segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Folha de S.Paulo: General Electric aposta na "internet industrial"



Quando Sharoda Paul terminou uma bolsa de doutorado, no ano passado, no Centro de Pesquisas Palo Alto, ela fez o que a maioria de seus colegas faz: considerou um emprego em uma grande empresa do Vale do Silício.

Mas, em vez disso, Paul, uma especialista de 31 anos em computação social, foi trabalhar na General Electric (GE).

Paul é um dos mais de 250 engenheiros recrutados no último ano e meio para o novo centro de software da GE na baía de San Francisco. A empresa pretende investir US$ 1 bilhão no centro até 2015.

O reforço faz parte da grande aposta da GE no que ela chama de "internet industrial", que leva a inteligência digital para o mundo físico da indústria de uma forma nunca vista antes.

O conceito de máquinas conectadas à internet coletando dados e se comunicando, muitas vezes chamado de "internet das coisas", existe há vários anos. As empresas de tecnologia da informação também pesquisam esse assunto.

Mas o esforço da GE, segundo analistas, mostra que a tecnologia da era da internet está pronta para invadir a economia industrial, do mesmo modo que a internet ao consumidor transformou a mídia, as comunicações e a publicidade.

A GE é a maior companhia industrial dos EUA e produz motores de avião, turbinas para usinas de energia, locomotivas de trem e equipamentos de imagens médicas, entre outros produtos.

A GE reside em um mundo diferente da internet do consumidor. Mas as grandes tecnologias que animam o Google e o Facebook também são ingredientes vitais na internet industrial: as ferramentas de inteligência artificial, como softwares de aprendizado de máquinas, e o vasto fluxo de novos dados.

Na indústria, esse fluxo vem principalmente de sensores nos equipamentos -menores, mais poderosos e mais baratos.

Por exemplo, máquinas mais inteligentes podem alertar seus operadores humanos quando precisam de manutenção antes de uma pane. É o equivalente ao cuidado preventivo e personalizado de equipamentos, com menos tempo de interrupção.

A GE está colocando sensores em tudo, seja uma turbina a gás ou uma cama de hospital. Os engenheiros em San Ramon desenham softwares para coletar dados e algoritmos para peneirá-los. A GE estima oportunidades de eficiência em até US$ 150 bilhões.

Por exemplo, a GE e o Centro Médico Mount Sinai estão trabalhando em um projeto para otimizar as operações do hospital de 1.100 leitos em Nova York. Os pacientes recebem uma pulseira de plástico preto com um sensor de localização e outras informações.

Há sensores semelhantes nas camas e no equipamento médico. Um software de otimização e de modelagem permite que o pessoal da internação veja os leitos e os movimentos dos pacientes pelo hospital, o que os ajuda a organizar pacientes e leitos com maior eficácia.

Além disso, o software de modelagem começa a fazer previsões sobre o provável número de internações e altas de pacientes durante várias horas.

O software é um assistente inteligente para os funcionários de internação. "Ele diz basicamente: 'Espere, seu instinto é dar este leito para aquele homem, mas pode haver uma opção melhor'", disse Wayne Keathley, presidente do Mount Sinai.

As origens da estratégia de internet industrial da GE datam de reuniões em 2009. Os executivos decidiram que a internet industrial aumentava a força da GE em pesquisa e que ela poderia ser alavancada em todas as suas diversas empresas industriais, aumentando a receita em serviços, que alcançou US$ 42 bilhões no ano passado.

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