segunda-feira, 5 de março de 2012

Folha.com - Mercado - Ações da intranet migram para rede social - 03/03/2012

Folha.com - Mercado - Ações da intranet migram para rede social - 03/03/2012:




Empresas aposentam redes corporativas e passam a usar sites como Facebook para a comunicação interna

Vivo/Telefônica, Santander, Estácio e Pão de Açúcar estão entre as que adotaram o sistema

HELTON SIMÕES GOMES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os funcionários da Aorta souberam pelo Facebook que a empresa foi adquirida pelo Grupo.Mobi, holding digital da RBS, em janeiro.

"É onde você baixa a guarda e se coloca no mesmo patamar de todos", diz Gustavo Ziller, diretor-geral da Aorta, que fatura R$ 10 milhões.

Oficializar o grupo de discussão como canal de comunicação foi um dos passos para aposentar a intranet, extinta até o meio do ano.

Gigantes como Vivo/Telefônica, Estácio e Pão de Açúcar aproveitam que os funcionários estão nas redes sociais e levam algumas funções da intranet para esse espaço.

A Telefônica adotou o Facebook. Os 59 funcionários da comunicação, espalhados por nove Estados, dispensaram reuniões presenciais e videoconferências e integraram um grupo na rede social.

O objetivo era limitar os temas da primeira reunião geral do setor depois da integração com a Vivo, em dezembro. Algumas das mais de 30 propostas já foram implantadas, como a revisão do pagamentos de parceiros, conforme o serviço prestado.

A migração na Aorta já ocorreu para outras plataformas na nuvem. Documentos corporativos, como os formatos de contrato, são mantidos no Dropbox, uma ferramenta de armazenamento.

Com o fim da intranet, o funcionário, ao ser contratado, receberá a senha para acessar o serviço e fornecerá o perfil no Facebook.

O grupo educacional Estácio não aderiu ao Facebook, mas usa uma rede espelhada, que possibilita conexão com o site, mas possui um canal fechado. Sediado no Rio, adotou em outubro o by You.

Operando nas 32 unidades do Rio, a rede chegará em abril às outras 38 do país. Cada área possui sua comunidade, em que são hospedados os documentos do setor.

COMPARTILHAMENTO

"Disseminar o conhecimento na cabeça dos nossos funcionários é essencial para nós", diz Fernando Matos, gerente de Gente e Gestão da Estácio. Dos 11 mil funcionários, 6.000 são docentes.

"Um professor do Rio compartilhando dados com um de Roraima é importante."

O by You é a interface de softwares de gestão (ERP) desenvolvidos pela Totvs. Ao logar, o funcionário acessa um ambiente pessoal, em que opta por postar tudo no Facebook e no Twitter ou não.

Mas, para emitir uma nota fiscal por meio de um ERP, por exemplo, tem de entrar no ambiente corporativo. Permite ainda que um funcionário entre na rede de outra empresa, com autorização.

Presente em 25 empresas, inclusive Santander e Endeavor, foi criado para que os dados publicados não sejam usados para outros fins, como no Facebook, para direcionamento de anúncios, segundo Laércio Cosentino, presidente da Totvs.

A escolha de uma mídia social faz parte de uma mudança de comportamento. "A geração que estará sentada nas nossas empresas nos próximos anos é muito mais colaborativa. Cada um contribui com uma informação para construir um raciocínio."

No Grupo Pão de Açúcar, o setor de tecnologia começou a usar o Bright Idea no ano passado. É uma plataforma em que os 700 profissionais de T.I. propõem e comentam sugestões de inovação. As mais votadas são executadas. Ficam responsáveis por ela os funcionários que a sugeriu e os que mais colaboraram.

"É como um Facebook de ideias", diz Alexandre Lila, gerente de T.I. do GPA.

Análise redes sociais

Empresas precisam deixar intranet convidativa

Com boa gestão de garimpo, dá para detectar boas ideias das equipes

MARY PERSIA
EDITORA DE MÍDIAS SOCIAIS

Redes sociais corporativas são realidade para grande número de empresas no Brasil. Mas elas não sabem -ao menos, não oficialmente.

Entre no Facebook agora e procure um grupo de funcionários da sua empresa. Ou da concorrência. É grande a probabilidade de encontrar um, ou mais de um.

Experiências, ideias e soluções vêm sendo compartilhadas em grupos na internet desde o surgimento dos fóruns e ganharam um novo fluxo com o Orkut. Com o Facebook, as intranets tradicionais perderam de vez como plataformas de diálogo.

Nesta época em que os ativos de conhecimento são, cada vez mais, vantagem competitiva, por que desprezar o capital intelectual que, com alguma garimpagem, pode ser extraído dos ambientes virtuais comunitários? A nova economia ousa sobrepor esse tipo de intangível aos ativos sólidos das empresas, e a Apple é o retrato desta era.

É um desafio para as companhias criar um ambiente convidativo ao diálogo entre seus funcionários.

Para essa "intranet social", vale ter o "crowdsourcing" em mente. Os processos de criação colaborativa ainda são imaturos, não há protocolos estabelecidos, mas certamente não se dão em ambientes virtuais sisudos como as telas das intranets.

Faça um teste. Abra diversas telas no seu navegador, incluindo a da intranet da sua empresa, e verá que ela deve ser a menos convidativa. Muito do digital se desenvolve priorizando a experiência do usuário, não mais especificações técnicas. Não é mais suficiente ser feio e funcionar. Na prática, só se vai à intranet por obrigação.

Uma intranet atrativa, que convide ao diálogo, expõe o conhecimento do funcionário e mostra o que ele sabe além do que lhe é solicitado dentro da estrutura empresarial. Um bom trabalho de gestão desse ambiente pode detectar ideias alinhadas à cultura organizacional e trazer contribuições à companhia.

Mas, assim como as boas ideias, os deslizes também ficam registrados. O abandono da sisudez pode ser um incentivo ao relaxamento do superego e ao surgimento de comentários sem edição. Mudar a plataforma de diálogo pode pedir uma ação educativa.

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