quarta-feira, 27 de março de 2013

G1: Identidade pode ser traçada a partir de dados coletados em smartphones



É possível descobrir a identidade das pessoas apenas rastreando os lugares frequentados por ela. Para isso, basta monitorar o sistema de GPS de seus celulares, conclui um estudo de pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e da Universidade Católica de Louvain (França), publicado pelo revista "Nature".

A pesquisa acompanhou dados anônimos captou por aparelhos celulares de aproximadamente 1,5 milhão de pessoas por 15 meses. As atualizações das informações pessoais era feita de hora em hora, por meio do rastreamento das antenas de celular das empresas de telecomunicação.

A partir da análise desses dados, concluíram que bastavam apenas quatro pontos de informação para chegar à identidade de 95% das pessoas.

Geolocalização

Segundo os cientistas, os dados de localização gerados pelos smartphones são refinados a tal ponto que diferenciam um indivíduo do outro. Isso ocorre para permitir que produtos customizados sejam enviados a ele.

“Enquanto no passado, o traçado móvel era apenas disponível às empresas de telefonia celular, o advento dos smartphones e outros meios de coleta de dados fizeram isso largamente viável”, escreveram os cientistas.

No Brasil, o tema esquenta o debate do projeto do Marco Civil da Internet, discutido na Câmara dos Deputados. Operadoras de telefonia querem poder utilizar as informações trocadas por usuários, que passam por suas redes, para fins comerciais, assim como fazem Google e Facebook, que vendem publicidade baseada no comportamento dos internautas em seus serviços.

Para mostrar que não se trata de ficção científica, o estudo citou alguns exemplos de coleta de dados presentes no dia a dia de pessoas comuns. Recentemente, a Apple atualizou sua política de privacidade para permitir o compartilhamento da localização espaço-temporal de seus usuários.

Além disso, a estimativa é que um terço das 25 bilhões de cópias de aplicativos disponíveis na App Store, da Apple, acessa a localização geográfica dos usuários. Além disso, cerca de 50% de todo o tráfego de dados nos sistemas operacionais iOS (Apple) e Android (Google) estão ao alcance de anunciantes.


“Todas estas [aplicações] alimentam a onipresença de dados de mobilidade puramente anônimos e dão espaço para preocupações com a privacidade”, afirma o estudo.

'Pegada digital'

No entanto, ao reunir esses dados, definindo o local onde foram gerados e quando isso ocorreu, é possível traçar em um mapa a rota cotidiana de uma pessoa.

Essas informações são tão únicas que chegam a criar uma espécie de “impressão digital” ou uma "pegada digital" que podem facilmente identificar a quem ela pertence.

“Um bloco de dados anônimos não contém nome, endereço, número de telefone e outras fontes óbvias de identificação. Mas, se estampas individuais são suficientemente únicas, informação externa pode ser usada para ligar os dados a um indivíduo”, escreveram os pesquisadores.

O estudo cita como exemplo uma lista da Electronic Frontier Foundation que enumerou potenciais dados profissionais e pessoais de um indivíduo que podem ser obtidos apenas ao saber sua rota móvel. O levantamento, porém, não chegava a considerar que seria possível identificar as pessoas.

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