terça-feira, 14 de maio de 2013

CIO: Terceirizar tudo ou parte?



Nem sempre um pacote mais completo é a solução total para as necessidades de uma empresa
Ivan Semkovski *
Publicada em 14 de maio de 2013


Tomar decisões corporativas com assertividade e prudência está entre as competências que mais tiram o sono dos executivos. Eles sabem que as escolhas feitas podem determinar o sucesso de uma empresa no presente e preservar as oportunidades futuras. Por isso, é preciso usar todo o conhecimento e experiência disponíveis no momento de planejar estratégias. Na área de Tecnologia da Informação (TI), a mais estratégica decisão a ser assumida por um gestor hoje é contratar um serviço de terceirização. Completo ou especializado?

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a tecnologia é a grande catalisadora da produtividade, da eficiência e da inovação nas empresas modernas. O setor de TI, que antes era responsável apenas por suporte técnico, passou a estar atrelado ao desenvolvimento criativo, às oportunidades de negócio e à rentabilidade, além de ser fundamental para uma melhor aplicação dos recursos, por meio da melhoria dos processos internos. Essa vantagem competitiva é a razão pela qual as corporações precisam manter como prioridade o investimento em tecnologia se quiserem se tornar ou continuar relevantes – e isso em qualquer segmento de mercado.

A boa notícia é que, mesmo diante das incertezas da economia mundial, os gastos globais das empresas com TI devem continuar em alta considerável até o fim de 2013. Segundo projeções do mercado, o segmento deve crescer 4,1% em todo o mundo na comparação com 2012, com destaque para os serviços de TI, que devem ter crescimento acima de 5% em relação ao ano passado, e o setor de softwares empresariais, que deve avançar 6,4%.

Nos últimos anos, os recursos corporativos para TI tradicionalmente eram direcionados para contratos rígidos de terceirização de produtos e serviços, que cobriam toda a estrutura organizacional. Em muitas empresas, o departamento rapidamente começou a se tornar um dos mais custosos e burocráticos. Com a disseminação da cloud computing, no entanto, teve início uma revolução silenciosa no setor. Um novo formato surgiu, combinando contratos flexíveis, aquisição de serviços sob demanda e, principalmente, a tecnologia em nuvem.

A computação em nuvem já é utilizada cotidianamente pelos usuários de internet sem que eles percebam. Ao acessar arquivos e executar tarefas online, sem instalar aplicativos no computador, eles estão utilizando a nuvem. Hoje, é possível editar documentos e fotos, ouvir músicas, assistir a filmes e contatar pessoas sem instalar qualquer programa, utilizando apenas a conexão de internet. Os arquivos e programas ficam hospedados em uma rede remota, não no computador do usuário, e são acessados por meio de qualquer navegador de internet. São muitas as vantagens: mobilidade, rapidez, segurança, comodidade, portabilidade. O tráfego global em nuvem deve aumentar seis vezes até 2016, de acordo com previsões do Índice Cisco Global Cloud.

Nas empresas, o funcionamento da cloud computing é similar. Os modelos de comercialização e distribuição chamados de Software as a Service (Software como Serviço) e Infrastructure as a Service(Infraestrutura como Serviço) são a fronteira em TI corporativo atual. Nesses casos, diferentemente da tradicional terceirização, a empresa pode adquirir apenas os softwares ou os componentes de infraestrutura (como servidores e banco de dados) necessários, que serão acessados por meio da nuvem. Desse modo, os recursos empregados passam a cobrir apenas as reais necessidades das companhias e o fornecedor fica responsável pelas tarefas de implantação, gestão e manutenção em áreas específicas. Além disso, o pagamento varia conforme o uso dos serviços adquiridos, por meio de um acordo conhecido como SLA (Service Level Agreement - ou Acordo de Nível de Serviço), transformando custos fixos em variáveis. Isso significa mais agilidade (empresas que prestam esses serviços são especializadas), custos menores (é o core business dessas companhias) e mais segurança (a responsabilidade fica com a prestadora).

Para os gestores, a dificuldade advinda desse formato de contratação de serviços está em saber quais deles são necessários e quando migrar para uma solução diferente. No entanto, cada vez mais o orçamento de TI deixa de ser um planejamento centralizado e de responsabilidade de um único executivo e passa a ser construído por gestores de todas as áreas, favorecendo um plano que compreenda melhor a infraestrutura e as atividades de cada setor da companhia.

Para que esse novo modelo seja aceito nas corporações é preciso superar muitos desafios e resistências impostos pela própria cultura organizacional, principalmente nas pequenas e médias empresas. Ele exige um gerenciamento operacional mais complexo, porém com ganhos em produtividade e redução considerável de gastos em comparação à terceirização completa. Refletir sobre o que realmente é válido incluir na estratégia corporativa é uma virtude que será cada vez mais importante no mundo dos negócios. Nem sempre um pacote mais completo é a solução total para as necessidades de uma empresa.

(*) Ivan Semkovski é COO da Globalweb Outsourcing

Fonte:
Semkovski, Ivan . "Terceirizar tudo ou parte? - CIO." CIO - Gestão, estratégias e negócios em TI para lí­deres corporativos. http://cio.uol.com.br/opiniao/2013/05/14/terceirizar-tudo-ou-parte/ (accessed May 14, 2013).

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