Aline Barbalho
Terceira cidade mais populosa do Brasil, com 2,7 milhões de habitantes e uma densidade populacional na casa de 3,8 mil pessoas por km², Salvador tem como maior desafio lidar com essa grande concentração demográfica, fator que exige cada vez mais soluções inteligentes para garantir a organização urbana, a oferta eficiente de serviços essenciais e infraestrutura, setores fundamentais para promover a melhoria da qualidade de vida da população. Salvador concentra quase 20% de toda a população baiana, o que somado à melhoria de renda – O PIB per capita da capital é R$ 13,7 mil – cria demandas sociais específicas que precisam ser atendidas.
Moradia, segurança, abastecimento e saneamento estão entre os principais desafios. Mas nenhuma área é mais sensível na pauta dos gestores que a mobilidade urbana, um pacote de problemas que inclui transporte de qualidade, acessibilidade e soluções de infraestrutura que destravem o trânsito. Com uma frota de mais de 770 mil veículos, 2,7 mil ônibus e uma geografia peculiar – que divide a cidade em duas (Alta e Baixa) e a limita pela belíssima orla marítima –, Salvador enfrenta todos os dias o caos dos congestionamentos.
No passado, a engenharia proveu soluções geniais para melhorar a mobilidade urbana – como o Elevador Lacerda, construção fabulosa para os idos de 1873, que se tornou a principal ligação entre as duas ‘cidades’. Mais recentemente, obras também de engenharia como a abertura das grandes vias como a Paralela, orla e agora a Via Expressa foram soluções encontradas para destravar a cidade.
No entanto, a capital continuou seu ritmo de crescimento, com o boom na construção de moradias, prédios comerciais e grandes empreendimentos como shopping centers. Tudo isso pressionando ainda mais o espaço urbano, que exige soluções inovadoras, que substituam o impacto de grandes obras pela tecnologia e tornem a cidade mais inteligente.
No Centro Antigo de Salvador (CAS) é urgente a adoção de soluções inteligentes no planejamento de curto e longo prazos no que se refere à acessibilidade e mobilidade. A região, que abriga um dos mais importantes patrimônios culturais da humanidade, o Pelourinho, concentra 9 distritos e uma população de quase 78 mil soteropolitanos. Estudo do IBGE revelou uma elevada presença de pessoas de 60 anos ou mais (18%) e que moradores da região levam mais tempo que o restante da população no trajeto entre a moradia e o trabalho: 7% levam mais de duas horas no trajeto, sendo que 40% demoram entre uma e duas horas. E é no CAS onde está localizada a Arena Fonte Nova, palco da Copa do Mundo 2014, evento que deverá atrair mais de 50 mil turistas para a capital baiana.
Salvador passa por uma série de intervenções, mas que não conseguirão acompanhar a dinâmica da cidade, a menos que tragam embutidos componentes capazes de adequar a infraestrutura às futuras demandas, tornando a cidade mais inteligente. A boa notícia é que as tecnologias para isso estão disponíveis e cada vez mais acessíveis: integração de sistemas, análise de dados, de informação em tempo real são as novas ferramentas para organização urbana e para a prevenção de problemas futuros. Uma cidade inteligente e humana é aquela capaz de dotar seus sistemas de soluções que resultem em mais qualidade de vida para seus moradores e em um ambiente mais saudável.
*Aline Barbalho é líder da IBM Brasil para o estado da Bahia.
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