contestada, pois basta olhar para ver nele o visual que distingue essa linha de notebooks desde os tempos remotos da IBM. Mas essa marca sempre priorizou a usabilidade e nesse ponto o Thinkpad Tablet tem altos e baixos, embora consiga manter a tradição de excelência da família.


Assim como grande parte dos tablets com Android atuais, as atividades do Thinkpad Tablet são regidas por um circuito integrado Tegra 2, da Nvidia. Ou seja, esse tablet tem um processador de dois núcleos, cada um com clock de 1 GHz, e uma unidade de processamento gráfico de baixo consumo. Resumindo, esperava-se um desempenho similar ao de um Galaxy Tab 10.1" ou de um Eee Pad Transformer. No entanto, nos deparamos com um sistema que às vezes hesita para circular entre as áreas de trabalho e ocasionalmente vacila ao alternar entre a orientação de tela vertical e a horizontal.

Tablets não costumam induzir paciência nos seus usuários mas você vai precisar de um pouco desse recurso escasso para navegar em sites cheios de vídeos e outros efeitos dinâmicos no Thinkpad Tablet. Contudo, esses problemas estão longe de sentenciar esse aparelho à prisão perpétua em alguma gaveta esquecida, pois o desempenho geral é bom. Ainda assim, a experiência de uso acaba saindo prejudicada conforme atrasos pontuais na resposta aos comandos vão se acumulando.




Ainda no campo do silício, nenhuma surpresa nos números que descrevem a memória do Thinkpad Tablet. Ele possui 1 GB de RAM e a unidade que avaliamos tinha 12,1 GB desocupados dos 16 GB de capacidade total. A Lenovo também outra versão com 32 GB de espaço por 2259 reais. Se você já estava começando a bocejar, é melhor se segurar. A memória interna pode ser expandida com o uso de um slot de cartão SD (é isso mesmo, sem o “micro” de prefixo) que também aceita os formatos SDHC e MMC.

Aliás, a Lenovo parece não ser muito afeita a diminutivos: uma porta USB de tamanho normal também foi incluída. É por ela que o teclado acessório é conectado, assim como qualquer outro teclado, mouse ou pendrive. O resto das conexões é mais convencional: uma microUSB, uma saída microHDMI que exporta sinal de vídeo em 1080p, uma P2, Bluetooth 2.1 e Wi-Fi n. Mais um pouco e poderia parecer que falávamos de um notebook.

Se a lista acima é notável pela quantidade de conexões, ela também o é por uma ausência: o Thinkpad não depende de nenhum conector proprietário. A bateria é carregada pela microUSB, o que significa que perder o cabo que vem com a caixa não é nenhuma calamidade. Outra consequência benéfica é o fato de que qualquer computador com uma USB livre pode servir de fonte de energia para o tablet.

Arqueólogos alienígenas que visitassem as ruínas da civilização humana ficariam, talvez, perplexos diante da maioria dos tablets. A Lenovo se certificou de que isso não acontecerá com o Thinkpad ao dar-lhe uma função clara: ele é um computador de trabalho. Para falar do básico, esse tablet permite a edição e criação de documentos de Word, Excel e PowerPoint. É verdade que as opções de edição são limitadas, mas há o bastante para fazer aquela revisão de emergência.

Passando para os programas mais avançados, o Thinkpad vem com o Computrace Mobile pré-instalado. Trata-se de um aplicativo que monitora e rastreia aparelhos, além de poder apagar dados sensíveis à distância. Já o Lenovo Mobility Manager permite que um administrador altere as configurações do tablet remotamente. Mas não se preocupe, nem todos os utilitários fariam George Orwell se revirar no túmulo. O Citrix, por exemplo, usa a computação em nuvem para rodar programas virtualizados no Thinkpad. O Lenovo PrinterShare, por sua vez, é um inocente gerenciador de impressoras. Há ainda uma versão do antivírus McAfee Mobile Security.

De resto, o Thinkpad possui todos os aplicativos de entretenimento típicos da sua categoria. Um deles, o Social Touch, intrega e-mail, Facebook e Twitter em uma única interface. Já o eBuddy Messenger age de maneira similar com instant messengers como o Live Messenger e o Gtalk. Há ainda um aplicativo de anotações manuscritas que aproveita uma caneta à la Stylus vendida separadamente. A sua capacidade de traduzir garranchos é impressionante, mas é justamente a superfície imprópria para a escrita que causa os garranchos, então é difícil dizer em que grau esse recurso pode substituir a velha esferográfica.

E quanto à customização do Android? Não há nada de revolucionário nela. Se você só quer saber de atalhos, atalhos para atalhos e atalhos que circunscrevem atalhos, esse é o sistema perfeito. De qualquer modo, a Lenovo deixou o ambiente de trabalho bem aberto para o usuário organizar da forma que bem entender, o que sempre é uma vantagem. Outra função legal é a facilidade com que aplicações podem ser fechadas: bastam dois toques em um botão virtual. Fora isso, a experiência de uso é a de um Android 3.1 normal.

Ainda está para ser criado um tablet que impressione pela filmagem ou pela fotografia. Nesse aspecto o Thinkpad segue a concorrência, embora a câmera frontal ofereça uma resolução um pouco maior que a média: 2MP. Esse aparelho se sai muito melhor como reprodutor de mídia. Embora o áudio não seja dos mais altos, ele reconhece um grande número de formatos de arquivos de música e de vídeo.

A tela de 10,1 polegadas ajuda nessa tarefa. Protegida por uma camada de Gorilla Glass e recheada de pixels (1280 x 800), ela alcança um bom ângulo de visão e uma brilho razoável de 400 nits. Quem observá-la contra a luz notará pequenos pontos que formam quadrados de aproximadamente 0,35 cm de lado. Supostamente esses detalhes melhoram a precisão da caneta Stylus. De fato, a marcação dos movimentos da caneta é excelente, mas o display não é perfeitamente confiável quando o assunto são os gestos de toque dos dedos.

A tendência de ocasionalmente ignorar os gestos do usuário é mais do que compensada por um acessório. O teclado que vem com uma capa para o Thinkpad é simplesmente um deleite para as mãos. Ele segue o mesmo estilo dos excelentes teclados dos notebooks Thinkpad, até o clássico trackpoint, em uma versão óptica, está presente. A experiência de uso é tão boa que a lembrança de que estamos pilotando um tablet só emerge quando o aparelho sofre para acompanhar a velocidade da digitação. Só há um problema com o uso do teclado. Apesar de conter botões dedicados para acentos e cedilha, o sistema só reconhece o padrão de entrada internacional, o que torna essas teclas quase inúteis.

De qualquer modo, essa dock implora pela seguinte pergunta: se a Lenovo é tão boa na construção de computadores portáteis tradicionais, porque ela investiu em um tablet e não em um netbook ou em um ultrabook? Seja qual for a resposta, o fato é que o Thinkpad Tablet cumpre a promessa de utilidade para o trabalho. A maior prova disso é o fato de que esta resenha foi quase que inteiramente composta no próprio tablet.

A bateria do Thinkpad aguentou cerca de 7 horas de escrita e navegação na internet. Em uma medição mais precisa, Pulp Fiction pôde rodar em loop por 4 horas e 14 minutos (ser fã do Tarantino é um dos pré-requisitos para trabalhar no INFOlab) antes que o tablet desligasse. Essa marca não favoreceu o Thinkpad na comparação com outros tablets de 10”, para dizer o mínimo.

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